Política I


Belém,PA,11/09/1991

Diplomas    
                      
Há muito que a sociedade brasileira se manifesta insatisfeita com o nepotismo que é praticado as escancaras pelos "representantes" do povo. Condenando veementemente esse comportamento.
É praxe imoral, que tão logo o candidato eleito seja diplomado encha seu gabinete com assessores - muitos qualificados como especiais - que vão desde os pais até aos primos, passando inclusive por amigos mais chegados.
Para ratificar o parágrafo acima, basta que seja publicado uma relação dos funcionários lotados nos três Poderes, que se verificará a coincidência de nomes familiares, até mesmo com pessoas que não reeleitas, mas deixaram no órgão publico um ou mais apadrinhados.
Quando deputados, vereadores e outros, são questionados a respeito, defendem-se ou rebatem as críticas, declarando que seus assessores são capa­citados, são honestos e acima de tudo são de total confiança. Logo, tem am­plo e irrestrito aval do ocupante do cargo público.
Pois bem, as provas documentais da capacidade de muitos deles, são falsas, por via de consequência a habilidade também é falsa. Em função dis­so, a honestidade é mentirosa. Logo, como merecer confiança uma pessoa que age ilícita, imoral e ilegalmente?
É espantoso que dentre os safados, haja até quem se passava por bacha­rel, os quais sabe-se lá a quanto tempo vêm recebendo indevidamente polpudos salários, subtraídos indevidamente dos impostos desse tão sofrido povo.
O Presidente da Casa, está garantindo o mais amplo direito de defesa aos suspeitos. É bom que seja assim, para que depois não haja brecha à que a Justiça seja obrigada a mandar readmitir quem há muito vem furtando o erá­rio  e contribuindo para a. condução deste País ao lodaçal da corrup­ção e da inversão dos valores morais.
Os que estão solicitando demissão, estão nada mais, nada menos, assi­nando a certidão de réu confesso, tentando com isso atenuar sua ação ilegal. Esses, devem ser os primeiros a serem compelidos a devolverem aos cofres públicos, tudo o que amealharam ilicitamente. Caso venham alegar que não pos­suem bens, que essa devolução seja promovida por aquele que tanto confiou na honestidade e na capacidade do assessor (pelo menos capacidade de fraudar).
O lamaçal já está muito grande. O mau cheiro é insuportável. Ê momento inadiável que se comece a aterrá-lo com a piçarra da honradez, da ética, da moral e acima de tudo da seriedade. Um Poder constituído de falsos, torna-se obrigatoriamente um Falso Poder.

Lúcio Reis



Justiça

“É  inconcebível, agora que já chegamos aos finalmente e, depois das conclusões judiciais, que os advogados da Coligação do Povo, ainda teimem em querer achar fraude e irregularidades no pleito eleitoral deste ano,  tanto no 1º quanto no 2º turno.
Todos nós sabemos ser uma deslavada mentira os seguintes fatos: empastelamento de urnas, desaparecimento  de  urnas,  multiplicação  de urnas,  lacre de urnas violados,  empenhamento de urnas, arrombamento de cartório eleitoral e consequente desaparecimento de títulos, apropriação indébita de votos, - algo em torno de 3.000 – de parte de candidatos, que assim já estavam ate eleitos, adulteração de Bus; assim como não é verdade que de Itaituba para cá , via aérea seja gasto 48 horas na viagem de algumas urnas, mesmo que o aeroplano seja o 14 BISe também é mentira que políticos que incomodam  jamais tenham sido assassinados a mando de alguém.
Apesar de tudo isso aqueles advogados ainda encontram  motivo para entrarem com mais de 120 recursos junto ao TRE. Isto é uma maldade com os membros daquele Tribunal. Até parece sadismo, em querer fazê-los trabalhar, sem nenhuma razão plausível. O pior de tudo é que aqueles profissionais do direito, não satisfeitos ainda vão a procura de guarida junto ao TSE, incomodando o Ministro Sidney Sanches e, por conseguinte levar para além fronteira deste Estado tantas mentiras, pois FRAUDE? Aqui? Nem pensar, foi o pleito mais limpo, mas sério, foi o mais imaculado que a história registrou.
Aliás, tanto o paraense, quanto os demais brasileiros de outros Estados, estão com psicose de má vontade com a Justiça Brasileira, pois vejamos este fato: Dia 31 de dezembro de 1988, 55 pessoas, na falta do que fazer por ocasião do réveillon, firmaram um pacto entre si e, acordaram urn suicídio por afogamento na Baia da Guanabara, no Rio de Janeiro. Para tal,  compraram passagens caríssimas no barco Beteau Mouche e, em determinado momento começaram a se lançar ao mar revolto. O mais escabroso e que não estava no plano suicida, é que o barco ao tentar salvá-los, numa manobra brusca, acabou por adernar e afundou, provocando um grande prejuízo aos pobrezinhos e miseráveis diretores da Itatiaia Turismo e aos donos do barco.
O pior é que agora, depois de dois anos, mais de 120 milhões de brasileiros, entendem e querem de qualquer maneira, que o "jasmins” da sentença que foi proletada, seja modificada pelo Juiz Jasmin Simões da Costa, da 12ª Vara Criminal. Ora pessoal, vocês estão com sorte, pois aquele Juiz foi de uma grande camaradagem. Se ele fosse ruim, como querem torná-lo (imaginem, ele ser favorável a um “juri de 120 milhões, que opina pela condenação de 11, só porque 55 se suicidaram”, ele teria decretado sentença condenando os familiares dos mortos a indenizarem o prejuizo causado ao barco, principalmente depois de tanto investimento que os donos fizeram.
Ironias a parte. Nossa Justiça é cega, por que é a justiça de 120 milhões de brasileiros cegos, que querem ver fraude onde não existe, imperícia, negligencia, ganancia e irresponsabilidade em  pessoas idôneas e que só pensam nos usuários e, jamais em lucros extorsivos.

           Lúcio Reis


Belém, Pa, 29/11/1990


Só não vê...


Excluindo o Estado de Alagoas, no resto do País, encerrou-se o pleito deste ano, com a votação do 2º turno em 15 capitais da Federação,

Em função do que vimos, na qualidade de cidadão e leitor desse Matutino - O Liberal -, tanto no lº quanto no 2º turno, em termos de gastança com propaganda e inequívoca demonstração de poderio econômico, fomos remetidos ao mês de mar­ço deste ano, por ocasião do lançamento do "Plano Brasil Novo, quando foi decretado o confisco dos saldos de C/C bancária e poupança, valores acima de CR$50.000, ( Cinquenta mil cruzeiros), pelo menos até setembro do ano vindouro.

Em virtude daquela apropriação temporária das suadas e sacrificadas economias do trabalhador, do funcionário público e privado e, de um modo ge­ral de todos os brasileiros, principalmente dos pés descalços e dos descami­sados - pois constitucionalmente somos todos iguais perante as leis - e, por outro lado, estando de frente com o fato real que foi o imensurável desencaixe de parte de brasileiros candidatos aos mais diversos cargos eletivos majoritários e proporcionais, surge obviamente em nossa cabeça, uma cadeia de interrogações de que aquela medida, enxugamento do mercado financeiro, foi realizada efetivamente com total imparcialidade e total sigilo, com equidade e justiça, pois do contrario, como entender a desenfreada gastança no pleito?

Aliás, o tempo corre, a Coloração viva que se ministrou no Governo em março último, vai se tornando pálida, a proporção em que pontos chaves de compromissos de palanques não surtem na prática, nenhum dos efeitos esperados pela sociedade, ou quando isso ocorre eles são tímidos.

- Para que não se alegue má vontade e, de que só não vê quem não quer, temos a dizer que estamos vendo que o funcionalismo público da União, está desde março com seus salários congelados, enquanto isso o poder patrocina o deslocamento de um jato de Brasilia a esta Capital e de volta para lá num mesmo dia, conduzindo um de seus membros para que ele cumpra com sua obriga­ção de votar (que voto oneroso), deduz-se por analogia que os outros componentes do poder, também usufruíram dessa mordomia.

— Até hoje ainda tivemos noticia de que algum corrupto que contribuiu para levar este País a uma inflação mensal de mais de 80%, já esteja preso. De que é feito daqueles corruptos que originaram aqueles calhamaços transportados em carrinhos de supermercado, que o então Candidato entregou ao Governo anterior, para as devidas apurações, inquéritos e etc..?

— Os salários continuam ficando para trás, presos a cágados. As mercadorias, serviços, bens de consumo, os alimentos, vestuário, saúde, educação estão todos com seus preços atrelados a naves espaciais

Queremos ver os resultados efetivos. Não os resultados de comerciais de TV. Gostaríamos de sentir os efeitos na prática, no bolso nossos de cada dia no supermercado e etc...

Lúcio Reis
 Belém, Pa, 16/11/1990

Fraude e impunidade

Tem-se a impressão, pelo caminhar da procissão, de que todas as denun­cias de fraude, ocorridas após e até mesmo durante o pleito de 3 de outubro deste ano, não darão em nada: os fraudadores e respectivos beneficiados, estarão lépidos e sorridentes, fazendo "pouco" e galhofa do eleitor. Os primeiros com  os bolsos cheios de "30 dinheiros" por terem vendido a democracia e os segundos que irão ao desempenho de um cargo eletivo por 4 anos, ilegitimo, contribuindo a que dia a dia se enterre cada vez mais este País. É obvio pois são mandatos com envólucro da podridão da corrupção.
Chega-se a essa triste conclusão como simples mortal e leitor:
1.      -  Pelo que a imprensa noticia sobre o que ocorre dentro dos Tribu­nais, a quando dos julgamentos e decisões dos processo que ali chegaram, pedindo recontagem de votos e anulação de eleição em função de fraude evidente e vista a "olho nú", de conformidade com a exordial dos requerentes e até mesmo ratificada pelos membros, alguns, do TRE.
2.      -  Pelo que ocorre durante todo o ano e há vários anos, pelos fatos  a seguir: que ratificam que nossas autoridades fazem de tudo para serem desobedecidas e portanto desmoralizadas, se não, as reincidências não seriam tão alarmantes. Todos nós estamos cheios de ouvir a cada ano à época da semana santa, que não faltará peixe, que o peixe será vendido religiosamente na tabela e que os transgressores serão punidos com o rigor da lei. Você sabe de alguém que foi punido? Época de retorno de férias e feriados prolongados, se­rá proibido o trânsito de veiculo pesado na BR. Aí quando você vem ou vai,la encontra com caminhões, carretas e etc...Ao aproximar-se o tempo de eleições é proibido campanha e propaganda política antes do prazo previsto em lei; é proibido abuso do poder econômico, é proibido afixar cartazes em determinada locais, como placas de trânsito etc... e, no decorrer do processo, você constatá tudo isso e não sabe de ninguém que esbarrou nos tribunais e pagou na cadeia pelos erros, abusos e indisciplina cometidos. A título de exemplo, podemos também enumerar: Dia de finados: as flores e velas serão comercializadas a preço acessível. Outubro, época de círio e arraial, custo de produtos como bebidas, comidas típicas e brinquedos do parque, também terão comercialização com preços aceitáveis. Pura balela, fica tudo pelo olho da cara e ninguém toma uma providencia.
Portanto, diante dos exemplos acima, como acreditar que a Justiça e as Leis Eleitorais neste Estado, serão cumpridas ou a quem compete, fará com que sejam obedecidas? Nem que se tenha a maior das boas vontades e grau de otimismo que se pretenda - o que era característica de um ex-presidente desta Republica, a qual ele afundava a cada dia que passava e somente ele tinha o otimismo de acreditar no Brasil.
Logo, para o bem de todos e em beneficio da democracia, será que não seria de bom tom, que ao invés de toda essa celeuma de julgamento e etc... que os Srs Juizes e membros do TRE, procedesse por amostragem a convocação dos eleitores das Secções com suspeita de fraude e tirasse a limpo suas escolhas? Poderiam alegar que o voto é secreto. Concordo. E a corrupção é mais importante do que o sigilo do sufrágio?
Lúcio Reis

Belém, Pa, 13/11/1990

Eleição

Não votarei no Candidato fulano de  tal,  dentre outros itens tais os abaixo,  mas também por isso: 
- Candidato que  pretende  usar o lixão de Ananindéua, como trampolim  para chegar ao poder, apesar de já em outra oportunidade ter usado a promes­sa de construção da usina de incineração de lixo e com isso ter chegado a cadeira do parlamento;
- Candidato que mesmo ja tendo ocupado cargo na área de saúde, não exterminou ou diminuiu os índices  de mortalidade infantil e agora,  nesta campanha usa demagógicamente uma criança desnutrida — como se esse fato já não existisse há muito tempo neste  País,  por culpa desses mesmos homens públicos - com aspecto  de crianças da Etiópia;
- Candidato a reeleição, ou aspirante à mudarem da Câmara Baixa à Câmara Alta, empunhando como bandeira de campanha o valor e quantidade do Salário Mínimo recebido por um trabalhador, quando esses mesmos candidatos por poucas horas de comparecimento ao Legislativo percebem mensalmente  mais de 200 ou mais de 300 SM;
- Candidato que entende ser um pingo d’água CR$130.000,00, equivalente hoje a mais de 20 Salários Mínimo, correspondente a um ano e oito meses de trabalho de um assalariado;
- Candidatos declaradamente, pelas circunstâncias e pelos fatos, denunciados por enriquecimento ilícito através dos cargos públicos e através de corrupção:
- Candidato que assume compromisso - a nova denominação de promessas eleitoreiras - de que mudará atitudes e procedimentos em outro poder, passando atestado de ignorância da independência constitucional dos poderes;
- Candidato que visa as mordomias do cargo, como é o caso de um candidato a reeleição, que foi líder dele mesmo (bancada de um só), que de viva voz me disse:"te eleges que tu terás"; quando lhe falei em via pública, no trânsito, que o combustível que ele queimava no veículo chapa branca que usava, daria para alimentar com leite muita criança pobre;
- Candidatos a reeleição, porém gazeteiros, que até agora não votaram as leis ordinárias à  regulamentação de dispositivos da Carta Magna de 88 e nem a LDO, mas, que não terão seus contracheques reduzidos em função das ausências. Duvido que coerentemente devolvam o que receberam sem trabalhar;
- Candidato que não está comprometido com a renovação e modificação do sistema criado pelos políticos ao longo desses anos, que somente os bene­ficia e sacrifica o povo, o qual lhe outorga representação;
O voto é a maior força de uma sociedade. Com ele podemos fazer a Nação que almejamos para nós e nossos filhos. Mais uma vez nos e ofertada es­sa oportunidade. Podemos, inclusive, dentre as exclusões acima, tirar também da vida pública, os candidatos "camaleão Aquele que muda de coloração partidária, com o intuito de continuar a mamar no erário.
Vamos mudar. Nós temos a força..

Lúcio Reis

Belém, Pa, 13/11/1990

Ideologia

Pensava eu que a convicção política que dava sustentação concreta a que se almejasse uma sociedade mais justa, na qual as diferenças sociais, economicas e financeiras fossem as menores possíveis, estivessem nas ideias, nos comportamentos e atitudes que tivessem como escopo a honestidade, o trabalho, a justiça, a seriedade e a transparência, principal e especialmente do homem público e que, o capital jamais prevaleceria sobre o trabalhe, sendo este, portanto, a fonte de todo desenvolvimento e do progresso.
Pensava eu ainda, que os Partidos Políticos, que se abrigam no título "Ala Progressista" marchassem em direção ao poder, objetivando única e segu­ramente o "Bem Comum", o melhor e útil para o cidadão, independente de cor , de credo, de ideologia política e do matiz partidário que ele optou.
Tem-se ouvido declarações de líderes sindicais e de centrais de trabalhadores, que se confessam agora no 2º turno, favoráveis à candidatura   de Candidato da Frente de Trabalho. Estas manifestações - ressalvando que eles votaram no derrotado Senador do PSDB, Almir Gabriel, no 1º turno - creio não influenciarão ninguém e não serão levadas em conta pelo cidadão e eleitor esclarecido, pois sabe-se ao longo do tempo, que presidentes de sindicatos e similares, não são muitos afeitos a alternância no cargo, daí entender-se suas posturas.
Todavia, causou-me e creio até para muitos belemenses e paraenses, um enorme espanto a revelação do Deputado e candidato derrotado a Presiâencia da Republica pela PCB, Sr Roberto Freire, em 13.11.90 no horário do TRE, o qual, ao ouvi-lo sempre dei-me a impressão de ser o "Papa de Socialismo Democrata Tupiniquim”, o cidadão que seria capaz de promover a igualdade social e a sociedade mais justa que sempre alardeia, de que no 2º turno apoia e in­dica para o Governo do Estado do Pará, o ex-Ministro da Previdência Social.
Como cidadão democrata, ouço a todos com o intuito da formar conceitos, ter base para escolher e se possível, o melhor candidato, o qual atenda os interesses da sociedade e não os seus próprios. Que sirva ao povo e não se sirva dele (de seus impostos). Que diminua a pobreza e a miséria do povo e não aumente a sua riqueza pessoal, em fim escolher um homem que realmente seja um administrador do erário e que o faça com honradez, com transparência, sem corrupção e principalmente com justiça e sensibilidade.
Entendia eu que havia incoerência e incompatibilidade entre: Socialismo e corrupção; Progressismo e enriquecimento via cargo público; Melhoria de poucos e desgraça de muitos.
Por fim, a conclusão a que cheguei mais uma vez é que aos nossos ditos “representantes”, o que lhes interessa mesmo é se manterem no poder, independente de que atropelem e invertam os valores morais, éticos e não se importando até, com a prática dos maiores absurdos, provocando-nos uma desproporcional incredulidade.
É parece que a derrubada do “Muro da Vergonha” levou por água abaixo toda a ideologia e crença Marxista do Sr Roberto Freire, ou então, eu sou um inveterado sonhador, que sonha com utopias,
Lúcio Reis

Belém-Pa,15/10/1990

Roubaram o chicote

Iniciamos a campanha política com vistas ao segundo turno, para o Cargo de      Governador do Estado do Pará.
Havia no ar e na cabeça de alguns, que tentavam de todas as maneiras "condicionar" e incutir o cidadão de que a fatura seria liquidada no lº turno. Todavia, como se pode constatar não foi o que ocorreu. Por isso se conclui que até o "chicote da lambada" foi também roubado.
O brasileiro è um povo ordeiro, pacato, que adora samba e futebol, também é catimbeiro, mas, jamais de índole desonesta e jamais aprova a corrupção, gosta porém daquele jeitinho. Tanto isso é verdade que o resultado das urnas em novembro e dezembro de 1989, fizeram o "Caçador de Marajás" e aquele que iria prender os corruptos, subir a rampa do Planalto na Capital Federal.
Ao longo da  campanha do 1º turno,   quem assistiu os horários do  TRE pode verificar que do dicionário de alguns postulantes,  as páginas que tratam dos vocábulos: honestidade,  seriedade,  austeridade,  moralidade,  trans­parência administrativa!  foram arrancadas,  pois em momento algum,  quer em comício,  em showmicio ao vivo ou em gravação em seus programas,  aquelas palavras foram pronunciadas,  pois caso o fossem,  seria a mesma coisa que estarem praticando um "harakíri" político.
A minha geraçãom em sua grande fração teve como livro de cabeceira "O Pequeno Príncipe", namorou ao som das baladas dos Beatles,  admirou os lideres:   Gandhi,  Martin Luther  King,   John Kennedy dentre    outros e contestou a Guerra do Vietnã.
Infelizmente,  uma outra fração o dessa mesma geração se deixou  impressionar profundamente pelo livro "Ali Ba Ba" e os 40 ladrões e cultuou o ladrão do século Ronald Biggs,  aquele que assaltou o trem pagador na In­glaterra e fugiu aqui para o Brasil.
Como o destino de uma Nação pertence aos jovens.   E os jovens de ontem são os homens de hoje,  compete-nos, aqueles que não acreditam na inver­são dos valores morais,  seja a que pretexto for;  aqueles que creem que é através do trabalho sério e honesto é que se constrói a economia de um País e, por conseguinte a riqueza e bem estar de um cidadão e de sua família, não devemos ficar impassivos e omissos diante da possibilidade de vermos ser entregue as mãos maculadas o destino deste  Estado,  desta Nação.
Uma sociedade não é constituída só de maus ou só de bons cidadãos. Quando os bons governam todos são beneficiados,   os bons e os maus.   Porém, quando os maus governam, todos são prejudicados e apenas os seus lacaios e os mais próximos e que se beneficiam do poder.
Lúcio Reis
Belém-PA, 15/10/1990.
    
Reação
 Nepotismo, tráfico de influência, mordomias exageradas, auto-majoração dos salários,    pouquíssimas horas de trabalho, total de salário dema­siadamente grande, legislação em causa   própria,   voto de lideranças, atraso astronômico na votação de leis de interesse do povo, gazeta, pianismo, sema­na de 3 dias de trabalho (terça à quinta feira), jornada diária de trabalho de pou­cas horas, falta de decoro, falta de quorum sistemática, jetons e não desconto de faltas às sessões, denuncias de corrupção, de estelionato, tráfico de droga, envolvimento com a contravenção etc...
Há longo tempo que o Brasil inteiro tem conhecimento das denun­cias e fatos listados no parágrafo acima, envolvendo homens públicos e principalmente políticos desta República.
É óbvio que ninguém em sã consciência é louco” de apedrejar as Instituições Constituídas deste País, mas é óbvio também, que qualquer cidadão interessado no futuro e no presente de sua Pátria, bem como no bem estar de sua família, de seus filhos e em uma sociedade mais justa, não aplaude e nem concorda com aquelas imoralidades e falta total de civismo, de patriotismo dos pseudos "representantes" do povo.
Há publicação de pesquisas que indicam o politico nacional, co­mo a categoria ou a classe de maior descrédito junto a opinião pública brasileira, algo em torno de 70 à 76%.
Diante de tudo isso não se entende a razão ao espanto e de se querer titular os percentuais de votos nulos e brancos e abstenções em fenô­meno eleitoral. Isto é, no meu entender, reação à uma covarde e contumaz agressão que há tempo se perpetua contra o cidadão brasileiro.
 Há muito que a tônica é a mesma: promessas e mais promessas que jamais serão cumpridas, portanto, mentiras.
Houve uma vez que a massa em sua totalidade, escolheu o bandido (Barrabás), ao invés do bem feitor. De lá para cá, a massa vem apreendendo. Se hoje o índice de rejeição ultrapassa os 70%, doravante, caso os homens públi­cos não mudem o sistema e visem a sociedade em lugar de si próprios, teremos que nos acostumarmos com mais abstenções, mais votos nulos e mais votos em branco.
Entre o ruim, o péssimo e o pior,  só resta uma escolha: o nenhum ou o ninguém, pois de que adianta uma democracia, na qual uma elite reduzidíssima se locupleta se beneficia em detrimento de u'a massa de miseráveis, pau­pérrimos a pagarem impostos para sustentar os privilégios daquela meia dúzia?
Lúcio Reis
Belém, do Pará, 25/08/1990

Império Amazônico

Apos ter assistido ao disse me disse, levado ao ar no horário gratuito da propaganda eleitoral, polarizado entre a Coligação do Povo e a Frente de Trabalho, mais uma vez volto a esse Veículo de Comunicação, solici­tando guarida à minha opinião em relação ao assunto asfaltamento.
De ante mão tenho todo respeito pelas opiniões emitidas, todavia, ve­jo os fatos pelo seguinte ângulo de ótica: O Império Amazônico constitui-se de 928 aptos., mais os moradores da Alameda Getúlio Vargas, mais os invasores de uma área por trás do Conjunto, totalizando, segundo a equipe da Frente de Trabalho algo em torno de 10.000 pessoas. Essa Frente reivindica ao seu candidato ao senado, o Sr. Coutinho Jorge, a construção da pracinha à entrada do Conjunto e a transformação de uma piscina em quadra de esporte polivalente, entre os blocos 7 e 8, a qual as vezes por uso de modo irresponsável, tem provocado total blecaute no Conjunto, quando seus usuári­os - atletas - jogam a bola de encontro os fios de energia elétrica.
É verdade, os do­is feitos são obras do ex-prefeito e foram inaugurados às vésperas do pleito de 88 ao cargo de gestor municipal, quando  foi eleito o candidato Sahid Xerfan, hoje aspirante ao posto de Governador pela Coligação do Povo . É verdade por outro lado também, que as benfeitorias juntas, só beneficiam ou só podem ser usufruídas, creio, no máximo por 1% (hum por cento) daqueles 10.000 moradores, tendo em vista o total de suas áreas.
A outra verdade inconteste é o ASFALTAMENTO que aqui foi colocado. É um serviço sério, duradouro e que sem dúvida, ao meu ver, não pode ser adjetivado obra eleioreira, pois foi realizado pela PMB/SESAN, com planejamento do Sr. Xerfan e execução do Sr. Augusto Rezende e, pelo que sabemos, a 3 de outubro teremos eleições para Governador do Estado e não para Prefeito. 
Desse ASFALTAMENTO o que temos a considerar é que esse serviço bene­ficia 100%(cem por cento) a comunidade daqui, independente de idade, pois quando não tinhamos o asfalto, tinhamos as ruas cheias de buracos, e que, à época do inverno se transformavam em poças de água piçarrenta que inúme­ras vezes sob o impacto dos pneus dos carros salpicavam as roupas dos transeuntes, sem contar com o terrível lamaçal que enfrentávamos. Quando à época de verão, padeciamos de uma infernal poeira amarela, a qual alguns moradores amenizavam molhando a frente de suas casas. 
Pois bem, os dois problemas e suas sérias consequências foram erradicadas definitivamente de nossas vidas aqui, e isso, tem-se que reconhecer é uma obra de abrangente aspecto social e econômico, pois todos que aqui possuem imóveis, sabem que agora eles foram valorizados um pouco mais.
 A solução de problemas não merece condenações, se foi concretizada ontem, hoje ou amanhã. O importante é que haja a solução, se em breve, melhor.
Portanto, parodiando uma frase antiga, poderia registrar: “Cidadão não faça com que seu voto, transforme candidatos em armas de corrupção e malversação do erário, a vitima, com certeza será você!”

Lúcio Reis
 Belém-Pa,14/08/1990

Propaganda política

Mais uma vez, compulsoriamente somos forçados a anular 120 minutos de nosso lazer, via rádio e televisão, em função da propaganda eleitoral "gra­tuita", que visa o pleito de 03.10 vindouro.

Esse Matutino - Jornal O Liberal - em sua edição de hoje (14/8), em sua pag. 13, traz uma noticia com o título "Satisfeito ou descrente”,  que retrata a interpretação do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Sydney Sanches, em virtude do desinteresse dos cidadãos em relação ao horário eleitoral, entendendo aquele presidente que isso poderá ser prejudicial ao País.

Leva-se os anos em que não há eleição, tomando conhecimento que parlamentares, em sua maioria, vêm cometendo as mais diversas e absurdas atitu­des, tais como, só para citar alguns exemplos: falcatruas, corrupção, gazeta, locupletarem-se do erário no desfrute de mordomias as mais variadas possíveis; auto majorarem seus vencimentos mensais à escalas astronômicas e, interpretarem esse ato, como o mais banal possível; acobertarem-se de seus erros na imunidade parlamentar; transformarem em ringue o parlamento e descerem a níveis, o mais rasteiro possível os pronunciamentos. 

Portanto, estamos todos enojados de tanta lama e, no momento ainda sermos obrigados a assistir a lavagem de roupa suja entre eles dentro de nossa sala de visita. Desculpe Sr. Presidente mas não é possível haver satisfação.

Tudo isso levou o político nacional ao descrédito e a provocar ojerizano cidadão, que a cada ano presencia seu País caminhar passo a passo em direção ao abismo, em consequência de atos de maus brasileiros que se agarraram e que sugam cada vez mais o poder público, com a desculpa e promessa de lutar e reivindicar em defesa do mais fraco e menos favorecido.

Estamos  numa democracia, portanto,  não seria conveniente que a cada.dia,  apenas uma         emíssora de rádio ou televisão,   obedecendo uma escala de rodizio diário, fizesse a transmissão do horário da propaganda  eleitoral,  pois assim e,   democraticamente quem quisesse sintonizaria aquela emissora, e se informaria sobre o candidato que iria. escolher para sufragar.

Diante  da realidade de que a Lei não oferece alternativa de escolha ao cidadão, de querer ou não, assistir ou ouvir a propaganda política, a mim como leigo, parece que há falta do espirito democrático da escolha e, entende-se assim, que se o político nacional fosse cônscio de seu comportamento e acreditasse nele mesmo, por certo não teria votado uma lei, que impõe e dita uma norma que não oferece opção de escolher.

A situação hoje em dia, no nosso entender, resume-se apenas no fato: "Ciclano que era do PMDB,  passou para o PDS, mas agora se filhiou ao PTB, porem vai apoiar o PCBt  todavia, no parlamento vai reforçar a bancada dó PSDB e na próxima eleição vai coligar com o PT. logo,  o político brasilei­ro,  o que ele quer mesmo é se manter no poder,  pois deste ele fez meio de vida e de boa vida. Por isso entendamos ser de muita cara de pau,  o candi­dato a reeleição que toma como bandeira de campanha a condenação do recebimento de um mínimo pelo trabalhador, pois ele esquece que se o trabalhador ganha apenas um salário é por que ele ganha mais de 200 e, a fonte de seu milionário salário é o imposto daquele operário.

Tentem reverter esse quadro à níveis suportáveis. Tentem!

Lúcio Reis

Belém, Pa, 26/06/1990

IMPÉRIO AMAZÔNICO

Dentro do espírito inserido no  “Dialogo e Trabalho, que carimba a administração municipal de Belém no biênio 89/90, venho por intermédio da presente, contando com  o alto espírito de seriedade, democracia e imparcialidade desse matutino, fazer chegar ao conhecimento de nosso atual e do anterior gestor municipal o que se segue:
- “Está fincado à entrada do nosso “querido Império Amazônico” à Av Almt Barroso, uma placa com os seguintes dizeres: PMB – pavimentação da malha viária do Conjunto Império Amazônico”;
- Desde quando o Sr Coutinho Jorge subia em palanque para campanha política que recebemos promessas de que nosso conjunto sofreria asfaltamento. Ele terminou seu mandato e ficamos somente na promessa.
- Tem-se tomado conhecimento através dos veículos de comunicação, que vivemos em tempo de colheta e que, inclusive a PMB dispõem de uma fábrica de asfalto com capacidade de produção de milhares de toneladas de asfalto por hora.
- Bem! Nosso conjunto recebeu serviço de terraplenagem com uso de trator, compactação com rolo compressor e uma pintura de pixe, com posterior cobertura de areia branca, com espalhamento manual.
- Muito bem Sr Prefeito! De qualquer modo muito obrigado. Mas, entendemos que temos direito a muito mais. Entendemos ainda, que o Sr tenha sido enganado ou sido boicotado e, indiretamente e inocentemente está nos enganando (tentando), pois o serviço que foi executado é o de uma pavimentação com uma finíssima camada de pixe.
- Queremos lhe informar que “U MURENO” já nos aplicou esse “conto do asfalto”, o qual não suporta nem dois meses de uso. E, se aplicou aqui no conjunto, fatalmente o fez em outros lugares. O resultado para ele, todos nos conhecemos.
- Somos 928 apartamentos e mais os moradores da Alameda Getúlio Vargas. Os comentários que por aqui ouvimos não são de satisfação, além de que ainda faltam mais de 3 meses para alcançarmos o dia 03 de outubro.
- Faço a presente denuncia e reclamação, com a consciência tranqüila de quem está quites com seus impostos municipais, portanto, cumpridor de suas obrigações e por conseguinte apto a reclamar direitos.
- Não tenho procuração de nenhum morador ou vizinho, logo, estou apenas usando o meu direito individual de cidadania e até mesmo cooperando com sua administração.
Desde já muito obrigado.
Lúcio Reis

Nora do autor: O “U MURENO” é termo marajoara como tratamento cordial e, chamado assim, era esse adjetivo empregado ao político numa das gravações da campanha, a fim de alcançar as camadas mais humildes do povo.
SR PRESIDENTE COLLOR

A 15 de março próximo, quando esse Presidente assumir o Cargo e a Função que trazem o carimbo do aval da sociedade brasileira, que por confiar e crer que suas promessas de palanque serão concretizadas, lhe alçaram ao posto da Mandatário Máximo do País, aprovando desta maneira seu Programa de Governo, espera que os resultados apareçam de imediato a velozmente.
É público e de amplo conhecimento de todos, inclusive alem fronteiras e por todo o planeta, que de todas ou a mais relevante causa que afunda cada vez mais esta Terra, motivo considerado mesmo como  um "câncer" que corrói os bons costumes, a moral, a austeridade, a seriedade e que destrói os valores, tem sido a corrupção, a ladroagem. a malversacão dos dinheiros públicos, o enriquecimento ilícito através dos car­gos nos poderes e tudo agravado com a impunidade, que caracterizaram e traçaram o perfil do Brasil nos últimos tempos.
Há a promessa da implantação do esquema "Pega Ladrão". Con­fiando nisso, será qua já não seria tempo de seu Governo, qua está prestes a assumir, iniciar oontatos no sentido de determinar as devidas Prisões Preventivas, pois se os ladrões serão mesmo apanhados, fatalmente, se aquela medida judicial não for tomada, lamentaremos ter que tomar conhecimento de que o novo governo não colocou ninguém na cadeia  uma vez que todos os maus brasileiros merecedores de passar uma longa temporada atras das grades fugiram para os paises limítrofes com o Brasil.
Portanto, Sr. Presidente, confiamos qua V. Excia realizará uma plástica na face da Nação, pois se dessa cirúrgia resultar que pelo menos a situação parou de piorar, já estaremos satisfeitos, mas, se houver realmente uma efetiva melhora será um excelente premio, o qual ver­dadeiramente esperamos e que sinceramente merecemos já há muitos anos e todos estas anos como vitimas indefesas desses desajustados e covardes que diariamente nos agridem.
Que Deus lhe proteja.

Lúcio Reis




Belém do Pará, 15/11/1988


RETORNO SOCIAL

      Há bem pouco tempo, dirigi-me a esse conceituado Matutino (Jornal O Liberal), ponde­rando junto ao Gestor Municipal sobre o serviço de asfaltamento que havia sido iniciado na malha viária do Conjunto Império Amazônico, local onde detenho o imóvel, no qual mantenho minha família e o meu lar.

Hoje torno ao Jornal da Amazônia, por uma questão de coerência e reconhecimento justo, com o objetivo de tornar público meus agradecimentos e de minha família ao atual Prefeito de Belém e o Sr. Sahid Xerfan, seu antecessor, pois pela primeira vez, pude usufruir diretamente do BENEFICIO SOCIAL (asfaltamento), em que foram transformados os impostos que recolhi aos cofres do Município de Belém.

Necessário torna registrar que não entendo como um favor recebido do Alcaide Belemense, mas sim, uma obrigação dele e um direito meu e todos os que habitam e pagam seus impostos, logo um direito adquirido, pelos cida­dãos cumpridores de suas obrigações.

Todavia, é necessário o registro público, tendo em vista que des­de que o Sr. Coutinho Jorge estava em campanha visando a PMB, aqui esteve e nos fez a promessa de que asfaltaria nosso Conjunto, porem mais uma promessa não cumprida. Depois foi o, Sr Velasco,"0 Moreno", que também em palanque, nos prometeu o asfaltamento e, como ele era o candidato da situação aquela época, tentaram nos iludir e conquistar, com uma pintura de pinxe, que nem sequer aguentou a primeira chuva. Portanto, como o Sr. Sahid Xerfan prometeu e seu sucessor cumpriu, se tornou a exceção à regra geral dos candidatos que prometem, prometem o céu, os mares, as montanhas e etc... e não cumprem, daí o agradecimento e o reconhecimento de público.

Vale ressaltar ainda, que não somos eleitores que enchem os olhos com a doação de um aterro ou asfalto eleitoreiro (pinxe), o que sem dúvida alguma não é o caso do Sr Sahid Xerfan, pois o que aqui foi feito, assim como o que se nota em outros conjuntos e, de um modo geral em toda a Belém , que ele recebeu toda esburacada, é a realização de um serviço sério,competente, um trabalho duradouro e de responsabilidade é, em suma a transformação dos nossos impostos em beneficio social em "bem comum" e não bem individual ou de pequeno grupo, o que infelizmente vem sendo a tônica das administrações públicas daqui e do resto do País.

Não sou procurador e defensor de ninguém. Sou apenas um cidadão atento ao que ocorre na minha cidade e na minha Pátria, nas quais eu tento formar dois cidadãos de amanhã e úteis a ela, que são os meus filhos e evidentemente para os quais desejo o melhor, como todo pai.

Com trabalho sério, honesto, competência e tendo como objetivo o bem comum, não haveria necessidade de campanha politica, pois todos nós já saberiamos quem iria usar o poder em seu proveito e quem iria usar o poder em benéficio da sociedade.

Lúcio Reis

   VOTAR


Lendo o Editorial desse Jornal, edição de 15 de novembro, versando sobre  VOTAR,  em determinado trecho, ele diz: "Há deboche, sim, quando se prega o voto nulo".

Como leitor e eleitor participante da edificação da democracia deste País, venho solicitar a esse  Redator, que me dê guarida mais uma vez nesse espaço. para os comentários abaixo:

Não encaro como deboche o voto nulo. O professor Marcus Faria Figueiredo, do Instituto de Estudos Econômicos e Sociais de São Paulo, Cientista Político, em entrevista a revista VEJA nº 45, diz o seguinte! "Do ponto de vis­ta substantivo, a mensagem embutida no voto nulo é bastante seria — e vale como um sinal vermelho, aos dirigentes partidários. Ê um recado duro e claro "Senhores, não somos trouxas".

Governo do povo, pelo povo e para o povo, isto é Democracia. A cada 15 de novembro, como recentemente aconteceu, comparecemos compulsoriamente às urnas e passamos, mais uma vez, uma Procuração à determinados cidadãos com o intuito de nos representarem junto aos Poderes Executivo e Legislativo na administração do emprego e uso dos impostos que recolhemos ao erário,com o intuito de faze-los retornar e reverte-los à sociedade em bens comuns, tal como: segurança, saúde, educação, higiene, lazer, transporte, energia e etc tudo a contento e condizente.

Há muito tempo que esses procuradores traem seus procurados ou repre­sentados, Enquanto aqueles estão cada vez mais abastados e privilegiados por medidas e procedimentos auto beneficiadores, estes últimos estão cada vez mais pobres, miseráveis e entregues a própria sorte.

Dias atrás ao parar do lado do veículo oficial que serve o Líder de sí mesmo no PMB, à Assembleia Legislativa, Sr. Agostinho Linhares, disse-lhe de viva voz, que o combustível queimado naquela mordomia daria para alimentar muita criança pobre. Ele simplesmente respondeu-me "Te elejas que tu terás a mesma coisa".

O Presidente da República, condena veementemente o pessimismo dos fi­lhos deste Brasil. Ele, ao que tudo indica, se esquece que todos os estoques de crença e otimismo dos brasileiros e brasileiras, foram esgotados no plano Cruzado, Bresser, na esperança da concretização da promessa de que ele erradicaria a miséria absoluta desta Nação ou até mesmo a esperança de ver os envolvidos nos escândalos apurados pela CPI da Corrupção atrás das grades.

Todo candidato a cargo eletivo, antes do dia 15 è contrario a corrup­ção, altos salários, mordomias, impunidade e principalmente contra a preguiça parlamentar. Depois do dia 15, quando ele consegue uma cadeira no Poder, pas­sa a ser contaminado pelo "virus" da amnésia política e aí, adere, acata e aceita todos os males que anteriormente condenava e daí para o desfrute, inclusive ostensivo aos familiares é num passe de mágica e, o fato se repete.

Por isso, votar nulo é modo democrático de protestar e dizer não ao desmando e má ação parlamentar, pois sempre eles viram as costas ao povo que os elegeu.

Lúcio Reis.



Belém,Pa,  14/09/1987

FINALIDADE DO CARGO

Trafegava em meu veículo particular e  às 14:OO h, quando fiquei la­do a lado, no cruzamento da Magalhães Barata com  a Travessa Castelo Branco, com o carro chapa branca, e qual conduzia o Exmo Sr Deputado Agostinho Linhares, acompanhado de duas Senhoras ou Senhoritas, além do motorista, isto hoje.
Como ficamos bem próximos, dirigi-me ao deputado, como cidadão dotado de todas as minhas prerrogativas democráticas e lhe disse: "Com    o dinheiro que esta sendo queimado com esse combustível nessa mordomia, e mais o de outros chapas oficiais, que trafegavam pela aquela mesma artéria e que fatalmente conduziam seus motoristas de volta de almoço daria para ma­tar a fone de muita criança pobre".
O Deputado, apanhado de surpresa, depois de se fazer de desentendido, justifico-se ou explicou-se me dizendo: "Te elege que terás a mesma coisa"
Como o sinal abriu e, não podendo retrucá-lo pois seu carro arrancou e assim o dialogo foi interrompido, venho de público questionar o “Exmo. Sr Representante do Povo"! "Mas é atrás de mordomias, dos altos salarios e de economizar seus carros particulares, no caso seu chevette, aquele que V. Excia usava quando à época da eleição, pregava pela TV as promessas de re­solver o problema das baixadas e outras soluções mais que V. Excia se candidatou e se elegeu? Não foi para pugnar pelos Interesses da sociedade que dorme e acorda sobre a lama"?
Não Sr Deputado jamais procurarei um cargo eletivo para dele usufruir pessoalmente, pois a noite eu não conseguiria conciliar o sono, sabendo que eu estaria contribuindo de uma forma ou de outra para que crianças menos favorecidas ou sem favorecimento nenhum, morram de fome, sem a devida assistência médica, além daqueles que perdem suas vidas no trânsito mal sinalizado ou naqueles que não recebem a orientação educacional correspondente, porque o erário  está desvirtuado para as mordomias e o sustento de marajás. Imposto é sangue e suor. Entendo que ao ser desvirtuado sua finali­dade ou que atenda as finalidades pessoais, isto passa a ser crime de alta covardia.
Prefiro a pobreza com sensibilidade do que a riqueza insensível e covarde, pois tenho contas a prestar futuramente, com meus filhos.
Lúcio Reis

Belém, Pa, 21/06/1987

DARÁ CERTO

O Governo Brasileiro ao anunciar o Plano Bresser ou Cruzado 2, solicitou a ajuda e o empenho da sociedade no sentido de fiscaliza-lo, tendo declarado enfaticamente que nenhum plano de estabilização econômi­ca, por mais perfeito que seja, fica condicionado seu sucesso, ao apoio das brasileiras e dos brasileiros.
A Área Econômica do Planalto, nos declara acreditar no êxito do novo plano, tendo em vista a experiência adquirida, diante dos acertos e dos erros havidos, por ocasião do Plano Funaro.
Lamentavelmente não dará certo. Por simplesmente opinião de ser contra? Por ser esse plano pior do que o anterior? Não! Não dará certo por que o Governo - que me perdoe - cometeu uma série de enganos e deixou de tomar uma outra série de medidas necessárias e imprescindíveis, ao meu julgo, e, que supririam a ausência do apoio maciço que lhe foi confe­rido em março, abril e etc... 86.
A primeira topada foi dada pelo ministro Brésser ao assumir o cargo e, ter dito que congelamento, por enquanto, não. Diante dessa infantilidade, inexperiência ou sinceridade inoportuna da declaração, o merca­do se precaveu e jogou seus preços para o espaço sideral. Havia comércio dando 50% ou mais de desconto no rodapé da Nota Fiscal, enquanto o congelamento não vinha.
A outra "mancada" foram os desmentidos e, todos nós já sabemos, desde a Velha República, que nossos governantes são adeptos e fãs incondicionais de antônimos: sim quer dizer não e este quer dizer sim.
As medidas que deixaram de ser tomadas: "Nosso Presidente falou à Nação que determinou ao Ministro Bresser que agilizasse e providencias­se urgentemente um plano de contenção da espiral inflacionaria, isto quando ele substituiu o Min. Funaro. Pois bem, todos nós sabemos que um dos motivos do fracasso do Plano de 86, foi a falta de apoio ao povo, aos fiscais do Sarney, em consequência da inexistência de uma estrutura sóli­da em termos fiscalizatórios e punitivos por parte ou de parte da SUNAB, logo, por que não se criou e organizou primeiro, o corpo e o plano de fiscalização para ser acionado concomitantemente com o Plano Bresser?
Outra medida que não foi tomada a priori: "Se o projeto do plano encomendado embutia, como agora se sabe, o congelamento, por que não foi providenciado com antecedência e em total sigilo, a tabela de preços congelados, para simultaneamente ao lançamento do novo plano, ser a mesma divulgada e, com isso colocar na mão do consumidor fiscal a arma necessária à sua ação de apoio ao Governo?
Outro ítem que levou a bancarrota o Cruzado UM e que levará o presente, são os gastos públicos. A falta de austeridade, o desgoverno e a festa continuam, em relação ao erário. No último fim de semana prolongado, podia-se ver nos balneários o dinheiro dos impostos sendo queimado na combustão de álcool hidratado ou da gasolina, que acionam os veículos do poder público, atendendo os folguedos de uns poucos irresponsáveis e inconsequentes no trato com a coisa pública.
Diariamente continuamos a presenciar os carros dos poderes servindo de carro particular aos motoristas dos mesmos, no final do dia, para que no dia seguinte, bem cedo, ele apanhe as proles estudantis e as leve aos colégios.
Portanto, como continuamos a não termos o exemplo dos governantes, como o mesmo nos deixou ressabiados e decepcionados, e, é ele o único a dizer que dará certo, logo, por certo, não dará. Pois lembram: sim = não e vice verso.
Lúcio Reis

Belém,PA,06/06/1987

CORRUPÇÃO

Recentemente o Exmo. Sr Presidente da República,  nos  con­vocou à formação de um mutirão nacional, com o objetivo de  lutarmos todos, contra a corrupção nos Poderes desta Nação, para tentar liquidá-la.
Diante dessa convocação fui rever meu arquivo particular,  onde encontrei a correspondência oriunda da Secretaria Particular da Pre­sidência da República - Praça dos 3 Poderes - Brasília DF - CEP 70150, que diz o seguinte: "Por recomendação do Presidenta José Sarney, a Secretaria Particular do Palácio do Planalto informa que sua correspondência de 18 de fevereiro de 86, foi encaminhada através do Oficio SEAP nf 17886 ao Ministério Extraordinário para Assuntos da Administração, para exame e pos­terior esclarecimentos à V.Sa.” Esta correspondência foi postada em Bra­sília no dia 24.04.86, portanto há mais de 12 meses.
A Carta de que se refere o expediente acima, e sobre a qual continuo aguardando os esclarecimentos prometidos, tinha como tema central exatamente o problema pelo qual o Chefe da Nação nos convoca ao mutirão: "O Del Rey, Preta, Chapa Oficial nº 013, destinado ao 4º Secre­tário da Assembleia Legislativa, às 17:30 horas do sábado gordo, feriado de carnaval do ano passado, em Mosqueiro, no Posto Ceci, Pça N. S. Do Ó, após ter o seu tanque cheio, o condutor abasteceu, também, mais 2 depósi­tos plásticos, um com capacidade para 50 litros e o outro com capacidade para 20 litros, logo 70 litros de combustível, transportados fora do tanque do veículo, pondo em risco o patrimônio público, o particular e as vidas humanas que se encontravam naquele Balneário, sem que a distância de 70 Km (Belém Mosqueiro), justificasse a reserva extra daquela quantidade de litros, tendo sido a nota assinada pelo motorista, que ao ser interpelado por mim, sobre aquela mordomia, declarou que aquilo era a Nova República e, quem manda eu ser otário e ter votado nos homens. Isto em presença de outras pessoas, que aguardavam vez para abastecimento.
Depois desse episódio tornei a flagar esse mesmo veículo transportando pessoas naquela Vila, à época dos feriados da Semana Santa, naquele mesmo ano, e a ultima da qual, tive a infelicidade de presenciar, foi recentemente, em frente ao Instituto Adventista Grão Pará, transportando crianças àquela Escola e, dirigido desta feita por uma senhora.
Nosso Presidente condena o péssimo  brasileiro e nos exorta à confiança. Como isso será possível, se mesmo depois do Diploma Legal, assinado por ele mesmo, sobre o usufruto das benesses oriundas das mordomias ofertadas pelo Poder, os abusos, a falta de critérios, os desmandos, a falta de austeridade e os estragos continuam sistematicamente, todo dia, toda hora, todo instante, os "Schol Bus” com chapas brancas continuam sangrando os bolsos do contribuinte.
Eis ai o caso da CMB, cujos membros, alguns, apreenderam com o David Copperfild, o qual faz desaparecer avião, aqueles, como o mágico, fizeram desaparecer carros, eletrodomésticos, pessoas e dinheiro e, aí?
Já não seria a hora da decretação da custodia preventiva, pois convenha­mos, quem tem essa capacidade de desintegrar matéria, por certo, é dota­do de alta periculosidade. Quem nos garante que numa dessas tomadas de depoimento não façam desaparecer todos oe membros da CPI e tudo o que até agora foi compilado.  .
Por conseguinte, enquanto não se restabelecer a punidade nes­te País, trens da alegria percorrerão este Território de Norte a Sul, lotados de Marajás, que, com certeza são os inflacionadores de nossa economia, pois eles podem desembolsar, com a mesma facilidade que embolsam, aluguel mensal de Cz$70.000,00 por uma casa em Salinas.
Com açúcar, até rabo de cavalo é doce. Com dinheiro fácil, não há situação difícil.
Lúcio Reis
Belém, Pa, 10/05/1987

AUTORITARISMO

Com a vinda a público dos casos: “MARAJÁS”, em todos os Estados da Federação, os saques ao erário, como é o fato mais recente, constatado pelo C.C.M., na Câmara Municipal de Belém e também, como mais um exemplo os gastos fantásticos no Palácio dos Leões, ali em São Luis-Ma, se encontra a explicação e a justificativa pela ojeriza e aversão que a época dos Governos Militares, despertava ao homem público nacional, que empunhou como bandeira de luta, para retornar ao poder, o AUTORITARISMO daqueles 20 anos que começaram com o General Castelo Branco.
A incompatibilidade entre os Governos da Revolução e os de agora, da dilapidação do patrimônio público, reside na realidade de que aonde há autoritarismo, há com certeza AUTORIDADE e por via direta, tá também, pelo menos um resquício de seriedade, de austeridade e por fim de punidade à quem atropela os Diplomas Legais.
Em função disso, para quem quer aniquilar e esgotar em proveito próprio, os impostos pagos com o sacrifício da vida de uma massa, sofrida e tão judiada, e além do mais premida pelo alto custo de vida,  consequência de uma inflação que tem como veículos foguetes atômicos, enquanto os salários viajam em trens de tristeza que segue à 20% de velocidade pelos trilhos da escala móvel, e, ainda podem dispor de tempo para  defesa prévia, e o que é pior, como em todos os casos que já se teve conhecimento, serão premiados com a impunidade ao invés de serem, incontinente, segregados da sociedade, pois o lugar de bandido e contraventor, quer seja representado quer seja representante é atrás das grades, e não, usufruindo, como acontece, somente para os últimos, as benesses e privilégios que emanam do poder.
Sabe-se por outro lado, que jovens em fase de forjamento de seus caracteres e de suas personalidades, podem ter uma idéia distorcida, de que, leva vantagem quem envereda pelos caminhos tortuosos e nebulosos da corrupção, da malversação, da indecência administrativa, da desonestidade e da prática do mau caráter. Mas tudo não passa de uma ilusão e de um imenso engano, pois, desde o inicio da humanidade o imoral e amoral levam dianteira sobre a moral e ética, temporariamente, por que logo depois da tempestade, vem a bonança da honradez, dos reais e caros valores sociais e da tranquilidade da decência dos bons costumes e do respeito ao semelhante. Por isso a maior e mais sólida riqueza e tesouro que um pai pode legar como herança é a honestidade e a retidão em seus atos e costumes.
Nós não pedimos para sermos brasileiros deste Brasil que hoje está sendo feito e construído por esses maus brasileiros e, nem devemos pedir para mudarmos de nacionalidade, mas tomarmos o que aí está, como termos de comparação para construirmos o Brasil que será governado pelo jovem de hoje, que amanhã será o homem sério, probo, honrado e que trilhará pelos caminhos da justiça que os fará conduzir esta Nação para seu lugar no contexto mundial. Se Deus quiser.
 E assim, seus filhos terão orgulho de terem nascido neste Torrão e para sempre bem dirão de terem tido os pais que tiveram
Lúcio Reis

Belém,Pá, 08 /03/1987

INSTITUIÇÕES

O Liberal em sua edição de domingo dia 08 do corrente,  à sua página  23 publica que o vereador Oseas Silva, Presidente da Câmara Municipal, per apenas 4 dias à frente do Executivo Municipal, faturou o Salário mensal de Prefeito, sem prejuízo dos seus salários como edil e presidente do Legislativo Mirim.
Dias atrás e Deputado Federal Ulysses Guimarães, o Tripresidente, no Programa Voz do Brasil, repudiava o ultraje que a Assembleia Nacional Constituinte teria sofrido, como Instituição, em função de comentários, que ao meu ver refletem a verdade e fato concreto, como no parágrafo aci­ma relatado, em relação ao que se pratica neste País, quando se trata do que é público.
Como autodefesa, para a covardia e a violência que o homem públi­co, principalmente o do Legislativo, comete sobre o cidadão comum, que não pode desfrutar sequer do transporte coletivo necessário à atender sua ne­cessidade, assim como do mínimo de segurança nas vias públicas, enquanto para aqueles o que sobra são os privilégios e mordomias; ele dirá que há leis que mandam pagá-los os altos salários, que os mandam trabalhar pouco ou quase nada e outras vantagens mais. O que eles esquecem de lembrar é que nós (o povo) ainda não lembramos de esquecer de que são eles mesmos é quem fazem as leis que lhes provem o status de marajás.
Tanto isso é verdade que na mesma edição desse matutino à página 3, há a reportagem que fala da paralisação de juízes cearenses até que recebam seus vencimentos. Quem já ouviu falar de greve de parlamentar? Nin­guém: Claro para reivindicar o que?
É por isso que se lê nesse jornal, sobre buracos nas ruas, lixo por coletar, calçadas quebradas, conjuntos habitacionais que parecem vul­cões, tamanhas são as crateras que os "enfeitam", mangueiras caindo em ci­ma de veículos e matando pessoas, Cia de água, que não supre a população, carro da policia que não trafegam por falta de combustível a tantas outras mazelas que se ressentem da falta de verbas.
O Partido da situação, quando na oposição, tinha como uma das ban­deiras de luta a Constituinte. Foi-lhe dado a Constituinte. Já se passaram 37 dias, desde sua instalação e, até agora nem o cabeçalho da nova Carta foi escrito.
Como repudiar as verdades e adjetivá-las de ultraje e irresponsá­veis, se os próprios homens que compõem e fazem as Instituições são os primeiros a desmoralizá-las com suas incoerências, com seus semanais passeios turísticos, com a posse de 2 próprios nacionais ao mesmo tempo e favorecimento do poder econômico, pois se o povo não está com a melhor fatia, evidentemente o mel está sendo destinado aos privilegiados.
Portanto, já é tempo de se ter o mínimo de respeito pelo cidadão e não agredí-lo tanto fisicamente, como psicologicamente e abandonar o hábito da covardia dos chapas brancas (oficiais) e a prática de serem e se tornarem marajás do poder e transformarem o povo em eunucos e assim, ninguém falará mal das Instituições, pois não haverá verdade negativa a ser comentada.
Lúcio Reis

Nota de Esclarecimento: O Governador referido na matéria abaixo foi o Helio Mota Gueiros e sua esposa Terezinha Gueiros.

GOVERNO DO ESTADO

Iniciou-se neste domingo o novo governo do Estado, que agora tem a frente o casal, sendo  ele presbiteriano e ela batista.
Diante do preambulo acima, caberia a interrogação: "O que a profissão de fé do casal governante tem a ver com a violência?"
Bem, até há pouco, a maioria dos governantes que passaram pelo Lauro Sodré, foram ou são seguidores da Igreja de Roma e, o que se viu no decorrer desses anos foi uma crescente onda de violência, que em todos os sentidos da vida, têm nos colocado em polvorosa e em constante desconfiança frente aos nossos semelhantes, pois a presença de Deus foi expulsa dos seus corações.
É evidente que não se culpa diretamente os governos anteriores pela situação a que chegamos, pois a injustiça, a impunidade, o arrepio da Lei e, até mesmo da Constituição em vigor, não é uma prerrogativa dos órgãos do Poder Executivo, mas, sim, dos homens públicos deste País, que  inverteram e invertem totalmente os reais valores morais. Pois, hoje em dia, só se assiste a corrupção, a desonestidade e a malversação do erário, sendo distinguidos com medalhas; se toma conhecimento de homens da Lei e da Justiça, envolvidos com o banditismo e a marginalidade, com o tráfico de drogas e sucumbindo ao poder econômico e ao ganho fácil, como também os vemos assistindo missas em ações de graças.
No Brasil a cada ano que passa, se avoluma, o numero de fieis em busca de proteçao e benção, que, como seguidores de N. S. Aparecida, quer como devotos do Padre Cicero e aqui como fervorosos filhos de N. S. de Nazaré, aliados a esses grandes contingentes e massas humanas, juntam-se os evangelicos que buscam a salvação eterna em nome de Jesus. Cremos, que a todos ja foi ensinado: "Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei" e, mesmo assim, esse amor não excluiu o egoimos, o ódio, a inveja e por via de consequência direta sobrevive e se exponencia a violência, pois Jesus não habita os corações.
Logo,   ha de  se  concluir  que  os pregadores do amor e da igualdade não estão conseguindo o objetivo do evangelho, não estão alcançando a humildade, da qual Ele foi o mais concreto e convincente exemplo, por isso vivemos no mundo das desigualdades sócio econômica financeira, do salve-se quem puder e no mundo selvagem dos que só querem o podre para o outro e ninguem quer ser o outro.
Portanto,   esperemos que agora.,   a nova fé que se instalou  no “Timão” dos destinos deste Estado, minore ou não deixe que piore o quadro violento e sórdido que se nos apresenta.
Lúcio Reis 
Belém,Pa,  25/Janeiro 

NÃO DEU CERTO!

Estamos para completar o 1º ano da Decretação de medidas objetivando metas favoráveis à Sociedade Brasileira (massa, povão), que no outro sentido de mão foram contrarias aos interesses dos "tubarões".

De imediato a nomeação dos "fiscais", foi criado o slogan “TEM QUE DA CERTO", que nos primeiros momentos, realmente se ratificou, pois até então o fator surpresa, tanto pela finalidade do Decreto (congelamento), quanto pela pronta resposta do cidadão, deixou a classe empregadora com suas linhas de raciocínio e capacidade decisória embaralhadas.

Refeitos do susto, se iniciaram es desrespeitos e as desobediências, que hoje causam espanto. Dentre as primeiras, como o ramo das confecções e dos imóveis, lembram? Figuraram as das redes de supermercados, cujos titula­res  Srs. Paes Mendonça e Abílio Dinis, sentam à mesa ao lado do Chefe do chefe da Nação e de seus Ministros da Área Econômica, compondo e CDE, para discutir medidas econômicas para o País, Com esses Srs. como aos outros do menor projeção nada aconteceu como medida punitiva ante ao atropelo do DL do PC.

Mesmo assim, o povo continuou em sua ação fiscalizadora. E aí, faltou o órgão a quem competia dar respaldo e atender as denuncias dos "fiscais do Presidente". Vocês recordam, quão maçante era conseguir ligação com o 198? Lembram que o Superintendente da SUNAB de São Paulo, que mandou tirar o fone do gancho e não deu andamento aos processos de autuação. O mesmo foi destituído do cargo, mas, só isso? O que lhe aconteceu como medida punitiva? Puxemos pela memória:vimos que a polêmica SÜNAB e Cimento, quem saiu vencedor?

Não demorou muito e o próprio governo se incumbiu do jogar água fria na fervura, que a essa altura já não estava a 100° e, com o rótulo do empresti­mo compulsório, majorou os combustíveis. Paralelamente, também a indústria iniciou a mandar seus produtos aos "Salões do Beleza", do onde saiam com outra maquiagem e, quem pagava e paga somos nós os consumidores. E a impunida­de, continuou com sua marca registrada nacional.

Nesse estado de situação, nossos Representantes acharam, por bem, majorar seus subsídios com efeito retroativo a janeiro, precisavam se capitalizar, o novembro se aproximava. E com isso jogaram mais água fria na euforia do assalariado.

Aproximavamo-nos do 15 de novembro e amargávamos já, a fila da carne, dos ovos, do leite, do frango (lembram que não faz muito tempo e os criadores incineravam milhares de pintos, pois não havia consumo que justificasse a criação de tantos futuros frangos), mas como consolo, ouvíamos as promessas de que não vai faltar produtos nas prateleiras, carne nos açougues e inclusive a ameaça de aplicação da Lei Delegada nº 4.

Todos nós já conhecemos os resultados dos acordos de cavalheiros, nos quais, o que há realmente é um acordo de cavaleiros, que se combinam para usar como montaria o parco salário do trabalhador.

Bem, chegamos a novembro e o Partido que dá sustentação ao Poder Executivo, necessitava ir aos píncaros, pois 87 é o ano da Constituinte. Então, para impressionar, confiscou algumas reses. Mas, alguem deve ter cochichado no ouvido do Poder: “olha lá o que estas fazendo! Incontinente os confiscos foram suspensos.

Nesse estágio, o ágio está dessiminado. A SUNAB prende consumidor que denuncia varejista. Mesmo assim, o povo dá, com bondade infinita, um voto de confiança e sufraga o Partido da situação. Muitos cruzados foram gastos para seus candidatos chegarem ao Poder (você conhecia politicamente o deputado estadual mais votado do Pará?) não!, nem eu. Aí  nem bem passou 7 dias do pleito e o governo se esqueceu que prometia manter o congelamento e com essa amnésia, iniciou por majorar suas mercadorias: telefone, luz, correio, combustíveis mais uma vez e etc... E com isso, congelou realmente a euforia de todos os “fiscais”.

E assim, como nenhum  “Tubarão” foi preso, como ninguem conteve o ágio, como o governo não se governou em seus gastos. Recebeu o integral apoio do povo, mas não apoiou seus fiscais, portanto, por falta de macho, “NÃO DEU CERTO’ e, jamais dará. Nem o pacto social sairá. Pois num pacto, onde somente o trabalhador é quem paga o pato sempre, isso também não tem que dá certo.
Lúcio Reis

Belém, Pa,10/10/1986

CONSTITUIÇÃO

No dia 01 de fevereiro 87, conforme programação veiculada pela Imprensa Nacional, instalar-se-á neste País, mais uma Assembleia Nacio­nal Constituinte, para num período de 218 dias, espaço compreendido entre a data de sua instalação e o dia 07 de Setembro, quando há   a pretensão de que o Presidente da República, promulgue a Nova Carta Magna Brasileira, escreverem a Constituição de 1987, que regerá nossos destinos nos anos que se seguem.
Conhecendo, como conhecemos,a politica que nossos representantes praticam, se muito me engano, ouso em arriscar o palpite de que ainda não será em 87, que teremos a nossa "Bíblia" das Leis Nacionais. Pois analisemos os dados que se nos oferecem: 
- Dos 218 dias disponíveis, ficam os mesmos restritos a 150 dias, isto se a Constituinte "trabalhar" em julho, época de recesso parlamentar, pois serão 68 dias, relativos somente a sábados, domingos e feriados, portanto, no meu entender, muito pouco tempo para se construir um feito importantíssimo, como é uma Constituição;
- Imaginem, que somente a polémica em torno do nome daquele que presidirá a Assembleia, já rola por vários dias, desde que se definiu os resultados das urnas de 15 de novembro, sem que um consenso tenha sido alcançado;
- Diante do acima, pode-se prever o que sucederá, quanto os temas: Reforma Agrária, Saúde, Habitação, Educação, Alimentação, Salário e Mandato Presidencial, entrarem à pauta de discussão, pois os mesmos, principalmente o primeiro, envolvem interesses de grupos econômicos, aqueles, que mesmo saindo João e entrando José, continuaram a nortear o destino desta Nação, transformando-se em inimigos nº l do Plano Cruzado e portanto, da Sociedade Brasileira, culminando por derrotarem o tão festejado plano de 28 de fevereiro de 1986.
- Os temas: privilégios, impunidade através da imunidade, bem como o Art. que trata da remuneração do parlamento, este sim, facilmente e sem embargos, serão aprovados e assim, sob a proteção do um mandato todos terão condições de se tornarem, os que ainda não forem, fazendeiros, latifundiários e depois venderem suas reses com ágio;
- Sabe-se, por outro lado, que assuntos relevantes, como Código Penal e tantos outros, hibernam há anos dentro do Congresso e com isso o povo vai pagando de todos os jeitos a mínima vontade de nossos parlamentares de cumprirem a contento a finalidade primordial a que se propuseram nos palanques.
Portanto, num gesto até de boa vontade e, sem incoerência, mas contrariando todos os indícios de que a Lei Maior nascerá este ano, admitimos que seja aproveitado o esboço que a Comissão de Notáveis já montou, que se acrescente, que se risque alguma parte, mas que se promulgue depois de um plebiscito popular.
Lúcio Reis

Belém, Pa,  02/06/1986.

Pleito eleitoral

O Liberal em sua edição de 18 de janeiro, publica em sua pag. 4, uma crônica do Ermo Sr. J. Passarinho,Senador eleito no último 15 de novembro, na qual faz referência sobre votos em branco, naquela eleição, tomando como pontos básicos: apreciação de jornais de São Paulo e Rio, assim como o protesto de uma universitária, tornado público em revista nacional de grande tiragem.
Na qualidade de cidadão consumidor, contribuinte e leitor, gostaria também como eleitor, caso essa Redação me permita, de tecer alguns comentá­rios sobre o tema. Benevolência concedida? Ok! 
- A Imprensa Brasileira já trouxe a público, resultados de pesquisas populares a respeito dos índices de credibilidade de nossos políticos e, in­felizmente os resultados são os mais desastrosos e desabonadores possíveis . Independente de qualquer pesquisa, basta que assistamos os noticiários, leiamos os jornais ou que observemos os veículos que trafegam nas vias públicas e que se destinam aos poderes constituídos, para se ter a ratificação das pesquisas.
- É bem verdade que existem os representantes sérios, honestos, e que por certo não compactuam com: os Trens, as Kombi, os Fuscas e as Bicicletas da Alegria; que rejeitam o jeton, quando não comparecem às sessões em Plená­rio; que não sabem, não gostam e não querem tocar piano; que votam contra a majoração de seus subsídios num percentual de 110, enquanto o salário ficou congelado, pois ele está ali por ser um patriota; que em sendo pecuarista, mesmo que o comprador queira pagar seu boi com ágio ele não recebe; que também é contrário ao alto salário que ganha como representante, enquanto o de seu representado é irrisório; que repudia a ideia e a prática de Marajás aqui, pois não estamos na Índia; que é contrário a suspensão das sessões a título do qualquer pretexto; que não aceita toda e qualquer forma de mordomia; que não adjetiva seu par, tratando-o de Sua Excelência é um moleque, irresponsável, corrupto e por isso não vai ao desforço físico dentro do Parlamento. Em fim, poderíamos ocupar páginas e páginas enumerando partes negativas e que depõem desfavoravelmente contra nossos políticos.
- Se os parlamentares brasileiros passassem para o lado da ca e fre­quentassem as rodas de conversa daqueles que cumprem uma jornada de trabalho de 8 horas diárias, quer como empregador, quer como empregado, tendo o primeiro uma enorme taxação de impostos e etc e, o segundo a contrapartida de um salário que não compra nem 10 kg de carne e, que se desloca em transportes coletivos de péssima qualidade, enquanto o homem do poder usa sem a mínima austeridade o veículo, o combustível, tudo custeado pelo miserável contribuinte e ainda permite que o mesmo se transforme em automóvel particular do motorista, pois é rotina diária e sistemática em fins de semana e feriados, vermos os carros oficiais em balneários, assim como trafegando com destino aos subúrbios conduzindo o motorista para sua casa. Se o político entrasse na fila para comprar qualquer tipo de alimento e ter que desembolsar preço acrescido com ágio, procurasse a SUNAB e depois constatasse que nenhum desrespeitador do congelamento de preços está preso, por certo que ele não votaria em branco, mas sim nulo, como uma maneira de dizer de sua descrença na política e no político nacional.
- Dizer-se que o brasileiro prefere o gozo do feriado do dia da eleição e, por isso pleteia a desobrigatoriedade do voto, como uma atitude irresponsável, não creio que esta classificação seja a mais adequada. Será que quem só tem direito a 30 dias de férias depois de 12 meses de trabalho não é mais merecedor de aproveitar qualquer dia vermelho, do que aqueles que tem férias em julho, dezembro, janeiro e fevereiro e que são contumazes em “enforcar” dias imprensados por feriados e deixam os assuntos de interesse da sociedade rolarem meses, anos e etc nas gavetas do Congresso?
- Será que o cidadão depois de ouvir as promessas dos palanques feitas pelo seu candidato, inclusive a de cumprir o estatuto de seu Partido, sufraga aquele aspirante ao cargo de legislador e o vê eleito. E já nesta condição não cumpre o prometido, troca de Partido, faz aliança com aqueles que ele (candidato) queria ver a caveira e um grilo cantando dentro e, assim mesmo, esse político ainda deve ser merecedor de crédito? Pois, político não muda de Partido, ele se mantém no Poder.
Frente a tantos fatos, a volta a Idade Média, não será pelo gosto do povo, pois o governo emana do povo e em seu nome será exercido. Só que essa teoria, na prática brasileira é assim: o governo emana do povo, é exercido por seus representantes em proveito deles mesmos. Muda Brasil!

Lúcio Reis

Belém, Pa, 02/06/1986

 URNAS A 15

 Ao ler, neste domingo p.p., a crônica do Sr Emir Bemerguy, “Urnas a Vista”, resolvi emitir a presente, com intuito, também, como cidadão, de contribuir e cooperar, apesar de saber, ser eu “uma gota d’água” nesse oceano de desconhecimento e análise prévia, bem como do comportamento e feito daqueles que tentam a reeleição aos cargos representativos proporcionais e majoritários no próximo 15 de Novembro.
Ao ver e acompanhar o desempenho, não de agora, mas de há algum tempo, de nossos representantes, não só em âmbito local, mas, em termos de País, chega-se a triste conclusão de que eles não representam em nada os interesses comuns da sociedade, mas sim, são autênticos auto representantes de seus interesses e de suas famílias, assim como daquela camada social que, infelizmente, não tem acesso aos noticiários, ainda acredita nas promessas do aterro de rua e fica satisfeito com uma camiseta.
Acredito que, se todos nós (povo) tivéssemos conhecimento da relação dos quadros funcionais dos órgãos e repartições estaduais, municipais e federais, iríamos constatar que muitos (a maioria) sobrenomes são idênticos aos sobrenomes de nossos atuais representantes, caracterizando o auto beneficiamento, isto sem nos referirmos ao tráfico de influência, ao burlamento dos textos legais, inclusive constitucionais, as incríveis e inacreditáveis incoerências comportamentais, onde ética, moral, austeridade e honra são itens ínfimos e desprezíveis, desde que se anteponham às subidas ao poder.
Votar em branco, a meu ver significa dizer que concordamos com qualquer um que for eleito. Portanto, para dizermos que não aceitamos mais a agressão das mordomias, da covardia dos altos subsídios (se um salário de Cz$804,00 pode atender – ou deve – as necessidades de um trabalhador, por que 5 (cinco) salários não seriam mais do que suficientes para um parlamentar? – da violência dos chapas brancas, dos poucos dias de trabalho e dos muitos de férias, dos concertos de piano, bem como dos jetons sem o correspondente trabalho, acho que devemos votar nulo, pois, a nós compete a mudança do cenário, já!
É bem verdade que existem homens sérios, responsáveis e preocupados em trabalhar patrioticamente em prol desta Nação. Todavia, enquanto não fecharmos as portas aos aproveitadores, sugadores e usurpadores do poder e assim,  abrirmos as portas àqueles patriotas, que até então não entram e se dizem ainda vacinados contra política, porque a lama é grande demais, logo, a nós é devido sanear o ambiente e o dia é 15 de Novembro, dia Nacional da Faxina Democrática e de erradicação do vírus politicagem.
Sabemos, é bem verdade, que mudar ou transformar o esquema vigente é difícil, mas se ninguém tentar e deixar a omissão seguir junto, fica impossível e assim, não se elimina a incompetência, não se suprimi o desmando, o desserviço e se erradica a inversão dos valores.
Logo, entendemos que a subestimação que até agora foi dada ao real valor da força da maioria, a única capaz de ditar as regras do jogo, já deve ser apagada da mentalidade da minoria, que não corresponde a confiança do povo. Se não, teremos uma constituinte baseada em estivas de madeira, de aterros de baixadas, de camisetas, tudo isso pendurado no chaveirinho da promessa de palanque.
Lúcio Reis
Belém, Pa,  29/05/1986

SUBSÍDIOS

A Câmara Municipal de Belém, votou e, por unanimidade, também, aprovou mais um desserviço ao povo deste Município – a majoração de seus subsídios em 70% - dentre  tantos outros desserviços, que digamos, infelizmente não ser um privilégio de nosso LEGISLATIVO Mirim, mas uma característica de todos os nossos representantes no Poder Legislativo, quer no âmbito Federal o Congresso Nacional, quer Estadual e Municipal.
O desserviço fica caracterizado, quando se sabe que o Legislativo não produz receita. Eles alegam a existência da Lei Complementar nº 50. Só que eles esquecem de declarar que a mesma só beneficia a eles próprios e, automaticamente acrescenterá o ônus ao bolso dos munícipes através dos impostos e taxas que o Executivo terá de arrecadar e repassar para que seus altos salários (subsídios) sejam pagos, e assim, ficaremos mais tempo com ruas esburacadas, rede de esgoto uma calamidade, coleta de lixo deficitária e tantos outros itens básicos, relegados a um plano secundário. Em outras palavras: “É uma grande maioria ganhando baixo salário, contribuindo para que uma pequena minoria tenha um alto salário”.
Quando se sabe que um edil passa a ganhar Cz$1.072,50 por hora, muitas das vezes sem ter sentado num banco de escola, a não ser pelo tempo necessário à aprender a ler e escrever e, ao mesmo tempo vê-se médicos anestesistas pedindo descredenciamento da Previdência em função dos incompatíveis honorários (face a seriedade e responsabilidade do serviço que presta), para os quais se prepararam por mais de 5 (cinco) anos, conclui-se obviamente que a carroça é que está puxando o burro.
Toma-se os anestesistas como exemplo, mas poderiamos citar tantos outros profissionais com curso completo, muitos desempregados e outros tantos empregados em ramos diferentes aos que se propuseram ao galgarem os portões de uma Universidade após a guerra do vestibular e, percebendo um, um e meio ou dois salários por mês.
Ao saber-se que um vereador receberá CZ$32.000,00 por mês e por apenas 32 horas, verifica-se evidentemente que estamos sendo vitimas de uma absurda covardia e agressão aos nossos direitos de contribuintes.
Tem-se conhecimento, outrossim, que as pautas de serviços dos Legislativos deste País, vivem sistematicamente  congestionadas. Puderá: eles suspendem uma sessão por qualquer motivo banal, sem contar com as inúmeras que não realizam por falta de quorum e que no final do período provocam sessões extraordinárias, onerando mais ainda o erário. Assim como se sabe que todos trabalham 12 meses para gozarem um de férias, fazendo uma jornada de trabalho de 8 horas diárias, ao passo que um parlamentar tem apenas 8 meses destinados a trabalhar (não significa dizer que realmente e necessariamente trabalhem) e 4 meses de férias, encontra-se aí, claramente, uma das razões de sermos um País sub-desenvolvido.
Portanto, quando se vê ou ouve senadores, deputados e vereadores, reclamando respeito ao Poder Legislativo, vê-se que nossos representantes (as excessões são mínimas), merecem cada um, um vidro de óleo de peroba como presente, pois só sendo cara de pau, para pensarem que todos somos imbecis e bôbos da corte. 
E assim, em 15 de novembro, digamos não a esses salários de marajás e às reduzidas horas de trabalho.
Lúcio Reis

Belém, Pa,16/04/1986

Publicado no Jornal O Liberal edição de 20/04/1986

 CORRUPÇÃO

Pelo desenrolar da procissão, tem-se a nítida impressão de que ha uma epidemia avassaladora de todos os princípios morais s e éticos, sem que até agora, alguém tenha tido a determinação de aplicar o remédio legal e assim, internar, sem titubeação e atendimento aos apelos influentes, todos aqueles que tem transformado as ações de moralidade, de austeridade, de honestidade, em virtudes agonizantes e, portanto, em franca falência.
A cada dia que se apanha um dos veículos de comunicação deste País, tem-se praticamente certeza de que teremos, nessa viagem leitura, a com­panhia de mais um novo caso de fraude, de malversação, de corrupção.
Ao longo de mais de duas décadas, convivemos com o câncer econômico, a inflação, corroendo nossos salários, matando inocentes de inanição pela falta do sustento proteico e, fabricando idiotas pelo insuficiente de­senvolvimento cerebral, em função da parca, deficiente e muitas das vezes ate, ausente ingestão alimentar nos primeiros anos de vida de uma criança.
Todavia, num piscar de olhos fomos presenteados com os DL 2283 e 2284 e, como se fosse um milagre, daqueles que o paciente já esta desenga­nado, deu-se a salvação e hoje respiramos o oxigênio da esperança de dias melhores ou quando nada, de que a situação não se agravará mais, na velo­cidade em que vinha ocorrendo.
Tomando a erradicação da espiral inflacionária, como o exemplo de comparação esperamos que o governo, através de seus três Poderes  (Executi­vo, Legislativo e Judiciário), volte os olhos e suas ações, não somente para desvendar e investigar os casos de corrupção, mas sim e principalmente, punir severamente, independente de status, esses subtraidores dos valores pú­blicos e com isso, portanto, conjugando ações fraudulentas no sentido de verem prosperar as desgraças sociais e assim ampliar a mortandade infantil precário atendimento pelo Órgão Previdenciário e, o que é pior, embolsarem descaradamente as divisas cambias que deveriam propiciar benefícios amplos a sociedade.
Corrupção de colarinho branco, verde, do pro álcool, da farinha de trigo. Do gênero alimentício e etc...Como se pode ver é um rol tão intenso, que se pode deduzir que houve e há uma opção generalizada em corromper e ser corrompido, como que houvesse uma total alergia e aversão pela honestidade, assim como há o pavor, o pânico pêlos males estigmatizantes.
Se o governo nomear o povo a ser fiscal, também, das ações de corrupção e lhe der os dispositivos de apoio, muita coisa vai melhorar neste País, a partir, inclusive, do próprio governo.
Lúcio Reis

Belém,Pa, 06/04/1986

CARTA

O Jornal O Liberal ha poucos dias, trouxe-nos uma reportagem de responsabilidade do Jornalista LúcioFlavio Pinto, na qual o Profissional usa como tema alguns trechos da carta de 15 laudas, que o Senador Jarbas Passarinho endereçou em 1982, ao então Comandante do 1º COMAR, onde (na carta) a figura central e o Ex-governador deste Estado Ten-Cel.  Alacid Nunes.
Como o assunto  veio ao conhecimento público, entendo ser um direito nosso - cidadão leitor - tecer comentários, aferir os fatos e até emitir opinião, tendo em vista que os protagonistas dos acontecimentos, estão diretamente ligados vinculados ao presente e ao futuro deste Estado, por serem militares ligados a história deste Estado e as matérias de abrangência popular. Quanto ao passado, só servirá para extração de lições, comparação com os fatos presentes e precau­ção ao futuro.
Dado a seriedade e gravidade que certos acontecimentos espelharam ao emergirem, supôs e esperei que os mesmos fossem receber o tratamento devido e tivessem a repercuçao correspondente. Todavia, ao que parece, foi selado um acordo para que o véu do esquecimento caísse sobre eles e a opinião pública fosse vetado qualquer consequência dos mesmos, que se revolvidos, muitos germes patogênicos surgiriam, tal o estado de putrefação que o tecido apresentou e exalou.
Um dos itens que me chamou atenção, dentre todos, é a facilidade e a convicção com que se loteia distribui os cargos eletivos, quer proporcionais ou majoritários, como que a vontade e escolha popular que sairá das urnas é fato consumado e unicamente dependente da vontade e planejamento do candidato, numa total inversão de tudo aquilo que se sabe – ou não se sabe nada - sobre eleição, onde o que prevalece é a escolha e a vontade livre e soberana da maioria. Será que ha manipulação na boca, na língua e nos dentes das urnas?
Verdade   inconteste,   não  temos   líderes.   Temos   profissionais   da   coisa publica, que, com certeza, se perderem a vaca das tetas de ouro, vão passar por maus bocados. E tanto isso é verdade, que hoje, aquele que foi o maior partido da America Latina, quando no poder, se encontra nos estertores do coma do desaparecimento, tal a debandada geral. Logo, pode-se con­cluir, dizendo: “Politico Profissioal não muda de partido, mas sim, se mantém no Poder”. É isso que mostra a prática no dia a dia.
Continuísmo, portanto, é bandeira de luta, quando o pretendente não montou a sela no Poder. Porém, depois de lá chegar, não quer mais apear de jeito nenhum. Isto se vê, inclusive nos Sindicatos e etc... Agora mesmo, o Sr Deputado Ulysses Guimarães se reelege pela 7ª vez presidente do PMDB, será que quando do seu desaparecimento, o partido irá a falência? Pois parece que só ele o sabe presidir. Os “lideres” sindicais, seus nomes os conhecemos de cor, de tanto continuarem nos cargos, Você, caro leitor, com certeza sabe de quem se trata os seguintes nomes: Joaquinzão, Lula, Levy, Meneghelli, Jair,Flores e tantos outros, que com poucas exceções são profissionais de planejar,desencadear greves e essa atividade apresentar como trabalho.
Mas, vem aí o 15 de novembro. Agora, há uma tomada de conhecimento do sabor da cidadania. Não temos mais dúvidas de quão é invencível nossa força. Elegeremos, se Deus quiser, patriotas, interessados no beneficio dos bolsos de todos nós e não nos seus próprios. Escolheremos aqueles que sabem se espremer e suar num coletivo urbano e, diremos não aqueles que estão a cata de um carro chapa branca com ar condicionado e de receber jeton sem comparecer ao local de trabalho.
Ruy Barbosa que nos desculpe: não queremos mais ver triunfar as nulidades, prosperar a desonra, crescer a injustiça e agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus. Resolvemos nos animarmos na virtude, aplaudirmos a honra e não termos vergonha de sermos honestos.
Lúcio Reis 


Belém, Pa, 03/04/1986

VIUVAS    DA    CORREÇÃO     MONETÁRIA

A passeata sobe a Av. Presidente Vargas, portando faixas, nas quais se lê: "Abaixo o Pacote”! "Fora o DL 2284”; "Queremos de Volta a Correção Monetária" e etc...
Pois bem! A altura do Cine Palácio, alguém, dos que como eu olha os barulhentos protestadores, pergunta: Quem são aqueles poucos, que compõem aquele bloquinho? Outro assistente, postado na parada do onibus, responde de trás: “São as viúvas da Correção Monetária!”
Elas são as únicas interessadas em que o pacote não dê certo, pois somente assim, terão de volta a CM e através do capital improdutivo e imobilizado na aplicação no mercado aberto, retiravam o lucro sem trabalho, que lhes dava condições de realizações de cruzeiros pelas Ilhas do Caribe, excur­sões europeia, pacote turístico pela Terra do Tio Sam e etc...
É claro que a passeata acima, é ficção, pois essa elite não compare­ce a Super Mercado, não encomprida fila de Banco ou dINPS, que dirá fazer passeata reivindicatória. Ela manda alguém às compras, pois simplesmente a massa lhe causa ojeriza. Muitas das vezes seus enviados tinham a orientação de pagar mais caro, para fugir da espera e assim do convívio com o povo,  inflacionando ainda mais, com essa atitude e, por conseguinte dilatando o índice de CM. Esses privilegiados, mesmo que fossem às compras, jamais portariam relação de tabelamento da SUNAB, pois isso seria um acinte à sua pseudo imunidade econômica. Todavia, quantas vezes não pechincharam por importâncias irrisórias em relação a uma contra prestação de serviço?
Felizmente, diferente de todas as medidas ate hoje tomadas, que somente beneficiavam o pico da pirâmide social, o pacote dá um tratamento diferen­ciado para todas as categorias e classes sociais e eis aí a razão da ira, do enfurecimento densa minoria, pois seu descontentamento será insuficiente para derrotar a força superior da massa, que descobriu o sentimento de cidadania e seu real valor e importância como contribuinte  e consumidor.
Diante da supremacia e relevância, que é a maioria, ou seja: o povo, o qual entendeu, atendeu e aderiu maciçamente ao chamamento de Sua Excelên­cia, o Poeta-Presidente, a quem foi dado todo apoio e força, ratificados pe­la ação popular, nesse plano de inflação zero, o que se configura e caracte­riza pela mobilização da sociedade. Portanto, qualquer investida, a exemplo, dentre outros, do que já houve, logo nos primeiros dias da vigência do paco­te, com a divulgação de boatos, jamais vingará, pois a resistência e a bar­reira humana é invencível e intransponível e, estamos atentos a essas tentativas de nocautear o cruzado e nos levar a lona da correção monetária.
E assim, seria interessante que esses capitalistas fizessem um pool com objetivo, por exemplo, de reaquecer o mercado imobiliário com a construção de novas unidades habitacionais, destinadas às rendas baixas e intermediárias o que, teria como consequência direta, absorção de mão de obra da construção civil, circulação de renda, poder aquisitivo em maior número de mãos, gerando mais impostos, mais empregos e por consequência todos lucrando e o País progredindo.
É tempo de que haja uma conscientização, que hoje é tempo de produção e não de especulação. Acabou a época do ganhar fácil. Inflação, o câncer do salário mínimo, foi destruido pela quimioterapia do cruzeiro, do tabelamento e do congelamento
Agora é a vez da maioria.

Lúcio Reis

Belém, Pa, 15/03/1986

A Direção Geral
RÊDE GLOBO DE TELEVISÃO
Rua Von Martius nº 312 - Jardim Botânico
CEP 66000 - Rio de Janeiro - RJ
Referência: Projeto "CIDADÃO FAÇA A CONSTITUIÇÃO"

Já foi dito por alguém: "Politica é assunto sério, para ser tratado e ficar nas mãos dos politicos". Por analogia, pode-se concluir: "Constituição é problema seríssimo, para ficar nas mãos de uma Assemble­ia Nacional Constituinte, composta por políticos".
Em função do acima, gostaria de levar à apreciação desse Im­portantíssimo Veículo de Comunicação, a ideia abaixo, em relação a redação e a constituição de nossa futura Constituição, em virtude das considerações a seguir:
- Tendo em vista o retorno, ou melhor, o despertar do sentimento de cidadania, provocado pelo DL 2.283, editado à 28 do mês p.p. e substituído pelo DL 2.284, com a implacável fiscalização do povo e maciça atenção e atendimento à nomeação de Sua Excelência, em que cada um seja seja seu fiscal;
- Tendo em vista o imprescindível apoio e força que essa Emissora emprestou ao Plano de Inflação Zero, de iniciati­va do Governo, força essa, sem a qual o êxito e o objetivo do Plano jamais seria alcançado;
- Tendo em vista que, a cada pleito eletivo, fica descaracterizada a representatividade popular em nosso Legislativo e, na próxima eleição não será diferente, em face da influência do poderio econômico — aliás, tão bem explorado por Roque Santeiro — estando, por tanto, aquele Poder a serviço de pequenos grupos a de uma minoria, que lhe dá  sustentação nas campanhas pré-eleitorais, logo, é um Poder compro­metido, lamentavelmente;
- Tendo em vista, por conseguinte, legislar ser uma das competências do Poder Legislativo, em prol do povo, do bem comum e da maioria, através das câmaras alta e baixa, representando os Estados e o povo, mas que, tristemente e para decepção de todos não vem ocorrendo e sim, há um propósito mórbido de auto beneficiamento.
Para a escrituração de nossa próxima Constituição o próprio povo liberaria e desobrigaria o Congresso desse empenho, via exposição dessa vontade, por intermedio de um plebiscito, que piamente acredito, sem nenhuma sombra de duvida, que o sim receberia a escolha da maioria, muito além da maioria absoluta;
SUGIRO:
- 1. Que essa Emissora e, todo o Sistema Globo de Comunicações, lance o Projeto: "CIDADÃO FAÇA A CONSTITUIÇÃO”.
- 2. O Projeto consistirá em:
- a) Apoiado num forte esquema de planejamento jornalís­tico, característica dessa Empresa, incluindo, obviamente, o Jornal e as emissoras de rádio, tanto AM quanto FM, no qual seria indispensável a participação do elenco e também todo o pessoal da administração, bem como o pessoal que não aparece nos vídeos de nossos aparelhos, para dar conhecimento dos textos da atual Constituição, acompanhado de comentários em relação ao lado positivo e negativo do mesmo, mostrando fatos concretos ou criados, para espelhar o espírito jurídico, que cada Artigo abrange, e assim, iria sendo difundido no seio da opinião pública as mudanças que se fazem necessárias e o que é mais importante, de baixo para cima;
 - b) Os jornais que têm convenio ou vínculo com esse Sistema, publicariam em suas edições diárias, um pequeno espaço recortável, onde viria impresso: nome do cidadão, CPF, Título de Eleitor com o nº e a zona, endereço completo e espaço para exposição da ideia a ser incluida ou a constituir artigos, §§§ da Nova Lei;
- c) Assim como era feito uma triagem das cartas endere­çadas ao "Povo e o Presidente", da mesma forma, uma equipe selecionaria as idéias e as agruparia em bloco Inerentes ao mesmo assunto. As ideias seriam transformadas, por juristas para linguagem própria e que resguardasse o espírito da opinião popular. Após a transformação, os jornais publicariam, como ficou aquele agrupamento de ideias e quais os cidadãos que contribuíram para a formação daquele artigo legal, ficando assim, valorizada a participação e a importância de cada opinião. Essa publicação seria feita nos jornais dos Estados de origem da ideia;
- d) O Projeto "CIDADÃO FAÇA A CONSTITUIÇÃO", seria lançado ainda este ano, para que no final de 1987, o Congresso tomasse conhecimento do novo Texto Legal e o levasse à promul­gação do Executivo, pois a essa altura a nossa Lei Máxima, já teria sido dada conhecimento à opinião pública, que novamente, mediante a um novo plebiscito, para que não sobrasse duvida de sua legitimidade, ratificaria o resultado de nossa nova Carta Magna e assim a promulgação Presidencial seria o atendimento de questão formal, pois ali, naquele Documento estará a expressão inconteste da vontade do povo.
Acredito que com isso, esse Sistema Internacional de Comunicação estaria dando valiosíssima cooperação na construção desta Nação, entraria e faria sem dúvida, mais uma vez, para a História do Brasil.
O patrocínio, tenho certeza, não será dificil, face a abrangência do tema, apesar de ser um projeto arrojado e audacioso, salvo melhor juizo, porém, de interesse do mais simples operário ao mais ilustre industrial ou banqueiro, cujas idéias não mereceriam nenhum tratamento diferenciado ao aquele dado a ideia do desconhecido assalariado.
Como no decorrer desses anos, nossos congressistas, tendo em vista: os trens da alegria, o beneficiamento com altos salários aos amigos e familiares, o recebimento indevido de jetons, a autotransformação em marajás do poder e tantos outros itens de agressão aos direitos e interesses da sociedade e do operário assalariado, reduziram sua credibilidade perante a opinião pública nacional, ao ponto de fusão do gêlo (a zero), se tornaram, por conseguinte, suspeitos e desacreditados para escreverem para nós a nossa Carta Magna, a qual, se ficar realmente sob a responsabilidade deles, não será uma Carta, porém, um bilhete que retratará sempre seus interesses próprios e dos grupos de minorias que lhes deram sustentação financeira nas campanhas eleitorais.
Com o Projeto “Cidadão Faça a Constituição”, teremos, democraticamente, no sentido literal, o povo fazendo suas leis, e assim, o Poder emanando da massa, para ela dirigido e por ela exercido.
Contando desde já, com a atenção e estudo que darão a sugestão supra, pois acredito ser possível sua concretização e entendeo não ser uma utopia, pois o que hoje é mentira amanhã pode ser verdade, assim foi com a inflação, que até o dia 27 de fevereiro, era uma loucura dizer que a mesma seria zero em março e agora, já admite-se até a deflação, portanto, meu muito obrigado.
Atenciosamente
Lúcio Reis
PS O acima foi enviado ao destinatário em 18 MAR 1986, com Registro EBCT 042324





Belém, Pa, 13/03/1986

Publicado no Jornal O Liberal de 18/03/0986

DEPOIS DO PACOTE

Já se passou alguns dias da entrada em vigor do DL 2.283, agora substituído pelo DL 2.284, que na sua essência se equivale aquele.
Com a ação implacável do povo consumidor, podemos neste momento iden­tificar e ratificar nossas desconfianças, de quem era e quem continua querendo ser o inimigo nº 1 (um) da população.
A atitude desrespeitosa ao tabelamento e ao congelamento dos preços demonstra o desespero e espelha a frustração de não poder mais agora, sub­trair gananciosa e avidamente o parco salário da comunidade, por parte de incompetentes varejistas, que para poder custear o turismo europeu e na Terra do Tio Sam, seu e de seus familiares, só sabia praticar o comércio da especulação e do ganho fácil com a superposição de remarcação, que formava, como todos nós tivemos oportunidade de comprovar, uma pirâmide de etiquetas no produto a ser comercializado.
Esse comportamento de lucro por sobre lucro, ficava ainda mais condenavel, quando se sabia que esse Capital da desgraça social e do infanticídio alarmante, ia diretamente, também, para a especulação no Mercado de Capita­is, com aplicações no OVER e no OPEN, ao passo que a remuneração paga ao funcionário que relevantemente é o lado prático e mais sacrificado da his­tória, não  condiz e não corresponde em termos justos ao merecimento, ao, ­desempenho e às necessidades funcionais do auxiliar.
Nesse estado de coisa a concentração de lucro em uma só mão, passou a ser uma verdade e um fato inconteste. A tão propalada distribuição social de renda, era só figura de linguagem de retórica. E assim rico ficava mais rico e pobre cada vez e inapelavelmente mais pobre ficava.
A consequência de poder econômico concentrado nas mãos de poucos, se tornou um flagelo para a classe media e o extermínio da base da pirâmide so­cial, pois junto com esse poder caminha o tráfico de influência e foi cria­da a impunidade e a impunidade pelo privilégio de ter uma polpuda conta ban­cária e um vultoso saldo no Mercado Aberto, havendo por conseguinte uma deterioração moral dos costumes e a cada pleito eletivo, tantos os cargos majo­ritários quanto os proporcionais, passaram a ter uma considerável elevação do custo das campanhas eleitorais, desqualificando, deste modo, a representatividade popular e se tornando, desta feita, a representação de pequenos grupos, de interesses de minorias em detrimento da massa.
Prender gerente ou o funcionário subalterno é valido. Todavia, o efei­to seria muito mais positivo se o dono os donos é que fossem para a cadeia.
Tem-se a mania de justificar que a crise mundial é motivo da nossa crise, Pois bem, por que então não nos basearmos, como exemplo também, na Italia que enfiou atrás das grades e levou a julgamento, praticamente toda a mafia? Por que não nos espelhamos no Japão, que também encarcerou um 1º Ministro por ter se envolvido em corrupção? Por que não fazermos como o País que prendeu e multou o Reverendo Moom, por sonegação de impostos? Portanto, questiona-se: “Os exemplos ruins servem para nós, os bons não!”
O que se sucede neste País, é que somos viciados e dependentes psicologicamente de uma bola. Enquanto que, há, desgraçadamente, nas prateleiras do comércio da vida e do mundo, por sonegação, a falta de importantes e imprescíndíveis mercadorias, tais como: moral, justiça, imparcialidade e honestidade e, o que é pior: houve um congelamento total das relações de amor fraterno e respeito aos direitos do semelhante.
Para reverter o processo é fácil: basta lembrarmos de não esquecer e nem esquecer de lembrarmos que existe, como existiu e existirá sempre, o Perdão Maior e colocá-lo no nosso dia a dia. Ficará tudo mais fácil. Tente!
Lúcio Reis



Belem, Pa, 05/03/1986

Publicada no Jornal O Liberal de 08/03/1986

D. LEI 2.283 – PACOTÃO

O Brasil é um Gigante que caminha a passos largos. O Brasil chegou e esteve a beira do abismo. O Brasil não caiu porque é maior que o abismo. Estas foram frases que surgiram, em épocas não muito distante e que retratam a fase do milagre econômico brasileiro e depois a situação crítica, advinda com a crise energética, que teve como estopim as  desenfreadas e sistemáticas altas do barril de petróleo. 
Daí por diante a cratera do abismo foi enlarguecendo e sendo aprofun­dada  pela galopante inflação mensal, que iniciou ou deu continuação a um processo de ameaça em fazer este País afundar no caos econômico, aniquilar de uma vez, todos nós, povo contribuinte e consumidor.
Felizmente, a 28.02.86, veio a salvação. O DL 2283, que abriu um leque de soluções ao  da desestabilização econômica do Brasil. E assim, podemos declarar desde  já: “O BRASIL SALTOU POR CIMA DO ABISMO’.
Esperamos, que a Copa não desvie a atenção do arpão, e que o povo tor­cedor não tire o dedo do gatilho desse arpão, mirado que está,  em direção dos tubarões, que  muito vem abocanhando nossos minguados salários e com isso, retiravam  de nossas copas o alimento mínimo necessário a nossa sobre  vivência e a de nossos filhos.
Torçamos também, para que o poder econômico não dobre as forças punitivas que devam e tenham de cair, em cima daqueles, que agora, podemos ratificar, eram os operários que cavavam, com sua ganância do lucro fácil, o precipício que por certo iria nos engolir.
Acreditamos ainda, que agora,  o povo tenha-se conscientizado, descoberto e sentido quão poderosa é sua força. Que essa força não necessita de líder, aliás, vale até ressaltar que verdadeiramente, o que o povo não conta, na atualidade, com nenhuma liderança sequer, pois as assim autodenominadas estão preocupadas em pleitear e lutar pelos interesses de pequenos grupos ou até mesmo de seus próprios interesses,  legislando,  inclusive, às causas próprias.
Vimos acompanhando há muito tempo,  o uso de nosso sofrimento social, politico, financeiro e econômico, como brinquedo nas mãos daqueles que foram por nós delegados, com o objetivo de tratarem com seriedade nossas causas. Felizmente, temos agora, no Poder, um brasileiro acostumado com os, brinquedos e, por conseguinte, sabe que até para fazer brinquedo há necessidade de seriedade e por consequência não necessita de brincar com as coisas sérias do povo. Por isso mesmo, já podemos dizer: Dia 28 de fevereiro, o Piloto Sarney e o Co Piloto Funaro e o restante da Tripulação da Nave Econômica do Brasil, desviaram-na da rota do caos e a colocaram-na na rota ao futuro promissor.
O Pacote não tem matiz partidário de nenhuma das agremiações políticas que aí estão. Suas côres são o verde e o amarelo, que são as côres do povo desta Terra. Portanto, nos compete com toda seriedade e sem tendências extremistas, defendê-l0 e fazê-lo vigorar, abolindo as violências e lembrando que seu sucesso representa nossa tranquilidade a curto prazo. O Pacote é um presente para o povo. Esperamos que não se transforme em presente de grego.
Lúcio Reis

Belém, Pa, 18/02/ 1986.

Ao Exmo Sr.

Presidente da República Federativa do Brasil 

Sr. José Sarney
 

Brasília -DP
Excelentíssimo Senhor Presidente

Tendo em vista a política de austeridade, que V. Excelência vem implantando em seu Governo, o que já foi motivo de recente legislação, com o intuito de disciplinar ou até mesmo modificar o uso dos veículos das frotas oficiais, bem como, creio, ser um direito constitucional do cidadão, fiscalizar seus governantes, além da solicitação feita à co­munidade nacional para que observe os abusos e denuncie, vimos por intermédio da presente e com sua devida aquiescência, levar ao conhecimento desse Presidente, um fato que, salvo melhor Juízo,  entendemos ser de sé­ria gravidade, pelas circunstâncias argumentais e interpretativas que o acontecimento permite e que abaixo registramos:

- O fato: "Encontrávamo-nos no Balneário denominado Mosquei­ro, que dista dista desta Capital 70 Km, e está situado na Ilha, também, intitulada Mosqueiro, dia 15.02.86, sábado, por volta das 18:00 hs HBV, numa fila de carros, aguardando nossa vez para abastecermos, com nossos minguados 30.000 (Trinta Mil Cruzeiros), nosso automó­vel tipo Brasília, que até já saiu de linha de fabricação. Em nossa fren­te, Imediatamente o seguinte, estava sendo abastecido o carro oficial, tipo Del-Rey cor preta, Chapa nº 013 (TREZE), destinado ao 4º Secretário da Assembleia Legislativa do Estado do Pará, no qual o bombeiro do posto, o qual está localizado na Praça principal daquele distrito e, que recebe o nome de Praça Nossa Senhora do Ó, já havia depositado combustível sufici­ente para encher o tanque do veículo e passou a abastecer também, mais um recipiente com capacidade para 20 litros, e um outro com volume interior para 50 litros, perfazendo um total de 70 litros extras, ao dos que encheram o reservatório do carro.
- As circunstâncias argumentais e interpretativas: "Diante do fato, sentimo-nos agredidos e violentados nos nossos direitos de sim­ples cidadão contribuinte e consumidor, logo de suma relevância, pois enquanto nos esmeramos no sentido de não estragarmos e usarmos o estritamente necessário, presenciamos in loco o Poder usando e abusando e, quem sabe, no caso se apropriando indebitamente ou sendo conivente para que isto suceda? Frente ao aviltamento que eu e os demais éramos vítimas, de­sabafei, pilhereando: Eta mordomia, paga pelo povo! Foi o suficiente para que o condutor do veículo, ou responsável pelo mesmo, pois era quem com sua assinatura aposta nas notas, assegurava o pagamento polo Poder, da­quele privilégio, me respondesse: ISTO É A NOVA REPÚBLICA, QUEM MANDOU VOTAR NO HOMEM, TEM QUE SE ESTREPAR, QUEM MANDOU SER OTÁRIO E BURRO E TER VOTADO NOS HOMENS; OLHA Al CARRO NOVO ( O DO PODER ) E, OLHA AÍ CARRO VELHO (O MEU), OTÁRIO. TEM MESMO E QUE SE F.....!

Diante dessa lisonja, própria do submundo frequentado pelo Escadinha e tantos outros, ainda tentei esboçar a pequena reação ao dizer: Isto pode acabar. Mas, ao perceber o nível rasteiro do funcionário (?), um cidadão claro, barbado, que trajava calça jeans e camisa esporte e, o seu sintoma de embriaguez alcoólica, pois era até, um dia não útil, optei em calar-me e tomar esta iniciativa, levar ao conhecimento de alguém.
Sei da independência dos Estados em relação a União, face a Federação, mas acredito, pois todos nós precisamos acreditar e confiar em alguém neste País e é imprescindível não deixarmos morrer em nossos corações o amor pelo Brasil e orgulho de sermos filhos desta Pátria, por causa de nossos maus compatriotas e irresponsáveis auxiliares. Portanto, entendo, que V. Excia., não deixará que a denúncia seja em vão e que meu objetivo em cooperar seja debalde.
Entendo, por outro lado, que o fato caracteriza um desvio ilegal, pelas seguintes razões: A distância de 70 km desta Cidade, não justifica o abastecimento extra tanque de mais 70 litros, apesar de ser um dia não útil, mesmo porque os postos localizados em áreas fora da zona urbana têm seu funcionamento facultado, inclusive nos feriados.
A outra irregularidade observada, colocava em risco a vida das pessoas e outros veículos e dos transeuntes, foi a de conduzir inflamáveis naqueles depósitos totalmente abastecidos e dora do tanque, no interior  de um carro oficial, dirigido por um motorista movido a álcool etílico.
Sei, outrossim, que este problema, em comparação ao volume de seríssimos obstáculos que V. Excia., tem a transpor, pode ser até insignificante, porém, entendemos que corrupção será sempre corrupção, tanto faz em menor ou maior escala.
 Queremos acreditar em V. Excia., precisamos alimentar a esperança e mudarmos a interpretação de que Governo é sinônimo de decepção para o povo. Não devemos e não podemos entender que Nova República seja a mesma coisa que corrupção e malversação do erário. Queremos, também, que o “MUDA BRASIL” dos palanques e praças públicas, seja uma realidade e que nós, povo, nessa metamorfose, nessa transformação, não sejamos apenas uns OTÁRIOS e BURROS.
Precisamos do Brasil, para os 130 milhões de brasileiros, bem como os privilégios e o bem comum e não, para o desfrute de uma pequena meia (6) dúzia
  Atenciosamente    

Lúcio Reis

O telegrama abaixo foi a resposta da Presidência da República ao expediente acima:
 

 
Nota do autor: O fato abaixo, espelha bem o entendimento que homens públicos e seus auxiliares tem em relação ao cidadão eleitor em nosso País e, olhe que já se passaram 28 anos e nada mudou!

Belém, Pa, 16/02/1986

Assembleia Legislativa

Ter baixo salário, não ter condições de encher o tanque do carro, não poder trocar de carro todo ano e assim, possuir um automóvel com peças corroídas pelo tempo, são o ônus que se paga por ter optado em ser um cidadão honesto e viver do trabalho legal e não ter vergonha de enfrentar cara a cara, olho no olho os filhos e acima de tudo ter o orgulho de deixar como herança para a prole um viver de honestidade e probidade, além do respeito pelos direitos do semelhante, porém, não ficar preocupado com a mudança da situação politica do País, do Estado e do Município.
Tudo o acima até se compreende e aceita, pois é uma questão de opção e saber escolher e dessa escolha não ter arrependimento nem queixa, mas, ser taxado de otário, e burro por termos exercido o direito do voto e ter esco­lhido os novos membros, os que compõem agora a Nova República, exatamente por um desses componentes, isso não podemos aceitar e calarmos passivamente, po­is nenhum cidadão e eleitor escolhe seu representante, para ser por ele enganado e até mesmo, que o mesmo contribua direta ou indiretamente para que a nossa situação de povo representado, piore cada vez mais.
Você deve estar se perguntando, o que tem a ver até agora o que foi escrito, com o o título da presente - Assembleia Legislativa?
Ao responder, solicito a atenção do Exmo. Sr. Presidente da República, do Exmo Sr Governador do Estado, do Exmo. Sr. Presidente e 4º Secretário da Assembleia Legislativa, pois acreditamos que não seja essa a orientação e nem que tenham conhecimento desse tipo de irregularidade e acredito também que as circunstâncias devam ser apuradas, uma vez que deixam transparecer o uso indevido do erário: "encontrava-me aguardando minha vez para abastecer, com meus CRS30.000 (Trinta Mil Cruzeiros), de combustível o tanque de minha Brasília, numa fila de veículos no Posto de Gasolina, situado na Praça Nossa Senhora do O na Vila do Mosqueiro, sábado dia 15 do corrente às 18:00 h HBV.
O veículo que abastecia e estava a minha frente era um DEL—REY, cor preta chapa 013, destinado ao 4º Secretário da Assembleia Legislativa do Es­tado, que desfrutava a tão propalada mordomia de ter seu tanque cheio, o que já tinha sido feito pelo "bombeiro" do posto. Além de ter abastecido também um galão com capacidade para 20 litros e mais um outro com capacidade para 50 litros, portanto, mais 70 litros de gasolina, além do que já havia sido depositado no tanque do carro oficial.
Enquanto os depósitos extras eram enchidos, o que não se entende, uma vez que se sabe da existência de cotas, o que implica em dizer, que bastava o tanque esvaziar e retornar ao posto ou a qualquer um outro e proceder o rea­bastecimento do veículo, a situação piora, pois se sabe também, ser proibido o transporte de combustível em depósitos extras e fora do tanque do carro, além da distância não Justificar a cota extra tanque, cujo pagamento do privilégio foi garantido com a simples assinatura do motorista nas notas do posto, pilheriei, entendendo ser um direito constitucional do cidadão: “Eta mordomia paga pelo povo”. Foi o suficiente para aquele condutor me responder: “Isto é a Nova República, quem mandou ser otário e burro em ter votado no homem. Tem que se estrepar, olha aí carro velho (o meu), tem que se fu.....
Diante desse nível rasteiro e próprio dos homens do submundo do crime e da marginalidade, pois assim que me pareceu aquele profissional do guidão – será que é? -, principalmente por ser a tarde de um dia não útil, num balneário e o mesmo com sintomas de embriaguez alcoólica, portanto totalmente impróprio para um funcionário do Estado, mesmo sendo um motorista; anotei a chapa e escolhi este caminho, trazer a público a ideia e o pensamento e o entendimento que tem de nós eleitores, os homens da Nova República, pelo menos esse auxiliar, um funcionário claro, barbado, com sintomas claros de embriagues etílica.
Portanto, como sei que a Nova República não é sinônimo de desonestidade e corrupção, espero, esperamos que alguma providência seja tomada, pois quando escolhemos nossos representantes, o fizemos e o fazemos, para que beneficiem a coletividade e não interesses particulares.
Lúcio Reis

Belém, Pará, 10/01/1986

Publicada no Jornal O Liberal, edição de 15/01/1986

"Tabelamento de preços"

Quando aumenta a procura, os preços finais dos produtos também aumentam, diretamente, porém, não proporcionalmente, mas sempre numa razão bem superior àquela procura. Quando a procura diminui, automaticamente os estoques não são consumidos e, por conseguinte a oferta passa a ser a maior e assim, os preços caem.
Parece, salvo melhor juízo, ser esta a lei que rege o comércio: "A da oferta e da procura".
A cada mês que se inicia, toma-se conhecimento que um determinado produto - "principalmente os de primeira necessidades" -, ou desapareceu do mercado ou teve seu preço final majorado, mesmo aqueles relacionados com período de safra, como é o caso da carne bovina, que mesmo fora da época da entressafra, chegou ao consumidor final com seu custo de varejo aumentado.
O Governo adota a política do não tabelamento dos preços, com o intuito de que seja praticado o livre comércio e, da concorrência pela menor oferta de preço a nível varejista, visando com isso o benefício da economia popular.
Sabe-se, por outro lado, por exemplo, que os supermercados têm sua Associação, que os panificadores têm seu sindicato, que os comerciantes lojistas são congregados por uma Entidade e, até os feirantes também, têm o órgão que reúne a categoria
Mesmo a despeito da política do não tabelamento, a INFLAÇÃO, que é medida. pelo índice dos preços ao consumidor, não foi reduzida, o que evidência, obviamente uma constante alta dos preços, que por sua vez vem caracterizar, sem sombra de duvida., que o objetivo do Govêrno, foi alcançado, porém, às avessas, pelo antônimo do que se propunha, ou seja: a economia do assalariado foi corroída pela traça do alto custo de vida e pelo cupim da perda do poder aquisitivo do salário e assim, o pobre ficou mais pobre ainda e cada vez mais.
Pergunta-se: Â atitude do Governo esta errada ou esta certa? Não! Não está errada. Porem, inadequada e jamais será conseguida a meta pretendida, pois nem mesmo os acordos de cavalheiros surtiram o efeito almejado. Explica-se, na qualidade de leigo: se o comércio está todo organizado, cada qual dentro de sua categoria, o que acontece? A cúpula da Entidade congregante, orienta ou determina: vamos vender nossos produtos por estes preços, quem infringir - e aí só vale como infringência a venda a menor - e a esse será infligido qualquer pena, ao critério da direção do Órgão e assim quem fica no prejuízo somos nós mesmos, povo consumidor.
Portanto, só restam duas alternativas como solução:1ª O Governo tabela e fiscaliza, mas fiscalização, com todas as letras e imparcial, eliminando, inclusive, os intermediários e não deixando que campeie a especulação de esconderijo do produto. E aquele que for apanhado, que seja incontinente trancafiado, e o produto seja posto a venda pelo preço de tabela do governo e ao mau comerciante seja conferido um diploma de inimigo nº 1 do povo.  A posse de mais uns 2 diplomas "amarelos", dará direito ao portador de um diploma "vermelho" e com este o mesmo será expulso, desclassificado e eliminado como varejista; a 2ª alternativa só compete a nós mesmo: boicotar os produtos que assaltam nossos bolsos, pois nossa força é muito maior e,  forte somos o mais importante, pois sem nossa presença, não existe comerciante e muito menos comércio.
Ressalve-se que o tabelamento, tem e deve começar pelas mordomias, para que se produza o respaldo moral e, de austeridade administrativa.

Liberação de preço num país de "tubarões", jamais será proveitosa para a população. O maior pedaço e o lucro em demasia, sempre será uma presa fácil nas "patas dos leões".
Lúcio Reis


Belém, Pa 04/01/1986. 

Publicada no Jornal O Liberal, Edição de 09/01/1986 - Coluna Cartas

"Vultos históricos"

Tendo origem, não sei aonde, há  muito tempo, tanto aqui "no Brasil, como em outros países, homenageiam-se os vultos históricos, os heróis e filhos ilustres da terra,. cunhando suas fotos nas cédulas de nosso dinheiro, acredito, com o intuito de propagar de geração a geração o nome e a imagem do famoso cidadão, assim como provocar o interesse pelo fato que o tornou figura de destaque e realce no seu torrão. Alguns merecem ainda, um busto, uma estátua. seus nomes denominam uma via ou algum logradouro público.
Assim foi com a . Almt. Tamandaré. com a Princesa Izabel, com D. João VI, D. Pedro I e II, Duque de Caxias, Barão do  Rio Branco e tantos outros, que hoje podemos ver em nossa moeda corrente como o Pres.. Castelo Branco, Rui Barbosa, Osvaldo Cruz e mais recentemente JK.
Como economia e política financeira, também fazem história, a INFLAÇÃO se incumbiu, através das sistemáticas valorizações  do dólar e consequente, desvalorização do nosso cruzeiro e assim, espelhar a influência, a força  a supremacia do "verde americano" sobre nossa frágil moeda, . de eliminar de circulação, tal o ponto nulo a que alcançou a cédula que circulava com a fotografia do Almt. Tamandaré. da Princesa Izabel. do D. João VI e vários outros..
Com isso, esse método de divulgação de nossa história e do feito heroico, cultural, científico, social ou politico de nossos mais distintos compatriotas foi recolhido à Casa da Moeda e incinerado. ficando no total esquecimento de gerações posteriores, deixando a estas somente os ensinamentos de sala de aula e as denominações e os espaços públicos que receberam o nome do vulto histórico.
Por isso, como continuará nossa moeda sendo desvalorizada, seria interessante que se abolisse essa prática em relação aos verdadeiros homens insignes e úteis a este País, e assim. se evitaria o constrangimento de explicar a um nosso filho quem foi o eminente brasileiro,. falar de sua importância, quão produtivo foi seu procedimento para nós, para a sociedade e até mesmo para a humanidade e ao mesmo tempo justificar a absoluta incoerência de reverenciarmos notável homem numa cédula sem valor nenhum e prestes a sair do circuito e circulação.
Porém., o que registrar nas futuras notas?  Fácil!! Que se passe a cunhar nossa moeda com a foto dos maus brasileiros e corruptos. E quanto a isso, teremos certeza que não nos faltará retratos para cédulas de um ao infinito de cruzeiros e assim, a desvalorizacão da cédula estará em incondicional coerência com a reputação e o procedimento antipatriótico, do anti Brasil e do péssimo filho desta Terra.
Por  fim, a Casa da Moeda, já poderia desde agora. a colocar a ideia em prática e reimprimir cédulas de 1 (um) cruzeiro, a qual no verso poderia ter a foto de um ex-ministro e  no anverso uma mina de diamantes. Numa cédula de dois cruzeiros poderíamos ter uma das faces a imagem de um famoso banqueiro e na outra a Sede do Brasilnivest. A nota de três cruzeiros, traria a foto de um grupo dirigente de um banco do sul e na face posterior os pampas gaúchos e assim sucessivamente.
A única diferença, que se tornaria obrigatória, é que essas notas jamais sairiam de circulação e por isso a Casa da Moeda, as poria na praça devidamente plastificadas para evitar o desgaste pelo manuseio. Por que assim, como os feitos úteis e produtivos engrandecem e são motivos de orgulho para os familiares do ilustre homem, aqueles que têm em mente usurpar e se locupletar com o sacrifício social e a desgraça do povo, pensariam duas vezes, pois sua safadeza passaria como uma maldição aos seus dependentes e a estes provocaria vergonha com certeza.
Que se resgate a honra, a vergonha a justiça e a confiança no homem público.
Lúcio Reis

Nota do autor: Diz a boa educação que se deve responder uma correspondência recebida e assim houve a origem do que abaixo publico e, há também a orientação quem diz o que quer ouve o que não quer.

Belém, Pa, 12/11/1985

À
Sra Lúcia Viveiros
Nesta

Acuso o recebimento de vossa propaganda em prol da candidatura de seu marido ao Paço Municipal desta Capital, data de postagem em Brasília no dia 24/10 p.p.
Como conseguiu meu endereço, não sei! Mas, presumo que tenha sido através de catálogo telefônico, o que evidencia a inexistência de vínculo social, funcional ou politico entre nós e essa Deputada.
Já que essa Sra entendeu ser um direito seu,  dirigir-me uma correspondência com fins eleitoreiros, abriu-me o precedente e a oportunidade de respondê-la e lhe dirigir algumas verdades, que são fruto de minhas interpretações na qualidade de cidadão livre e democrático, usufruindo de todas as minhas prerrogativas e direitos constitucionais, depois de ter acompanhado a campanha política que se desenrolou neste País e mui especialmente nesta Cidade.
Em primeiro lugar, após, do que a Imprensa escrita noticiou quanto ao seu procedimento conjugal em têrmos de fidelidade e, não contestado judicialmente por essa Deputada, apesar do privilégio da Imunidade Parlamentar, que a Carta Magna lhe assegura, podemos deduzir que seu silêncio ratifica o que veio a público. Logo, essa ocupante de uma cadeira na Câmara Baixa, deveria ter a cautela quanto ao endereçamento de suas correspondências e assim, respeitar os lares de pessoas honestas e de famílias íntegras moral e verdadeiramente célula da sociedade, pois com seu procedimento, por uma questão de coerência, o cuidado acima mencionado, deve ser redobrado, para que V. Sa seja a primeira a respeitar, pelo  menos, os lares que vivem sob a égide da moralidade cristã, já que em relação ao seu não houve de sua parte esse cuidado. O que foi piorado pela sua invasão de nossas salas de estar. Agredindo e violentando o sacrossanto recesso de nossos lares, via vídeo de TV, num pronunciamento rasteiro e inferior e de péssima qualidade, que retrata do que é capaz, o político brasileiro no afã de galgar o poder, atropelando todos os direitos dos cidadãos comuns, para quando lá em cima usufruir de toda sorte de mordomia, começando, desde o alto e injustificável salário, até o recebimento de pagamento sem ir ao local de trabalho (jeton), estando, por conseguinte, as vezes, numa cama de motel ou sabe lá onde? Passando por telefone, correio, passagens aéreas, moradia impressão gráfica e outras vantagens mais, todas gratuitas para seus bolsos, ao passo que o pobre povo, lembrando nestes momentos para satisfazer as conveniências dos "salvadores" da Nação, continua, para atender o interesse de alguns maus brasileiros, de não ser eliminado como trampolim ou catapulta que arremessa uma meia dúzia de filhos impatrióticos desta Terra ao pico da Pirâmide Social, continua na cega ignorância sobre os políticos e a politica unilateral, que se pratica neste País e nesta Cidade e, crendo nas promessas eleitoreiras mentirosas e de carácter mirabolante e assim, impossíveis de serem concretizadas.

É a hora de salvar Belém!!! É verdade, concordo com isso, mas não com Júlio Viveiros na PMB. Pois, se como mandatário do INCRA, vocês tentaram privatizar uma área pública, aí na Bartolomeu de Gusmão e frontal ao vosso imóvel residencial, que farão dessa Belém, como Gestor Municipal? Esse é meu testemunho de que a vida pública dos Srs tem sido uma constante de CORAGEM, por que pretender a apoderação indébita de um espaço físico municipal, como tentaram, é preciso ter muita coragem, principalmente quando usuram viaturas e funcionários, pagos pelo erário. 
Incluir, numa campanha imunda de lama e, aqui vale uma ressalva, não foi privilégio só dos Srs., vossa prole, a mim me parece um outro desrespeito a finalidade cristã de uma família e de um lar, portanto, uma total incoerência com a tonalidade cristã que pretenderam dar aos vossos pronunciamentos e comportamentos televisivos.
Devo esclarecer, para que não haja interpretações outras sobre a presente, não pertenço a nenhuma sigla partidária. Pois, sou adepto do partido que visa a igualdade social, uma vez que todos somos criaturas de Deus, e justiça para todos, sem restrições e independente do  colarinho ser branco, o salário justo e correspondente ao trabalho efetuado, o direito de ter acesso ao labor e produzir condignamente, acesso ao direito a saúde, a educação, ao laser, a alimentação e ao bem estar.
Portanto, como no Brasil, o que prevalece, de acordo com a conjuntura e estrutura implantada por vocês mesmos (políticos), é que a maioria produz para a minoria desfrutar, onde nessa minoria encontramos o parlamentar brasileiro, em detrimento da massa e esse esquema não se coaduna com nenhum plano prático dos partidos que temos, não tenho por via de consequência preferência por partido político. Sei que a legenda que  me abrigaria ser uma utopia. Porém, como sou conhecedor da força e da importância do meu voto, sei perfeitamente como usá-lo e como pô-lo em prática para que minha consciência não me acuse de omissão no sentido de não compactuar com essa escravidão e por conseguinte, pelo menos de minha parte, iniciar a metamorfose que se faz necessário.
Uma situação é certa Sra Deputada. Muitos brasileiros como eu, temos vergonha de termos os representantes que temos, no Poder Legislativo.
Passar bem.
 Lúcio Reis


Belém, Pa, 04/11/1985

“Voto nulo”

Lendo os editoriais desse Matutino, Edição de 03 de novembro, onde compareceram entre outros: Jarbas Passarinho, Emir Bemerguy, Edgar Contente e, após vir acompanhando o horário do T.R.E, chega-se a inequívoca conclusão, mui especialmente depois das Pesquisas publicadas. “Temos que mudar o Quadro”. A tinta deve continuar a mesma, porém, as figuras tem que mudar.
Os pintores, transformadores dessa tela somos nós, o povo, que ao longo desses anos vimos sofrendo na pele e no bolso, a influência da “Escola” que aí está, que através das promessas nos deram a moldura, por intermédio do palavreado bonito e demagógico, nos forneceram a prancheta e o cavalete e da nossa aceitação nos transformaram em pincéis, bisnagas e tela e por conseguinte, hoje temos a pintura horrível da inflação do alto custo de vida e da compressão das bisnagas (o povo) com os dedos da carga tributária que hoje sofremos nos bolsos e nas preocupações mentais.
No entanto, acabou a exposição, vamos quebrar essa horripilante “obra de arte” da destruição da classe média-baixa, vamos organizar e montar uma nova pinacoteca, podemos – a chance está próxima e ao nosso alcance – substituir os personagens, desse terror que provoca insônia em muitos, a maioria.
Se dissermos sim a qualquer um desses “salvadores” do Município, estaremos dizendo da nossa satisfação de continuarmos a viver com todas as mazelas que se abatem sobre todos nós, hoje. Se ficarmos indiferentes (votando em branco), dizemos que aquele que subir ao poder nos satisfaz.
Mas, podemos declarar e demonstrar que – nenhum dos que aí estão pleiteando o Paço Municipal, nessa guerra, onde a munição usada é a lama, deixando antever que seus interesses superam os nossos – não se coadunam e não são convenientes ao que nos é benéfico, votando não a todos eles, ou seja: ANULANDO NOSSO VOTO. Para isso basta riscar um grande X na cédula.
Ao dizermos não votando nulo, estaremos, modificando o atual esquema de pura ação contra os interesses do povo.
Com isso, podemos e devemos exigir que seja mudado o tema, o roteiro e os protagonistas. A platéia quer ver e, tem o direito de ver assuntos que lhe digam respeito, que lhe seja proveitoso e útil. Com isso, também, estaremos dizendo de nossa insatisfação, ao sermos agredidos e violentados por uma meia dúzia recebendo altos salários, desfrutando das mordomias dos carros chapas brancas com motorista, de telefones, impressão gráfica e passagens áreas de graça para seus bolsos, porém custeadas por nossos minguados salários e, enquanto isso continuamos pobres e cada vez mais pobres. Chega do enriquecimento com o “suor” do povo. Sustemos o pagamento à quem não comparece ao trabalho (jeton).
Ressentimo-nos de um concreto plano de trabalho, quando bastaria a qualquer candidato, ler esta coluna nos últimos 12 meses, que aqui está as aspirações, reclamos e sugestões do povo. Logo: “Do povo para o povo e pelo povo”.
O povo não tem o governo que merece, Os políticos é que não têm o povo que merecem. E esse povo não somos nós.
Lúcio Reis

Belém do Pará, 21/09/1985

Horário do T.R.E.

Na qualidade de cidadão eleitor e telespectador, gostaria de apelar, através de sua penetrante Coluna Bronca é Livre, a quem estiver inerente o assunto, alguma providência cabível em relação ao nível rasteiro, até mesmo indecente a que desceu o pronunciamento de candidatos ou seus representantes no horário destinado à Campanha Politica, visando a PMB em 15.11.85.
O apelo tem como argumento, acredito eu, incontestável, o fato de as asneiras atiradas contra quem quer que seja, não são feitas em praça ou via pública, mas, dentro de nossas salas de estar e esteja quem estiver lá, principalmente nossas crianças.
Em logradouro público, o comparecimento é facultado a vontade do cidadão, porém, a invasão de nossos lares por candidatos despreparados e a vomitar um punhado de baboseiras é no mínimo um grave desrespeito a nossa privacidade e uma violação aos nossos direitos de cidadãos dentro do recesso de nossos lares, além de uma agressão aos nossos métodos educativos, principalmente quando se pretende proceder uma formação sem violência.
Alguém poderia sugerir: "desliga o televisor". Contudo, creio eu, seria essa, uma solução simplista, pois acredito também, que todo eleitor consciente da importância de seu sufrágio tem o direito e até mesmo, a obrigação de ouvir a mensagem de quem se propõe a administrar seu município, seu estado e a sua pátria, pois nessa escolha é que reside a responsabilidade do cidadão, como unidade constituinte dessa coletividade.
Fazer promessa e criticar a ação da máquina administrativa nas mãos de candidatos da situação é uma novela que já passou e foi reprisada várias vezes, além de ser um refrão que já não surte os efeitos, que exercia ao longo das campanhas anteriores, pois já se sabe que todas as promessas pré eleição são um engodo e uma desavergonhada mentira, isto nos prova a história no decorrer dos mandatos eletivos.
Todavia, essas promessas se tornam uma violência à honra e a formação dos futuros homens - nossas proles - que serão os mandatários desta Nação. 
A situação piora e se complica ainda mais, quando se vê e ouve candidato sem o mínimo de respaldo de austeridade, declarar que vai acabar com os chapas brancas, uma vez que se sabe, ter o mesmo, juntamente com sua esposa, que ocupa uma cadeira na Câmara Federal, usando carros funcionários do INCRA tentado privatizar uma área pública, através de muro  e gradíos de ferro.
Devo ressaltar nesta oportunidade, não pertencer a nenhum legenda partidária, bem como que tudo acima mencionado, ratifico, é única e exclusivamente o que retrata a interpretação de um munícipe consciente da relevância de seu voto em relação ao destino de todos nós.
Lúcio Reis


Belém, Pa, 07/06/1985

"Império Amazônico"

Em virtude dos últimos acontecimentos que têm se desenrolado neste Conjunto e amplamente divulgados pela imprensa local, é necessário que se traga a público, a opinião e o pensamento daqueles, que como eu, desejam e esperam ver, dentro em breve, o nome deste Império atrelado a adjetivos, que pelo menos reflitam e classifiquem-no como local onde moram também pessoas e famílias que querem fazer de seus apartamentos o sacrossanto recesso de seus lares e não vê-lo globalizado e envolvido genericamente aos títulos pejorativos que se tem assacado contra este Conjunto.
O saneamento que se vislumbra através da ação judicial dá-nos a esperança de que em breve, o objetivo de se tornar isto aqui um cortiço, será tolhido e obstado, pois ouve-se nas reuniões que aqui se tem realizado, a propalação do "direito de morar", no que se concorda plenamente com essa reivindicação mas, pergunta-se: "e a obrigação de pagar, com quem fica?". Faz-se essa interrogação, por que se sabe que muitos são inadimplentes com a financeira, com a CELPA, com a limpeza e iluminação das áreas comuns e com o fornecimento de água para si e sua família, portanto, os três últimos ítens, que se relacionam diretamente com a taxa condominial, que é praticamente irrisória, pois em 7 meses de atraso ela soma CR$115.000. Em se tratando da inadimplência com a Financeira, até que se compreende, pois o assunto preocupa todo o SFH, em face dos percentuais que forçam o mutuário àquela situação, porém,  se negar ao cumprimento da obrigação mais elementar de quem mora em prédio de apartamento, a isso se dá outra classificação...
Fala-se muito nas infiltrações aqui deixadas em consequência da paralisação da obra por uns 10 (dez) anos, mas esquecem-se que qualquer pessoa responsável e interessada em viver com sua família num local que reuna as mínimas condições de bem viver, é e seria a primeira em reparar ou mandar reparar um problema dessa natureza, que em suma não requer nenhuma técnica diferenciada.
Sabemos que esta opinião não será de bom grado, para aqueles que  estão interessados em morar, ter água, limpeza e iluminação, tudo de graça, não se importando que a manutenção desses ítens esta onerando e prejudicando o orçamento do vizinho e que depois, ainda vão tentar usufruir algum lucro, transferindo um imóvel pelo qual eles não pagaram nenhum tostão. 
Portanto, se uma ½ dúzia desse tipo de moradores saísse daqui e fosse habitar um Portnari, Eugênio Soares, Humberto Lobato, Vasco da Gama ou um Ouro Verde, ou qualquer um desses, lá se transformaria em um "INFERNO", por que ser cônscio de suas obrigações em referência aquilo que consumiu, independe da financeira estar em liquidação extrajudicial, do condomínio ser ou estar legalizado, pois sabe-se perfeitamente que um imóvel não brota pura e simplesmente do solo, que uma lâmpada não acende por um passe de mágica e que a vida em comunidade, requer responsabilidade social e retidão de caracter e, lógico, mesmo que não  fosse em comunidade, há que se ter o entendimento de que ninguem é responsável pela condução de nossos lares e de 
nossas famílias e que, quem pensa assim de que a responsabilidade pelo sustento de suas famílias é de terceiros, o que há de fazer é ir mendigar, pois incapaz de sustentá-la.
Lúcio Reis


Prezados leitores, a matéria abaixo foi endereçada ao Governo Brasileiro em 1985, conforme telegrama que aqui também publico e, como poderão constatar algumas ideias minhas nela registradas foram postas em prática. Caso tenham seguido o que sugerir, jamais algo  foi-me dito mas, os meus documentos abaixo falam por si:





Belém do Pará, 21/06/1985

Fraudes Previdenciárias, como reduzir ou evitar 

Com o objetivo de cooperar na solução do mais sério problema dos últimos tempos que o Instituto de Previdência e Assistência Social, vem enfrentando e que, prejudiciais transtornos tem trazido ao Ministério da Previdência e, por via direta ao bolso de todo o contribuinte nacional, a FRAUDE, exponho as idéias abaixo, para quem sabe, acrescer algum resíduo, depois de uma burilação dos técnicos dos órgãos e principalmente do pessoal da informática, nas medidas que visam a extirpar da contabilidade previdenciária esse malfadado "caranguejo".
Vale ressaltar, a minha total ignorância nos trâmites usados pelo órgão, pois não sou assegurado, uma vez que a assistência que a mim aplica-se e à minha família é coberta pelo Ministério Verde-Oliva, por isso, desde já peço desculpas se abordar de alguma maneira aspectos absurdos, uma vez que o que conseguimos depreender foi adquirido na imprensa.

As idéias:

-1. PARA APOSENTADORIA:
1.1- SEGURADO COM VÍNCULO EMPREGATÍCIO:

Grande maioria dos segurados do Instituto, tem vínculo empregatício com determinado empregador, por conseguinte assalariado e em consequência - não necessariamente - cadastrado no Ministério da Fazenda, logo detentor ou portador de um CIC e assim de um CPF.

A exemplo do que já ocorre com as Empresas, cujo CGC é a sua inscrição no INPS ou IAPAS, o CPF passaria a ser a inscrição do contribuinte - pessoa física - junto ao Instituto. Portanto, o Ministério da Fazenda passaria a ser o Órgão que acumularia, computadorizadamente, as informações das
contribuições previdenciárias, que seria um ítem obrigatório da Declaração Anual do Imposto de Renda, quer no modelo azul, quer do verde e, cujo comprovante de recolhimento é a Cédula "C", documento fornecido pelo empregador, cuja veracidade seria checada com as fiscalizações anuais. Isto seria uma primeira hipótese.

Uma segunda hipótese seria a criação e inserção de um anexo ao jogo de formulários do IR, no qual se faria o registro da contribuição previdenciária e a mesma seria "OBRIGATORIAMENTE" entregue pelo contribuinte, quando de sua declaração anual de Imposto, até mesmo por aqueles assalariados, que não tem receita suficiente para referida declaração, porém, que seriam obrigados, a luz do documento fornecido pelo empregador, declarar sua contribuição previdenciária, bem como de seus dependentes ,menores, desde que estes, já tivessem algum vínculo empregatício e portanto portadores independentes, desde já do CPF/PS (Cadastro de Pessoa Física-Previdência Social) e o anexo, depois de checado pelo Receita Federal, tanto no primeiro, quanto na 2ª hipótese e feita a devida transferência para a memoria do coumputador, poderia até ser incinerado.

É óbvio que u'a campanha de esclarecimento se faz necessário e auxiliaria sobremaneira, o êxito do empreendimento, pois o contribuinte seria o primeiro interessado, pois do cumprimento de sua obrigação, estaria diretamente correlacionado o seu direito a aposentadoria.

1.2-SEGURADO AUTÔNOMO -SEM VÍNCULO EMPREGATICIO:

Nesse ítem a situação seria até mais fácil, pois ficaria diferente das duas hipóteses anteriores, somente no que concerne aos comprovantes de recolhimentos, que no caso seria a parte destacável do atual carnê de contribuição dos autônomos, que anualmente poderia ser substituido por um único documento que antes de ser anexado a declaração do IR - comprovação do novo anexo - deveria passar pelo Órgão da Receita Federal, onde receberia a autenticação, que seria dada a luz dos comprovantes dos recolhimentos mensais, supra mencionados.

-2. COMPROVAÇÃO DE RECOLHIMENTOS:

Poderia, também, salvo melhor juizo, ser criado, a exemplo do que foi instituído para o FGTS, um extrato de recolhimento para o IAPAS ou então, poderia essa informação ser fornecida, visando economia, no mesmo extrato do Fundo de Garantia, o que facilitaria o controle procedido pelo contribuinte, bem como paralelamente uma vez por ano, se cruzaria referidas informações
com aquelas constantes da RAIS. Por consequência, a empresa teria que informar a relação nominal dos contribuintes ou se  adicionaria um código ou uma coluna à relação de empregados (FGTS), constando o percentual de contribuição e por consequência direta, o IAPAS, passaria a ter o mesmo domicilio bancário do Fundo de Garantia, o que em suma facilitaria as fiscalizações ou até quem sabe fosse resumido em só documento de recolhimento, tanto o FGTS, quanto o IAPAS, parte do empregado?

-3. PARA CONSULTAS - EXAMES - INTERNAMENTOS E SEGURO:

Lembremo-nos que a esta altura, todo contribuinte e segurado da previdência social, já é cadastrado e possui seu CPF/PS, a nível nacional, portanto em qualquer parte do Território Nacional, onde haja órgão previdenciário e por conseguinte um terminal de computador e portanto não é um estranho, basta digitar o código do interessado e toda sua vida será espelhada na tela do aparelho.

Será emitido a todo contribuinte um cartão, a exemplo do que ocorre com a Loto e Loteria, o qual terá 3 (três) partes destacáveis, todas codificadas.

Ao necessitar dos cuidados englobados em um dos ítens da Epígrafe do nº 3 acima, o segurado receberia na Secção, para isso destinada e com redução considerável de tempo de espera, duas partes do cartão, pois uma terceira permaneceria em poder do órgão, para posterior confronto, pois nos três (3) tikets estaria codificado o ítem consulta, ou ítem exame e ítem internamento hospitalar. De posse das duas partes destacáveis, onde uma seria sua e a outra do hospital, onde se realizaria o exame ou o internamento, o segurado preencheria o tipo de atendimento que usou e o hospital também codificaria o tipo de atendimento que dispensou ao paciente, apresentando seu tiket por ocasião da apresentação da conta a ser paga, e que seria cruzado com as duas partes já em poder do Órgão, pois o contribuinte devolveria de imediato sua parte, devidamente preenchida. No ato dessa entrega o mesmo deixaria devidamente registrado seu endereço, e local de trabalho ou qualquer um meio de contato imediato, para qualquer esclarecimento que se fizesse necessário.

Logo, seriam dois a fiscalizar os seus interesses, o contribuinte segurado e o Ministério da Previdência.

Em relação ao que se refere ao seguro de acidente do trabalho, ficam automaticamente abolidos, aqueles impressos de informação das últimas contribuições, pois estas a essa altura já constarão do arquivo cadastro da Receita Federal, o qual evidentemente, se isso for possível, terá um canal
de acesso pelo e com o IAPAS.

Em referência aos locais longínquos de nosso querido Brasil, que no momento, ainda, é difícil a chegada da informática, mandar-se-ia cartões virgens, que seriam de responsabilidade do Executivo Local ou de qualquer órgão subordinado a qualquer um dos Ministérios, o qual prestaria conta ao Instituto mais próximo que dispusesse de um terminal de computador ou então usaria a EBCT.

É claro que se tornaria indispensável, o uso da carteira de Identidade, como ocorre com a CNH, pois o comprovante previdenciário seria o CPF/PS, sem foto. Como se sabe que a carência para fazer jús a determinados direitos é de um ano de contribuição, assim como perdura por doze meses o direito a assistência, seria emitido, assim como ocorre com cartões de créditos, boletins suspensivos desses direitos, desde que o contribuinte ficasse desatualizado em sua obrigação de contribuição.

Como se tem lido que o rombo vulta a casa dos trilhões de cruzeiros e que tanto o Ministério da Fazenda, quanto o Ministério da Previdência Social, já dispensam o trabalho manual e contam com o avanço da informática, entendeu-se que a adaptação da sistemática, tema da presente,  não onerará mais do que o desvio até então, feito a Receita  Previdenciária e entendesse, apesar da ignorância que nos envolve, que os benefícios serão gratificantes.

Se porventura, raciocinei com esquemas somente possíveis pela ação de gênios de lâmpadas de Aladim, me perdoem e esqueçam tudo o que disse e pelo tempo que os fiz perder.
Atenciosamente
 Lúcio Reis  

Belém do Pa, 20/06/1985

Apropriação indébita

Em função do Editorial de responsabilidade do Jornal O Globo, com o Título da epígrafe, bem como opinião recente do jurista Sr Afonso Arinos, ambos publicados nesse Matutino, gostaria de usar sua importante coluna, para, na qualidade de leitor, de eleitor e portanto, antes de mais nada como cidadão da Velha e Nova República, que terá seu lar invadido pela imagem e pelos curriculum dos aspirantes aos cargos eletivos dos próximos pleitos,  de expressar minha opinião em relação a Lei que faculta o uso das emissoras de rádio e televisão pelos candidatos, em horário nobre ou não.
Em primeiro lugar seria de bom alvitre que fosse feito uma pesquisa de opinião pública sobre o assunto, pois creio eu, que de imediato esse dispositivo seria imediatamente revogado, pois a credibilidade e seriedade da parcela da sociedade que desfruta de moradia, que não é reajustada em 246,2%, de telefone, de gráfica, de passagens aéreas, tudo de graça e mais um polpudo salário mensal, que ela mesmo majora invertendo até mesmo a pauta dos acontecimentos, como ocorreu aqui nesta Santa Maria do Grão Pará, está muito em baixa, conforme já foi comprovado em pesquisas recentes e, como também se ratifica, quando se tem conhecimento através da imprensa do que ocorre por ocasião das reuniões levadas a efeito nos legislativos, onde a tônica dos debates é de palavreado rasteiro e incompatível com o decôro que eles jamais respeitam, os ataques são pessoais e mesquinhos e até as roupas sujas são lavadas nas próprias tribunas e chegam, por vezes a transformar o local, que deveria servir para fazer leis que beneficiem a sociedade, em ringue e o desforço físico acontece mesmo.
Para citar como exemplos, enumeramos alguns casos: o mais gritante e fresquinho é a transformação dos salários para Cr$11.700,000, portanto algo em torno de mais de 35 salários mínimos, enquanto o corpo docente do estado e município apenas reivindicam 3 salários e são por isso expulsos da casa do povo; um outro refere-se a um representante do povo que ficou um tempo de vários meses de seu mandato para lá e para cá, carregando a sansonite, abrindo e fechando portas de elevadores e outras, de um para e para um brasileiro que pretendia o cargo de mandatário máximo da Nação e que por sua vez também, pouco estava presente ao parlamento e agora, aquele, que já pode sentir a ida da vaca para o brejo, pois seus 4 anos findam, pretendendo permanecer sentado no poder, faz investida em direção ao executivo municipal desta Belém; um outro, outrora lambretista e instalador de ventiladores de teto, que agora embolsando mensalmente pouco mais de 35 salários mínimos tripudia e galhofa em cima da ignorância e ingenuidade útil daqueles que a troco de simples oferendas e vitimas de seu escárnio, levaram-no à uma cadeira no legislativo mirim; um outro é o daquela Sra., que pela doação de gêneros à mulheres desemparadas, para as quais até já fundou uma legião, conseguiu uma cadeira na Câmara Baixa no DF e que em função dessa situação, tentou através da privatização, usando funcionários de Órgão Federal bem como viaturas do mesmo, incorporar ao seu imóvel patrimonial uma área pública e de desfrute dos municípios (com a palavra os moradores da Bartolomeu de Gusmão) e mais cínica é a dos tocadores de piano ou técnicos em testar Placar Eletrônico, exatamente na hora de uma votação, pode?
Em função do acima e de tantas outras que se tem conhecimento, não acredito que  cidadãos brasileiros acatem e aceitem de bom grado, ter em seus aparelhos receptores, quer o rádio ou a televisão a imagem e as promessas mentirosas ao invés de programas de laser e entretenimento, bem como as ofertas do paraíso que se repetem a cada pleito e que no fundo só visam a manutenção e continuísmo no poder, pois a hora que as têtas não derem mais leite vai ser impossível para uma grande maioria prover com o seu potencial de capacidade produtiva e grau cultural, algo que corresponda a um salário de Cr$11.700.000, por que tem muito nego com anel no dedo, vendendo tomate em feira. Por isso também, não se ouve gritos oriundos do parlamento pro corpo docente, pois como está, ele não tem estimulo nenhum, para formar os futuros eleitores, ensinando-lhes como escolher os que melhor  serão reais representantes.
Pois é: o povo não tem o governo que merece, mas, o governo que foi condicionado para ter. Ou ainda o governo não merece o povo que tem, pois para merecê-lo, basta somente trabalhar e assim não será necessário a apropriação indébita das emissoras.
 Lúcio Reis

Belém do Pará, 08/08/1984

Olimpíadas x Falsidade

Anos após anos vimos sendo testemunhas oculares dos festivais de falsidades que se desenrolam, sempre que um héroi, até então anônimo tanto quanto milhares que habitam este País, que adquiriram essa condição a partir do momento que conseguiram sobreviver, tendo como pai ou responsável, um assalariado de percepção mensal de salário mínimo e, que a custa de sacrifício sobre sacrifício, consegue fazer, depois de sofridas lutas, com que nosso pavilhão seja içado no mastro maior, mesmo que haja por perto uma grande e superalimentada potência e, que também, paralelamente o mundo ouça os acordes "Gigante pela própria natureza"
 Todos guardamos ainda, nas retinas e nos tímpanos as imagens e os sons, que o brasileiro Joaquim Cruz provocou naquela Arena Olímpica. Todos somos conscientes dos obstáculos que são impostos aos nossos atletas-representantes, quer pela deficiente alimentação, consequência de um avassalador custo de vida, quer pela inexistência de alguém ou alguma entidade que faça investimento nos potenciais desportistas, que Deus, sabia e justamente premia desde berço, não importando que a criança seja de origem de uma favela ou que tenha um berço de ouro; quer pelo patrocínio de alguem que verdadeiramente acredite nos jovens deste Terra e façam que eles permaneçam aqui e não tenham, obrigados pelas circunstancias, a um exilio lá fora, a fim de aprimoramento e elevação do nível técnico.
Lamentavelmente a verdade dos fatos nos mostra cotidianamente que aqui se aplica muito e desbravadamente em mordomias para uns poucos em relação aos 120 milhões que compomos esta Nação, assim como o que é desviado e subtraído através das falcatruas, da corrupção e malversação, nos habilita incontestavelmente a medalhas e medalhas de ouro nas olimpíadas de mordomias e corrupção.
Por isso, é por demais agressivo se ver e saber que um nosso compatriota, não só o Cruz, mas, todos aqueles que em Los Angeles estão envergando o Verde-Amarelo, tão logo galguem o expoente do podium da glória e que joguem o nome deste País para a evidência máxima das competições e, se sobressaiam a todos, comecem a receber as felicitações via telefonemas, telegramas e etc..., daqueles que não concorreram sequer com o mínimo de esforço para que a vitória fosse alcançada e, em certas ocasiões tentaram colocar mais e mais obstáculos ao alcance do objetivo pretendido pelo atleta. Isso é falsidade, assim como o será, além de enojante, daqui a pouco a concessão dos títulos de cidadão de Estado fulano ou belcrano, rotina de determinado e certo mando deste País. Agradar uma estrela brilhante é bajulação e fruto de um caráter de mosquito, pois o valor está em concorrer para juntar cooperação, no sentido de que a luz ofuscada do astro, venha a tona e brilhe intensamente desde de aqui dentro, até lá fora e que, quando ela alcance o cume da glória, saiba cantar orgulhosa e convictamente "Dos filhos destes solo és mãe, gentil Pátria Amada Brasil" e, não fique calado, quem sabe? por não ter tido tempo e oportunidade de apreender o nosso Hino, pois quem nos pode garantir que as preocupações com os treinamentos, como vou conseguir? será que chegarei lá, a onde buscar e encontrar apoio, ocuparam as mentes dos meninos pobres e desprotegidos e não lhes sobraram tempo para os simbolos deste Torrão.
Já é tempo de quem de direito crer nos valores desta Terra, pois nossa crença nesta Nação já está se esgotando e cada vez mais que se crer nesta Nação, mais ela nos decepciona, não nos forcem a termos vergonha de sermos brasileiros, onde o “staff” só pensa em sí com o melhor e o pior que seja dado ao povão.
 Lúcio Reis

Belém, Pa, 23/05/1984

Sindicato do Povo

Publicada na edição do Jornal O Liberal de 26/05/1984 - Coluna Cartas

De geração a geração passa a filosofia de que: “a sabedoria popular é infalível”. Mas, este adágio não se aplica há muito tempo ao povo brasileiro, que até agora ainda não descobriu ou não quer aprender que nossos problemas dependem única e exclusivamente de nós.
Sem entrar em contradição, analizemos juntos os fatos: os metalúrgicos quando se vêem pressionados pelo baixo salário, grevam; os professores, idem; os funcionários de universidades, também; os motoristas e cobradores, não deixam por menos, paralizam o transporte coletivo; os médicos, mesmo a despeito do juramento, não relaxam, cruzam os braços, em fim,  as categorias, acertadamente, tomam suas providências e quando em nada, conseguem sentar à mesa de negociações e dentre vários itens de reivindicações, conseguem, em seus proveitos, o deferimento de algum ponto de pleiteação.
Por outro lado, você já viu ou soube de greve de político por melhor salário? Não! O que você tem conhecimento é de  que a remuneração é alta e o trabalho é baixo ou pouco, ou seja: é baixo no tempo de duração, é baixo, ou melhor rasteiro, no palavreado, é baixo nos tratamentos recíprocos e etc...
Porém, uma meia dúzia se reúne e toca a majorar os preços: aumenta o custo final do pão, do ônibus (a passagem), a carne, a luz, a farinha, o peixe, a água, o telefone, o automóvel, o feijão, o café, o açúcar, o arroz, o combustível, o ingresso do futebol e por aí a frente. E o povão cordeiramente, como um rebanho tocado pelo cajado da inflação, tendo como pastor a estagflação, como pasto a recessão, vai se alimentando no campo do alto custo de vida e do caos econômico.
Sem consumidor e usuário, ninguém existe e sobrevive empresarialmente. Portanto, que haja o aumento como medida econômica é justificável, mas abusiva e gananciosamente, tem outro nome e, estes aumentos devem ser ditados pela massa. Você já viu dono de empresa de ônibus em ruína? Você já viu dono de super mercado na pior? Você já viu banqueiro de pires na mão? E o povo? Vai bem obrigado, não! Está numa péssima. Logo, progredir comercialmente, também não é condenável. Portanto, imagine um pouco mais de sacrifício, uma semana pelo menos, não? Ta bem, então só três dias, sem usar transporte coletivo, sem ir ao super mercado, sem comparecer a uns 3 clássicos do futebol e por aí em diante. Eu sei, você está me taxando de louco e outros adjetivos mais, mas, não tem nada disso. Sacrifício e aborrecimentos nós já experimentamos forçados, portanto se partir de nossa livre e espontânea vontade será mais atenuado, mais suave, pois o saldo positivo reverterá em nosso beneficio.
Estou propondo utopia? Não, estou pensando em melhoria e que os fornecedores e tubarões apenas reduzam um pouco seus percentuais de lucro, pois se acabará na situação de não ter mais consumidor e usuário pela falta total de poder aquisitivo do salário e aí nem um sindicato do povo resolverá, pois terá chegado a falência desse mesmo povo, decretada pela sua própria inércia. Então será a ruína generalizada.
Lúcio Reis


Belém, Pa, 20/05/1984.

História estranha

Publicada no Jornal O Liberal, edição de 23/05/1984 - Coluna Cartas,

Quando alcançarmos – se conseguirmos – o ano de 2034, portanto daqui mais 50 anos, ocasião em que a juventude Michael Jackson, pula-roleta, será avó, respeitáveis homens de negócios, dirigentes probos e professores renomados, terão nesta qualificação, uma singular e talvez impossível missão de transmitir e fazer entender a seus descentes e discípulos a história e fatos que hoje são feitos pela outrora juventude Beatles, aquela dos cabelos longos e idéias curtas.
Contudo, os que se dispuserem aos cursos de doutorados ou mestrados e concluírem-nos, serão, por certo, profissionais de excepcional conhecer, pois assimilar a história que nós fazemos será necessário um QI além de 120.
Só para se ter uma impressão das estranhezas que hoje ocorrem vamos a dois dos mais recentes e inacreditáveis acontecimentos: o 1º foi o balado e polêmico pronunciamento do indio legislador, cujo tema foi a ofensa à honra das autoridades constituídas e principalmente  o “staff” nacional.
Após esse incidente é que detectaram ser aquele deputado parcialmente incapaz para responder por seus desatinos, mas não, para elaborar leis e desfrutar das mordomias que o poder oferece, juntamente com o invejável  salário. Logo, por sua inabilidade e não dominar com precisão o idioma branco e a gramática, pois ele só conseguiu ver o homem branco, e distante, com a idade de 17 anos, foi perdoado e permaneceu em condições de provocar novas  diatribes. Paralelo a esta situação de silvícola com um ordenado mensal de mais de 2 milhões de cruzeiros, com apartamento, condução, telefone, correio, tudo pago pelo povo, deparamo-nos com os futuros médicos, contadores, administradores, engenheiros, professores, psicólogos e etc..., pulando roleta de coletivos pela falta de 70 cruzeiros para o transporte que os leva em busca e na luta pelo título que lhes dê meios e condições de ganhar a vida honestamente e contribuir para o avanço desta Nação.
Por outro lado a situação se agrava pela péssima remuneração de professores e médicos que se vêem forçados a irem às ruas reinvindicar melhores salários e também uma oportunidade para os milhares, que com um diploma na mão, não têm onde empregar seus conhecimentos, face o esvaziamento do mercado. É muito doído, depois de muitos anos de guerra desigual, não ter de onde tirar o pão de cada dia, mas ter, que conviver com dispêndios supérfluos de comitivas de privilegiados e familiares em viagem de turismo, esbanjando o erário, enquanto muitas crianças,não têm sequer uma chupeta para consolo.
O 2º: é de fundir a calota cerebral. O engenheiro, com dom de mananga ou de adivinho, resolve prescrutar a mente do Chefe Nacional e lança essa interpretação, talvez com o intuito de promover maior entrelaçamento de simpatia ao amigo, para todo o mundo. Como errou na adivinhação, recebeu em troca tremenda bronca, desde o amigo até do cônjuge querido, que por certo não assimilou ser o marido: mentiroso ou pusilânime, principalmente por justificar, com sua condição de homem de projetos de edificações, não saber construir uma frase interpretativa com as palavras que ele ganhou, quando ainda, estava no berço.
Ambos, estão lá, expressando suas vontades e pensamentos, escolhendo o melhor para nós. Todavia, fica difícil absorver essas escolhas, pois eles não sabem o que dizem ou que falam, como acatar tudo isso. Portanto, deve-se esperar que pelo menos, nos dêem o elementar direito de sermos honestos e de fazerem a história que nós possamos entender agora e que, a geração futura não interprete nela, que hoje vivemos na era de loucos, de idiotas e isto aqui era uma babel do século XX.
Lúcio Reis


Belém, Pa, 14/04/1984.

Escolha

Há dias a Rede Globo promoveu uma pesquisa de opinião pública, sobre quem seria sufragado, caso a escolha do Mandatário Máximo da Nação, fosse através da via direta. Surgiram como resultado dessa enquête, um rol de brasileiros, dentre os quais os atuais concorrentes que obtiveram percentuais consideráveis.
Em relação a dois que marcaram presença naquela lista. Provocou alguma estranhesa, em função da validade de observação de alguns pontos, que acredito deveriam ser considerados, tendo em mente a função que esta sendo motivo de debates todos os dias e de grandes concentrações em várias cidades do Brasil, a qual tem provocado uma verdadeira maratona pelas Unidades de Federação desde o ano passado e que foi o tema da pesquisa.
- Um deles: A crise que nós atravessamos ou que nos atravessa bolso a dentro, incide também, sobre todos os setores da economia nacional, tal como da indústria, do comércio e etc..., pelo menos, assim, os líderes nos transmitem e fazem-nos entender por suas ponderações, críticas e condenações a modelos em prática. Sabe-se, por outro lado, que esse cidadão é engenheiro, ex-governador, que segundo seu sucessor promoveu um grande prejuízo em busca de óleo fóssil, é industrial e tem uma cadeira a sua disposição na Câmara Baixa em Brasília, a qual, após mais de um ano de mandato pouquíssimas vezes ocupou. Sabe-se ainda, que há mais de um ano que esse cidadão visita os pontos culminantes deste País e, sempre acompanhado por carregadores de sansonite, de abridores de portas de automóveis, em fim assessores diretos. Foi público nacionalmente as recepções sociais, por ela promovidas, até com 5000 convidados. Viagens aéreas, hospedagens, transportes urbanos e bocas livres, custam um avantajado ônus. Aí é que surgem as interrogações: a inflação, a crise atual não solapam o poço de onde saí o cruzeiro que paga todos esses constantes gastos ou essa fonte é imune as bi-semanais desvalorizações da nossa moeda? Evidentemente, que em termos de vida privada, não se tem nada a ver mas, em referência ao homem público e que visa um poder decisório futuro sobre um povo e uma Nação, que foi jogada no abismo, esse comportamento tem que nos interessar de perto.
- O outro: Que se sabe não possui nenhum título universitário. De operário de metalurgia se transformou em líder sindicalista da classe. Agitou, badernou, insuflou ações de emperramento ao desenvolvimento e progresso do País e, conseguiu para si as infligências da lei, depondo-o da liderança classista, permanecendo, todavia, com a função de presidente partidário. Salvo melhor entendimento, ter essa função, não corresponde ser empregado, cuja remuneração propicie condições de viagens a Cuba, URSS e outros, bem como numa semana estar no sul do País, na seguinte no norte e onde houver comício. Logo, quem não está empregado, pode ser, como acontece, retido por vadiagem. Aí entra de novo a interrogação: como entender a atribuição de 7,06% da preferência dos pesquisados à um cidadão sem contrato de trabalho registrado em sua CTPS, para ser presidente de um país?
Ou o povo não sabe o quer, ou quer o que não sabe ou, não quer entender comprometimentos ou então, quer fazer piada e troça com um assunto de vital importância. Saibamos escolher melhor.

Lúcio Reis

Belém, Pa, 07/04/1984.

Veículos de comunicação

 Publicada no Jornal O Liberal, edição de 11/04/1984 – Coluna Cartas

Os veículos de comunicação, são de tamanha importância, que suas ausências, corresponderia a falta de oxigênio na atmosfera social, política e econômica de um povo.
Como assim como eles veiculam, logo ajudando, promessas que servem de degraus que levam ao topo do poder enganadores e megalomaníacos pelas cadeiras de direção e que nelas se sentam para a satisfação, também, de orgulho próprio; da mesma forma a imparcialidade da imprensa, quer falada, escrita ou televisada, traz para nós e para nosso bem,  os mares de podridão que são encobertos pela capa fictícia de administrações ditas austeras e justas, e quando os veículos de comunicação rompem essa “nata” ou iniciam o processo  de descoberta, pois o mau cheiro da lama começa a exalar, mostrando concretamente a corrupção, o enriquecimento ilícito, o tráfico de influência e o favorecimento de familiares, fatos já bastantes comuns neste “Gigante Pela Própria Natureza”, nos últimos anos, vêm  os dirigentes, quando instados pelos homens de imprensa, declararem que vão processar, fazer e acontecer ou então contra-atacam, taxando-os de “maus profissionais” de “palhaços”, de “vagabundos”, de “moleques” de “bobalhões” e “idiotas”. Este  último adjetivo, aliás, ratificam minhas desconfianças e que foi motivo de uma carta que essa coluna publicou no dia 10/03/84, com o título idiotia, de que é assim que alguns dirigentes nacionais classificam a todos nós brasileiros.
“Quem não deve não teme”. “O povo aumenta, mas não inventa”. Por isso, quem está administrando o que é do público e tem sua consciência limpa e atitudes ilibidas, não há porque se aborrecer com qualquer pergunta, pois seu procedimento digno, se assim for, facultar-lhe-á respostas convincentes para qualquer questionamento.
Lamentavelmente este País, padece da síndrome do descrédito, pois quando é dito à Nação que fulano não saí, no dia seguinte ele arruma as gavetas; quando é dito vai baixar, no dia seguinte, sobe; quando é declarado, vai diminuir, nas 24 horas depois, aumenta. Logo se fosse classificada de administração do “antônimo”, seria um título bem adequado, pois “não” quer dizer “sim” e vice-versa.
Se casos de corrupção, de malversação do erário, em  fim, de escândalos, fossem raros, até que se compreenderia a indignação e a perda de controle de autoridades mas, por estar tanto na moda, deveria, isso sim, haver uma compreensão e entendimento de que estamos vivendo em situações de constantes assaltos em quase todos os setores da vida hodierna.
Portanto, já é tempo de perceberem que o povo já não suporta mais, ver amoralidades impunes e os autores desfrutarem de tudo que tiraram dele, que cada vez, dia a dia, mais fica pobre e sem meios de suster sua família. Porém, enquanto houver uma audição ou uma visão, os veículos de comunicação sempre nos mostrarão os carneiros que guardam dentro de si lobos rapinantes.
 Lúcio Reis

Belém, Pa, em 24/03/1984

Profissionais

Publicada no Jornal O liberal Edição de 25/03/1984 – Coluna Cartas

Se você matar um, será julgado como vilão, porém, se matar milhares, será julgado como herói, assim dizia Charles Chaplin.
Infelizmente, a dura verdade, da conclusão do Gênio da 7ª Arte, continua a habitar entre nós hodiernamente, apesar de que declaradamente aqui não vivamos em nenhum estado de beligerância.
Os efeitos estão ligados diretamente às causas, fruto quase todas elas de um cuidado praticamente inexistente no trato dos problemas públicos. Público este, receptor na própria carne, dos malefícios advindos da imprudência e da imprevidência de profissionais, responsáveis, pelo menos assim o deveria ser, às questões relacionadas com a saúde, com a segurança e com o bem comum geral da população, onde atuam.
Os fatos concretos são inúmeros. Todavia, basta que se lembre os que recentemente estão ocupando os noticiários, os quais pelo que se pode aduzir sempre terão, e por muito tempo, matéria prima abundante  para suas crônicas  editoriais, pois também, se pode concluir estar muito distante a era da implantação de autoridades responsáveis e eficientes tecnicamente, assim como seus auxiliares nos diversos setores. Foram gastos na melhoria de trechos das primeiras pistas da Almt. Barroso - sentido São Braz-BR-316 e vice verso - Cr$180 milhões. Além das muitas batidas de veículos ocorridas em função de um trânsito mal orientado, consequência da interdição daquelas vias provocando congestionamentos intensos aliados aos prejuízos materiais. Porém, a um volume de águas pluviais a emenda ficou pior do que o soneto. Cita-se a Av Tito Franco, tendo-se em mente um eufemismo, pois a crueldade das baixadas já merece o título de calamidade pública. O Outro caso a lamentar, está refletido na Transamazônica, uns dos fatores concorrentes - sua construção -à crise da Previdência Social. Continuando o rosário, pode-se citar a mortandade infantil no vizinho município de Maracanã, pela ingestão de água contaminada e sem o devido trato.
As consequências do uso de desfolhantes ao longo da linha de transmissão da Eletronorte, mesmo havendo a cobertura do sol com peneira, os cemitérios de Tailândia, encobrem as vítimas do envenenamento.
Polemizou-se há pouco dias atrás, quanto ao projeto de construção do Panteon ao Centenário da Cabanagem, recebido de presente do internacional arquiteto de Brasília, - esta, outro fator da crise atual da Previdência Social, - entende-se, estar o Governo Estadual se precavendo em não querer ver, mais tarde, seu nome soterrado pelos escombros do desabamento da obra arquitetónica, caso a mesma fosse concretizada por profissionais do quilate daqueles que não solucionaram problemas de escoamento de água ou de conservação de pistas urbanas ou de rodovias intermunicipais ou estaduais, ou então de técnicos que não resolvem, pelo menos, o caso de camelos, em avenidas inadequadas para aquele comércio.
Lembrando a crônica de Emir Bemerguy, acho ter chegado o tempo de agir e se providenciar a reserva de homens de caráter íntegro, assim como foi feito no Pantanal Mato-grossense, em relação à ecologia, pois a honestidade, a seriedade, a profissionalidade responsável no  Homo sapiens, está em progressiva  e acelerada extinção.
Lúcio Reis       



Belém, Pa, 12/03/1984.

Cheque

A coluna Homens & Negócios desse Matutino, edição de domingo p.p., encarta um tópico que trata do assunto título desta.
 Há dias mais atrás, a TV Liberal documentou o flagrante, no qual um médico local, ao ver seu cheque especial rejeitado por um funcionário do DETRAN, faz o pagamento devido com quilos de moedas, que ocasionaram um longo trabalho à contagem da grande quantidade do metal cunhado.
Por vivência de fatos ocorridos, atribuo a culpa à credibilidade negativa do cheque – salvo nos casos de perda ou extravio, que entendo seja uma situação de fácil detecção, pois quem rouba ou acha um talonário de cheques não sabe como seu titular assina -, à própria rede bancária, que entrega à determinados irresponsáveis livros e mais livros de cheques, que possibilitam as mais diversas ações ordinárias nos tratos comerciais.
A exemplo do SPC, que elimina qualquer pretensão de aprovação de um cadastro em qualquer casa comercial, por que os estabelecimentos bancários não possuem suas listas negras e nelas inscrevam os contumazes passadores de cheques sem fundo e assim a qualquer tentativa de ser portador de talão de cheques seria frustada. Todavia, a realidade é a seguinte: seu fulano, safado bem conhecido, reincidente na expedição de borrachudos tem sua c/c encerrada num determinado banco mas, porta um volumoso número de cheques de uma outra casa.
Sei que muitos debocharão da inocente solução. Contudo, o problema reside exatamente aí, porque ser, ou procurar ser honesto, correto e manter o nome limpo hoje em dia, não conta, o que vale realmente é ser corrupto, malandro, cafageste e ter amizade influente e assim pode continuar enganando que nem mesmo isso o colocará na cadeia. O errado é que está certo. Ser pobre, com honestidade, com zelo pelo bom nome não lhe abre nenhuma porta. Mas, se há a aparência de ser um cordeiro de negócios retos, mesmo que lá dentro viva um lobo sagaz e voraz para malograr incautos e ludibriar boa-fé, este sim, é o procedimento mais adequado na atualidade.
A hora que alguma lei determinar que os bancos ou seus gerentes sejam os responsáveis pela molecagem que os seus clientes fazem e dolosamente e, reiteradamente no uso da ordem de pagamento a vista, eles não entregarão à qualquer vagabundo irresponsável um talonário de cheques e, com isso se evitará pagar o justo pelo pecador ou que, o certo seja igualado em direitos ao errado.
Quantos chefes de família, altas horas da madrugada não poderam ou tiveram dificuldades, a fim de receberem atendimento médico para algum familiar, por ter deixado suas economias no banco e ver seu cheque ser recusado pela casa hospitalar, calejada de receber os cheques peixe – você apresenta e nada -, que se a aceitar mesmo que a pessoa seja idônea. Quantas farmácias já não foram logradas e agora detém um vasto arquivo de “vai e vem”? Postos de gasolina, coitados, outra vitima.
Para quem não sabe portar cheque, dê-lhe cheque avulso. Seria, por outro lado, uma considerável fonte de receita à Previdência, a pena de uma “senhora” multa ao cheque sem fundo proposital, com intuito de lesar o receptor.
Lúcio Reis


Belém, Pa, 21/02/1984.


Competência

Quando um auxiliar ou até mesmo um dos dirigentes, passam atestado de incompetência, normalmente é afastado e, por vezes, em função do grau de intensidade e do efeito abrangente de sua inaptidão é exonerado, demitido da empresa. Isto numa firma particular e de direito privado, principalmente quando não há atenuante, em face da reincidência, pois  numa relação de causa e efeito, este reflete direto e proporcionalmente ao tamanho da incapacidade no bolso do proprietário e no balanço da firma.
 Lamentavelmente nas “empresas do povo”, cujos gerentes e componentes, muito das vezes, a maioria, não é submetida a um concurso ou a um teste, que sirvam de aferição ou possa avaliar sua diferenciação técnica, ela é introduzida pela permuta de favores e manobras eleitoreiras e o desempenho de nossa empresa, quer municipal ou estadual é um desastre, é um festival e desfile de incompetência e desmandos. O pior é termos que assistir e testemunhar a insolvência e, torcer para que danos físicos não nos alcancem, bem como nossos bolsos não sofram arrombamento irreversível.
Para ilustrar o acima, está aí: a Escola Camilo Salgado e a Ruy Barbosa. Graças a Deus não temos vitima a lamentar. Eis aí também, a declaração de que o material usado não era o adequado e mais propício. Está aí, ainda o alertar dos veículos de comunicação e mesmo assim se teimou em colocar dentro daquela sala, inocentes crianças. Isto é, além do mais, zombar dos direitos daqueles que mesmo com poucas ou nenhuma posse são seres humanos e portanto filhos de Deus, que partilham com qualquer homem do poder os mesmos raios solares, o mesmo oxigênio atmosférico, a mesma chuva, como também as bactérias que nos decomporão.
Muitos outros fatos poderíamos aqui fazer passar. Todavia, vamos só relembrar os que complicam mais de perto e atualmente nossas vidas: o caro leitor já notou quantas vezes a Av Almt Barroso entra em obras de recuperação, sem permanecer um ano inteiro livre para o trânsito e, as vezes que o serviço é executado num mesmo trecho? – vias públicas alagadas após uma chuva, em face de esgoto entupido, este problema acho que já está inserido no contexto: ser morador de Belém; o amigo já percebeu o estado “beirutiano” de muitas de nossas ruas? Não! Não houve guerra, é falta de conservação mesmo; e aquela nossa reserva ecológica, a nossa flora urbana, o bosque Rodrigues Alves, que pena! Parece ficção mas não é, eles colocam lixo em perímetros residenciais para servir de aterro. É o cúmulo.
Como se pode deduzir, parece que há um conceito estatutário ou um acordo de sangue firmado entre os nossos dirigentes: “ não promoveremos nada em benefício do povo e da cidade”; “desfrutaremos de todas as mordomias e privilégios possíveis e impossíveis”; “antes de eleições prometeremos transformar isto em paraíso, mas, jamais cumpriremos, nem mesmo as obrigações elementares” e assim por diante.
Porém, um dia há de chegar que o povo se dará conta de sua importância essencial, de seu valor e, suas empresas serão acionadas por brasileiros justos, honestos, trabalhadores e capazes, por ele escolhidos, nomeados e assim permanecerão enquanto produzirem em função do seu bem estar e do bem comum. E assim dar-se-á um basta a incompetência e só terá vez a competência.
Lúcio Reis

Belém, Pa, 02/02/1984.

Solução

O belemense se debate ante os grilhões da tributação municipal. Diante do silêncio do Secretário Executivo Municipal do Executivo Estadual, do Chefe deste último poder, veio a solução: “Aquele que não estiver de acordo com o Imposto que lhe foi cobrado, que recorra à Justiça, pois suas portas estão abertas”. O que, se não me equivoco foi a descoberta da pólvora e a tradução concreta de uma insensibilidade e total alheamento ao sofrimento do povo, que antes de novembro de 82, era oprimido, menos favorecido, portador de carência salarial, condição sócio econômica precária e outros males, principalmente aquele cidadão que comparecia aos comícios do partido que agora é detentor do governo neste Estado.
Pela declaração resolução, depreende-se que nos dias de hoje, todo mundo esta tranquilo, com polpudos saldos em poupança, pois JB no Governo é povo no poder e assim: Todos pelo Pará e, ninguém pelo paraense, cada qual conseguiu defender o que é seu.
Porém, convenhamos, tem-se que reconhecer foi uma conclusão inteligente e, de quem conhece o seu povo. Estamos às portas do carnaval. Com o término das férias de Momo, teremos a semana santa, a esta altura o Torneio Nacional Taça de Ouro estará no auge. Depois virá o campeonato local, discutiremos: Remo, PSC, Tuna e etc... Nesse ínterim ganharemos de permeio temas sobre Mosqueiro, Salinas, Maruda, pois aí terá chegado julho. Este, deixará porta aberta para os feriados da semana da Pátria. Concluído os desfiles e paradas, a discussão sobre o alto custo do pato, dos ingredientes da maniçoba, do assalto feito pelo litro de tucupí, tomará conta de nossos assuntos, pois já chegou outubro e com ele o Círio de Nazaré. E então vem a proposição mais polêmica: continua o Parreira, entra o Minelli e assim com a fase eliminatória ou classificatória para a Copa de 86 encerraremos o exercício de 84.
Paralelamente a veloz justiça já definiu sobre a absurdidade da cobrança do Imposto. A conclusão? Só Deus sabe. Por via de conseqüência, você tirou esse pesadelo da cabeça e pode gozar despreocupadamente todos os prazeres que este País e este Estado maravilhoso, nos oferecem a cada ano. Quer coisa melhor? É! Somos um povo feliz. Temos ouro, ferro, manganez, petróleo, solo fértil e assim temos álcool hidratado, temos cobre, alumínio e, a mais preciosa matéria prima que existe no planeta: “A IGNORÂNCIA DO POVO”, que custeia as altas mordomias de uma meia dúzia, mesmo não havendo o cumprimento das promessas feitas a cada pleito e campanha eleitoral, como também dá para sustentar a sinecura dos que abrem o Evangelho de Cristo nos púlpitos e, vão levando a vida num mar de rosas, a custa de milhares de humildes que buscam a Casa de Deus na esperança de um conforto para suas atribulações e a cruz do malogro e aí também são iludidos, pois a palavra de Deus na boca de seus representantes aqui, é só de críticas a regimes e esquemas políticos. E aí eles passam a usufruir também, aquela versátil matéria prima para seus problemas resolver.
Lúcio Reis
  
Belém, Pa, 02/02/1984.

Salvação do Brasil

Eu sabia que no Inferno Paraense Tira Ufanismo (IPTU), nem tudo é só fogo, destruição e espinho. Ele tem seu ponto de glória, de esperança, de valor e até se colhe rosas, também.
 Viva! Viva! Graças a Deus vamos reiniciar o progresso e crescimento desta Nação e brevemente, após termos pago toda nossa dívida externa, vamos ter o orgulho e o prazer de emprestar dinheiro aos E.U.A e assim, recebermos o Presidente Reagan com o pires na mão, pois nessa ocasião teremos um superávit na nossa balança comercial, algo  em torno de 40 bilhões de dólares, uma inflação anual, variando de 0,2 à 0,5%, causando inveja ao Japão.
É evidente que para isso acontecer o brasileiro terá que, lamentavelmente, se acostumar com a idéia de não ouvir mais falar em Delfim, Galveas, Pastore, Viacava, Dallari o que realmente é uma pena, pois desaparecerão do cenário noticioso do País, uma vez que serão substituídos nas funções que ora exercem.
Eu sei meu amigo, você deve estar confidenciando com seus botões, o IPTU, pirou de vez a cuca desse desgraçado. Contudo, eu explico: você não ouvirá falar daqueles nomes ali de cima, mas, também, não ouvirá o nome de ninguém. E aí você diz: agora mesmo que o cara ficou pinel.
Calma: Para que esse milagre se realize o executivo Nacional Federal, vai contratar o GRUPO PROFISSIONAL DO MAIS ALTO NÍVEL E GABARITO, ao qual nenhum técnico da terra se equipara e nem tem diferenciação para contestar ou remendar. Eles são incríveis e infalíveis. Você já ouviu falar o nome de algum deles? Nem eu! Mas sentimos o efeito de suas atuações.
Mas, você sabe que estou falando do grupo que se desincumbiu da missão de preparar o ante projeto da reforma tributária do Município de Belém e, que depois da aprovação de nossos dignos e inteligentes representantes na Câmara Municipal, deu esse fruto maravilhoso, saboroso e, de fácil digestão, o IPTU (será que se poderia ver publicado os valores dos carnês dos nossos vereadores, de nosso prefeito, de nosso governador, de nosso secretário de finanças, de nossos deputados e daqueles sapientíssimos técnicos?)
Estamos ou não estamos salvos? Heim!
Lúcio Reis

Belém, Pa, 27/01/1984.

I P T U

Publicada no Jornal O Liberal de 29/01/1984-Coluna Cartas

Roubar significa subtrair fazendo violência à pessoa ou coisa, enquanto que furtar significa que o agente não faz violência à pessoa ou coisa.
Os adquirentes de imóvel do SFH, terminaram de sair do pesadelo da majoração de pouco mais de 130% e, tanto eles, agora, como os proprietários de moradia desta Capital devem estar passando noites e noites de insônia, com os nervos a flor da pele e com um stress que por certo é ou será a causa do estouro das mucosas gastroduodenais dos belemenses em função do presente recebido neste inicio de ano, o IPTU.
A violência urbana, dizem os sociólogos, os psicólogos e os entendidos no assunto, é fruto do desnível social, do menor abandonado e etc... E então pergunto eu: “Qual é a origem da violência oriunda de um decreto, de uma lei ou de um decreto-lei, quando se sabe que esses preceitos foram inventados ou criados para proteger o cidadão e resguardar o bem-comum?” Pois raciocinemos juntos: você é afrontado na rua por um pivete, por um trombadinha ou trombadão, por um delinqüente da mais alta periculosidade, o objetivo deles está inserido em suas denominações, aí, para defender sua pele, seu patrimônio e suas economias, você saca de uma arma branca ou de fogo e líquida com o seu algoz. Vai a um tribunal e comprova, evidentemente, sua legitima defesa e fica tudo bem. Ok! Tudo certo! E aí torno a questionar: “O que fazer legalmente, para  auto defender-se  quando o assalto é praticado por um carnê, é resultado de um período extraordinário de uma câmara municipal, que nesse próprio período já sangrou o erário; ou ainda, qual é a mais vil: violência do marginal ou a do decreto-lei?
Entendo eu que lei cumpre-se e não se discute, mas entendo também, que determinações absurdas não tem valor e se auto-anulam. Analisando, por outro lado, o que ocorre e vai continuar, aí mesmo é que cresce a indignação, pois se tem certeza que mesmo arrecadando essa receita saqueada do bolso do povo, as ruas continuarão sujas, esburacadas, alagadas, bueiros entupidos, calçadas quebradas, mangueiras caindo em cima de carros, matando transeuntes, persistirá a cobrança de consumo (m3) de água poluída, não consumida, bem assim colocando lama nas ruas do subúrbio, assim também como continuará a covarde agressão dos carros chapas brancas queimando gasolina do povo, transportando as madames às compras, aos cabeleireiros e as crianças aos colégios e etc... Portanto, se você paga não tem retorno nenhum em beneficio; se você não paga, benefício nenhum em retorno terá.
 Quando o atual gestor municipal foi içado ao cargo, em substituição ao perfeito prefeito e empresário, foi-lhe dado votos e mais votos de confiança. Todavia, parece que não houve um entendimento bom ou uma boa interpretação dos votos formulados, pois não era dele que o povo esperava o tiro de misericórdia e sim o tiro da salvação.
 Mas tudo é compreensível: como sem povo não há Estado e nem Governo, o fim das nossas autoridades é o seguinte: Elimina-se o povo e assim estamos todos aposentados. Pegamos nossos saldos bancários e vamos gozar as delicias do Caribe, Hawai e etc...
Lúcio Reis

Belém, Pa, 17/01/1984.


Muda Brasil

Neste 15 de janeiro p.p., concluiu-se mais uma obra da edição do livro de nossa história e, simultaneamente abriu-se o volume seguinte, denominado “Muda Brasil”, no qual o prefácio resume que dentre em breve estaremos vivendo no mais feliz dos países.
Em seu índice pode-se ler os tópicos, cujos títulos falam de: inflação descendente, moradia ao alcance de todos, expulsão do fantasma do desemprego, distribuição coerente e justa de renda, de riquezas e de justiça, em fim, de que em pouco tempo, logo mais, isto aqui se transformará num Paraíso. Aliás, tanto o prefácio, quanto o índice do volume anterior e o do presente são muito coincidentes.
 Em referência ao volume que antecedeu o atual, as promessas e realizações políticas  foram cumpridas. Os bandidos foram perdoados, os bandidos puderam retornar ao seu “berço”, em suma: os malfeitores e filhos desnaturados que pretendiam jogar esta Nação na “lama vermelha” e hastear nosso pavilhão no lodaçal dos regimes totalitários, tiveram e receberam a chance de virem contribuir para o crescimento deste País, não assaltando bancos,  não seqüestrando pessoas ou aeronaves, não exterminando inocentes e indefesos mas, trabalhando e somando esforços para o bem estar de todos e do bem comum.
No que concerne as construções sociais, acredito ter havido um pouco de infelicidade, pois a mesma foi sentida diretamente em nossos bolsos, quando a cada página virada o nosso cruzeiro foi sendo desvalorizado, caindo sistematicamente, enquanto em contrapartida o custo de vida, o preço dos alugueis, as taxas inflacionárias, os índices de violência urbana, eram atrelados a foguetes atômicos, alcançando as estrelas e os píncaros da destruição econômica doméstica, empresarial e etc..., tendo até desfeito o sonho da casa própria.
Porém, deve-se ressaltar que sementes de árvores frondosas foram plantadas, pois já contamos e dispomos da abundante energia de Itaipu e Tucuruí, que será sem dúvida a mola propulsora que nos arremessará a um futuro próximo, dotado de progresso e desenvolvimento, tudo aliado evidentemente, ao privilégio de possuirmos e desfrutarmos do rico e generoso solo que a Natureza nos ofertou. Por tudo isso tenhamos a fé e a esperança de em breve usufruirmos  da frescura e proteção dessa sombra abrangente e abundante, enquanto concluímos a leitura da obra recém aberta.
José Joaquim da Silva Xavier, foi um dos mais importantes e brilhantes protagonistas, em determinada edição dessa coletânea. Por coincidência ou não, teve como Torrão Natal, as mesmas Minas Gerais , que recebeu em seu seio, ha mais de 7 décadas o personagem central da presente edição. Esperamos que o destemor, a coragem e o sentimento cívico-patriótico do Alferes, inspirem constantemente e mui especialmente  no momento das grandes e importantes decisões, ao nosso Pastor e que ele guie este rebanho pelas estradas a democracia, até o pasto da tranqüilidade social, onde o alimento desenvolvimento e prosperidade esteja plantado em larga escala e que tudo esteja sob o cajado da justiça, do amor e da igualdade.
Ainda resta esperança neste povo sofrido, pois nossos corações bondosos, nossas pacatas cabeças e o nosso sentimento de cooperação e humanidade, merecem sem dúvida alguma um outro País, um Brasil Mudado, um Brasil para os brasileiros e coerente com os princípios de solidariedade humana e cristã deste magnífico povo.
Lúcio Reis


Belém, Pa, 28/12/1983.

Indignação

Publicada na Edição do Jornal O Liberal de 31/12/1983 - Coluna Cartas

Falar-se em revolta nestes dias em que a presença do Redentor se torna mais acentuada e é o que deveria ocorrer nos 365 dias do ano, poderia ser até uma blasfêmia. Todavia, a cada dia que passa a situação se torna mais insuportável e assim, é uma questão de realidade nua e crua.
É todo mundo querendo empurrar o outro para o abismo e, esse outro só é o povo. Hoje em dia se reverência e se tem como um dos mais insignes e ilustres brasileiros, o José Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, que foi esquartejado pelo fato de ser contrário a derrama. Contudo, ao que tudo indica querem substituí-lo na História, por um outro cidadão, pois pelo menos, as causas a cada momento, para o surgimento de um novo inconfidente, são implantadas, tais como: IPI, ICM, IR, IOF, IUEE, IPTU, Taxa LP, Taxa IP, Taxa Lixo, TRU, FNT, TLPL, percentuais cada vez mais altos, sem contar com a tirada do salário de família e auxílio maternidade, estes últimos já anunciados, e etc..., entre outras obrigações e carga tributária.
De tudo isso o que mais dói é você ter que deixar seu carro na garagem, tirar a manteiga e o leite do café matinal de seus filhos, quase que eliminar a proteína bovina do almoço, quer pelo custo ou pela concentração hormonal e, assim por diante. Isto para não falar, o que é muito pior, daqueles que nem o cafezinho matinal têm para o desjejum, enquanto uns poucos privilegiados que pouco ou quase nada estudaram, que não prestaram concurso, têm, pago pelo povo: correio (o Congresso dispende CR$105.859.000,00 por mês para a postagem de correspondência de deputados e senadores, sem falar nos impressos que lhes são feitos pela gráfica daquela Casa), casa, carro, combustível, transporte aéreo e, toda sorte de vantagem, além de um polpudo salário, ao passo que o povo reduz suas despesas, desce seu padrão de vida e não ver sua receita pelo menos adquirir o poder aquisitivo e nem tampouco o retorno em bem comum, de todos os impostos e taxas que desembolsou.
Há promessas de que vai melhorar, porém, se está a espera já há umas 4 ou mais dúzias de meses e a cada dia só piora. Quando realmente esta prometida prosperidade chegar, se chegar, já seremos só uns poucos esfaimados, subnutridos, sem capacidade de discernimento e escolha, com cérebro de mosquito, raciocinando pelo estomago we facilmente guiáveis ou teleguiáveis.
Graças a Deus 83 acabou e, com ele uma safra de escândalos e de corrupção que daria para montar uma enciclopédia. Apesar de tudo, para o nosso bem, necessário se torna que invoquemos a proteção dos Céus, para que se dê um voto, mais uma vez, de crédito e confiança aos responsáveis pelo nosso futuro e especialmente de nossos filhos e netos e, que no ano que inicia,  seus músculos, principalmente o coração e o cérebro se transformem em matéria animal e possam ter piedade e compaixão de todos nós. Amém.
Lúcio Reis

Belém, Pa, 19/12/1983.


Candidato a candidato

Publicada na edição do Jornal O Liberal de 25/12/1983 

Na ordem alfabética: 1-Aureliano Chaves, 2-Antonio C Magalhães, 3-Costa Cavalcante, 4-Hélio Beltrão, 5-Leonel Brizola, 6-Magalhães Pinto, 7-Mario Andreazza, 8-Mario Juruna, 9-Marcos Maciel, 10-Paulo Maluf, 11-Tancredo Neves e 12-Ulyses Guimarães, são os nomes que se apresentam, uns já declaradamente em campanha, enquanto que outros são apenas tidos como presidenciáveis à sucessão do atual mandatário da Nação, apesar de estarmos com a água no lábio inferior.
Justifica-se ou explica-se que a luz no fim do túnel, para atual crise que o Brasil atravessa nos trilhos da inflação, do desemprego, do alto custo de vida, em fim: de uma “senhora” rescessão, está nas eleições diretas, para que o novo comandante máximo do País, tenha como respaldo a caneta do povo que marcará os “X” que o farão subir a rampa do Edifício Alvorada.
Da dúzia de candidatos a candidato acima relacionados, todos foram emergindo, tendo como origem: alguns a satisfação de um orgulho próprio, outros como conclusão de alcance do ápice da carreira abraçada, outros simplesmente como oposição e uma parcela como indicação de algum setor da sociedade. Todavia, creio eu, nenhum pode se arrogar o título de verdadeiro representante da vontade, da preferência e da escolha popular, mesmo porque, é evidente, pelas frestas das urnas esse desejo ainda não foi introduzido.
Dizer-se que o colégio eleitoral já foi escolhido, agora, é um tanto quanto precipitado, leviano e inverídico, pois se se fizer uma enquete junto a massa, descobrir-se-á que ela não sabe nem o que é colégio eleitoral, quanto mais conhecer que em 15 de novembro de 82, ela sufragou os componentes do referido colegiado, pois a grande  maioria já há alguns anos está mais preocupada com o seu estomago e o de seus filhos, bem como de onde vai tirar os meios para custear as constantes altas nos bens e serviços de consumo e, aqueles que tem conhecimento e consciência do que fizeram, a esta altura, depois de analisarem a conduta, a desenvoltura e a atuação de seus representantes, nesses primeiros meses de desempenho, por certo já se arrependeram de ter estregado ou jogado ao léo seu tão precioso voto. Logo, muitos dos que estão no poder já não mais representam a escolha e a vontade do povo, portanto, não podem escolher e nem falar por ele.
Por conseguinte seria mais, muito mais adequado, que o próprio povo não só o da região sudeste ou sul, mas sim todas as regiões, indicasse, via pesquisa de âmbito nacional, seu verdadeiro candidato e a sua real preferência, pois alguns daqueles 12, muitos brasileiros nunca ouviram falar, são ilustres desconhecidos, pois a horta de pepino e pomar de abacaxi, requer um operário que realmente reflita a ambição de todos os que vão digerir os frutos indigestos e ácidos.
Lúcio Reis



Belém, Pa, 06/12/1983

Balanço

Certos fatos que nos chegam, graças a esse veículo de comunicação, e que são contrários aos nossos direitos e até contraditórios em relação aqueles que os promovem, nos forçam a uma tomada de posição, mesmo sabendo que aqui o “Davi” jamais ganhará do “Golias”.
Tenho convicção de que muitos de seus leitores gostariam de dispor de um local, para desabafar os seus descontentamentos. Porém, como isso não é possível, nos damos por satisfeitos em poder contar com a guarida imparcial e justa que esse Matutino nos dá, servindo assim de uma Tribuna para os anseios deste povo.
As casas Legislativas desta Capital estão convocadas para um  período extraordinário até o dia 21 de dezembro. Convenhamos que o fato de se destinar ao período ordinário somente 8 meses, já é em si algo estranho, pois,  jamais se soube que alguém tenha conseguido um progresso lídimo, sem trabalhar e, se sabendo que o País de amanhã, está atrasado, ficou no ontem-ontem, já não seria a hora, desde ontem, que houvesse maior empenho e grande disposição em lutar, labutando pelo lugar de honra que é devido ao Brasil?
Quem se informou, lendo diariamente esse Jornal, no decorrer deste exercício, pode agora aferir o desempenho de nossos representantes, que até agora não se deram conta que não detém um mandato de propriedade própria e particular, mas, do povo, uma vez que a 15 de novembro de 82, lhes foi apenas delegado uma representação, pois se sabe que: “Democracia é governo do povo, pelo povo”; e não de “A”, “B” ou “C” pelo povo.
Em prol do povão o resultado é nulo; em termos de ofensas e retaliações recíprocas o saldo é positivo; em relação a concessão de título honoríficos e de cidadãos belemenses, também é positivo; defesa do povo consumidor e contribuinte, melhoria  no transporte urbano e etc..., o saldo é negativo; no que concerne a perseguição, em função do cromo e preferência partidária, nota 10; em referência a segurança do cidadão e do seu patrimônio, bem como os desmandos de autoridades, com abuso de poder, nota 10 com louvor; omissão ou negligência na guarda de mal-feitores nocivos a comunidade, grau 10, também. Em fim, ficamos muito a desejar que todas  aquelas promessas de campanha eleitoral, fossem cumpridas e mais uma vez só nos resta a desilusão e o descrédito e, ficarmos aos cuidados de nossos próprios destinos.
A desilusão de saber que em março próximo, vai reiniciar nova legislatura, que por qualquer pretexto uma sessão será suspensa, que os insultos pessoais e os tratamentos baixos entre parlamentares, não refletirão o mínimo de ética e decoro, e que ao final da mesma se terá menos confiança em nossos delegados, pois mais uma vez os poderes das leis serão convocados, mesmo onerando o erário, para deliberarem sobre temas que terão reflexo sobre o bolso do contribuinte, diminuindo seu poder aquisitivo, sem que haja o devido e útil retorno, a não ser na agressão das mordomias de chapa branca e etc...
Sabe-se, por outro lado, que no âmbito nacional, este Estado tem representantes, tanto na Câmara Alta, quanto na Baixa. O caro leitor se apercebeu, que no decorrer deste ano, a exceção de um ou dois, ninguém mereceu uma manchete que traduzisse um desempenho em favor deste Pará? Ainda, na esfera nacional, notaram que tem parlamentar que, creio eu, ainda não sabe onde é o Congresso, pois ficou o ano todo tratando de interesses particulares nos Estados da Federação? É! Nosso Brasil vai mal.
Retornando aos interesses locais e para concluir, só nos resta dizer: “Quem trabalha fora do expediente, é porque não o fez dentro dele” Logo, o estipêndio já recebido deveria cobrir o período excepcional e assim, o serviço agora executado corresponderia àquele não realizado.
 Lúcio Reis

Belém, Pa, 28/11/1983.

Exmo Sr. 

Gen Cav João Batista  de Oliveira Figueiredo – Presidente do Brasil.

Exmo Senhor.

Sou conhecedor que V. Excia., deveria dispor de pelo menos de um dia com 36 ou 48 horas, pois os problemas à sua resolução são intermináveis e sempre do tamanho deste País Continental. Todavia, gostaria imensamente que o Sr tomasse conhecimento do que se passa em termos de conflito interno que ocorre, creio eu, nas personalidades e nas cabeças de muitos brasileiros e, principalmente na minha, pela qual me autorizo a falar, comentar e expor abaixo, tudo devidamente contando com seu beneplácito para me dirigir a V. Excia.
- Passei 10 anos servindo a minha Pátria e da qual muito me orgulho sobremaneira em ser um dos filhos e, muito mais honroso me foi, por ter feito aquele serviço ostentando a Farda Verde-oliva.
- Apesar de ter meu berço natal em Caeté-Minas Gerais, foi aqui mesmo no Pará, que tive o prazer de por um pouco mais de uma década frequentar diariamente aquela Escola de civismo, de patriotismo, de justiça, de fidelidade, de honradez e sobretudo de responsabilidade e cumprimento do dever com probidade. Dele fui afastado por possuir um coração portador de uma cardiopatia grave e que me incapacitou de vestir por mais algum tempo a Farda de Caxias, nosso Patrono, e poder continuar a demonstrar a captação dos ensinamentos ministrados, pois àquela altura, sem estar fazendo nenhum favor, já estava classificado no comportamento excepcional e pontilhava minhas alterações militares com um rol de elogios que davam aval à minha capacitação funcional, sem falsa modéstia, Isto obviamente não evitou que meu coração, mais do que nunca continuasse Verde e Amarelo.
- Agora que V. Excia., já tem um breve contorno deste seu comandado que ousou em lhe atrapalhar, passo a narrar o motivo precípuo desta minha petulância em subtrair-lhe preciosos minutos com assuntos ínfimos diante daqueles que lhe assaltam a mente a partir dos primeiros segundos da alvorada. É evidente repito, que conto com sua permissão e condescendência:
- Quando no inicio de seu governo, V. Excia., ao tomar posse trouxe a público o que almejava realizar no plano social e político, a Comunidade brasileira suspirou aliviada, enquanto muitos de seus opositores o criticaram e duvidaram de que o Sr levaria  a bom termo os seus propósitos, o que não se coaduna com o modo de ser daqueles que estão fazendo política desde os idos de 40 e até agora, pouco ou nada realizaram em prol desta Nação e, muito promoveram em favor próprio e, incontinente as suas promessas foram tomando corpo e se concretizando e, o povo passou a lhe olhar e dispensar uma simpatia impar, a cada dia se acostomou a lhe querer bem, a gostar de sua sinceridade e o que é mais importante passou a acreditar piamente que o querido Presidente iria realizar todos os compromissos pactuados com a Sociedade da Terra de Santa Cruz, pois há muito tempo vínhamos sendo decepcionados nas ofertas que nos eram apalavradas.
- No plano e na esfera política  iniciou-se  o  retorno daqueles compatriotas que objetivaram mergulhar o Brasil na mais negra escuridão, pois a eles e muitos que exterminaram vidas inocentes, o Sr concedeu o perdão do povo brasileiro, a eles o Sr proporcionou as condições de hoje em dia pousarem de mocinhos e falarem à uma rede de radio e televisão para toda a Nação, em distribuição equitativa dos direitos sociais, em igualdade, em justiça e em socialismo democrático. É  duro ver e ouvir um vilão do caos, pregar a fraternidade. A eles, que  antes de 15 de novembro, mais uma realização sua, propalavam a falta de emprego e uma melhor distribuição de renda, viu-se realmente depois, que estavam preocupados, não com o povo, mas, com seus familiares, como aconteceu por exemplo, em São Paulo e aqui mesmo no Pará. Como se pode concluir, politicamente tudo bem, a dívida foi resgatada, sua frase: “Vou fazer deste País, uma Democracia”, esta prestes a se concretizar, falta apenas um passo para a complementação da mesma. Todavia, no que concerne a economia e a nossa sobrevivência, me permita Sr. Comandante, a coisa está péssima, ruim mesmo. Eu sei que o Sr tem conhecimento disso, sei também que para muitos outros nossos irmãos a situação ficou insustentável, a ponto de perderem filhos, por ausência de alimentação, o que graças a Deus, não é o meu caso, porém, é pensando mais neles do que em mim, que sobrevivo em uma tremenda batalha interna e, com os olhos no futuro, pois a mim o Cristo confiou um maravilhoso casal de crianças.
- O que mais descontentamento e agressão provocam é saber-se, via veículos de comunicação, que as vezes se tem vontade de ignorar e passar a não ler e nem ver, - o que seria uma contradição, pois como amar este País e não se interessar pelos fatos inerentes a ele – que brasileiros, alguns com responsabilidade direta, outros coniventes e até contribuem para a deterioração da imagem saudável que o Sr quer ornar o seu governo. Estou me referindo só para exemplificação aos escândalos recentes, de repercussão nacional, faço alusão também ao caso que envolve o Sr. José Lino Cypriano com o CNP e tantos outros que a imprensa faz chegar ao nosso saber e que não se tem informação das providencias coercitivas, a exemplo do que aconteceu no Japão, na Inglaterra e mais recentemente na Alemanha e, quando a justiça se faz presente como no caso da mandioca o fascínora consegue escapulir.
- É verdade também, posso afiançar, pois a mim o Sr parece muito com um comandante e chefe, sob as ordens do qual por muitos anos servi, o Tem-Cel Humberto da Costa Chaves, também cavaleriano, o qual não apoiava de maneira alguma falcatruas de qualquer espécie.
- Dias atrás um cidadão chamado Geraldo Forbes, sugeriu que o Sr renunciasse e fosse dar cascudos em seus netos. Contudo,  General Figueiredo, se o Sr me  permitir, eu opino que não seja um abjurador e que até o fim de seu mandato o Sr consiga não dar cascudos, mas nocautear todos aqueles que empanam sua boa vontade e colocam obstáculos, antepondo-se a uma condição melhor a todos nós. Por causa de renunciam depois de ter sentado na Cadeira Principal do Brasil e com respaldo do sufrágio popular, é que o Brasil teve seus rumos e destinos totalmente mudados pelo brasileiro que conduzia a vassoura como bastão de comando.
- Sei, que um dos seus maiores, quando não, o mais importante empecilho e dor de cabeça é a espiral inflacionária. Sabe-se também, que vez por outras nos é solicitado a cooperação no sentido de colaborar, fiscalizando, reclamando, ponderando e etc... Mas, quando se procura os órgãos para formular queixas não se tem a receptividade adequada, pois se saí desencantado e convicto que jamais o Davi vai levar a melhor sobre o Golias e aí sobrevem a indignação. Acho mesmo que fiscais não freqüentam super mercados, farmácias e outros, pois como não ver produtos remarcados até mesmo com 4 ou 5 etiquetas sobrepostas, aí, ao meu ver de leigo, um destruidor do nosso poder aquisitivo, pois caro Presidente, a cada mês que passa se reduz o rol das compras e se aumenta o montante de cruzeiros.
- Entendo ser o Brasil, um lar, que congrega uma grande família, cujo responsável é o Sr., por isso compreendi também, ser o Sr a pessoa mais confiável a se confidenciar as nossas agruras, principalmente pelo amparo e pela bondade que brotam de seu coração, apesar das pontes, que todos nós rezamos para que à época de suas construções não desabassem e não o furtasse de nosso meio, pois já concluímos também que os homens que tem assento na Câmara alta e na Baixa, bem assim nos Estados, com raríssimas exceções, jamais irão se preocupar com o pessoal daqui de baixo, uma vez que com até 5 fontes de renda, com moradia, com carro, com combustível, com correio, com telefone, com secretaria, tudo de graça, eles que só ouvem falar em bilhões, trilhões e US$, nunca vão encontrar tempo para tratar dos interesses da massa e do bem comum dela, que convive com mil e tem que custear moradia, luz, telefone, educação, água, alimentação e etc... com seu próprio salário.
Talvez se esteja querendo mais do que se faça jus. Contudo, há mais de 3 anos que estamos esperando por dias primaveris e, como eu acredito no Brasil, como eu sei  que somos viáveis potencial e economicamente, assim como não posso conceber que se tenha vergonha de ser honesto, como disse Rui Barbosa, e que ao ouvir o Hino Nacional, principalmente fora de nossas fronteiras, a exemplo do que sucedeu há bem pouco na Venezuela e na Índia, sinto em meu âmago, aquele algo diferente que, como se concretizasse brota pelos olhos, eu confio no Senhor. E peço a Deus que lhe ilumine, lhe oriente e guie para que o Sr encontre rapidinho a ação, o caminho e a atitude mais correta, pois a mim me parece que qualquer item em seu esquema não vai bem, uma vez que até agora não se sentiu, aqui embaixo, os efeitos e sintomas positivos do remédio adotado, pois a cada dia mais diminui nossas condições de sobrevivência condigna.
Excelência, em nenhum momento pretendi lhe magoar, em nenhum instante me ocorreu a idéia de criticar destrutivamente e em hipótese alguma almejei transgredir e lhe aborrecer. Por isso se errei, antecipo meus pedidos de escusas, assim como formalizo minhas desculpas pelo contra tempo que porventura lhe tenha causado.
Um Feliz Natal, um Ano-Novo de realizações, muitas felicidades, ostensivamente à sua /senhora, aos seus filhos e aos seus netos e todos aqueles que privam do seu convívio diário.
Respeitosamente meus cumprimentos e agradecimentos.
Lúcio Reis



Belém, Pa, 08/11/1983.

Escolha

Há dez anos o mundo submergiu em dificuldades, advindas de uma crise energética, consequência dos desvarios beligerantes de lideres do Oriente Médio e, da entidade que dita o custo do petróleo, afirmando: O Preço é Este, Pronto = (OPEP).
No Reservatório de problemas estava imerso, também, o Brasil. Iniciou-se por aqui providências antídotos para suavizar os efeitos do alto custo de ujm barril de hidrocarbonetos e, solicitava-se que a Nação economizasse pelo menos 10% sobre seu gasto de combustível e, assim, os danos  seriam aliviados. Foram atendidos, o brasileiro correspondeu.
Nesse ínterim todos os países, inclusive o nosso, buscaram fontes alternativas, como o carvão mineral, vegetal, a hidroelétrica e, nesta Terra principiou-se o PROALCOOL, em como a mistura de 20% do produto da cana de açúcar à gasolina e, paralelamente a produção nacional do ouro-negro, tendeu a aumentar, havendo, do fim do ano de 82 até aqui, mais do que a duplicação em termos de quantidade de barris/dia.
Com as providências dos países consumidores, os estoques dos produtores sofreram uma escalada altista de sobras, que os forçou a redução considerável de seus preços. Todavia, em particular, ao nosso Torrão Natal, o “caranguejo” da economia não se deteve e nem foi detido, apesar dos remédios que lhe foram  aplicados. Ora o seu alto deve-se à crise energética, ora são as enchentes, em outra é a seca, depois são os barbeiros e cabeleireiros e por último o milho. Enquanto isto seus reflexos em nossos bolsos é de desastre e a ação aniquiladora ninguém mais suporta. Pois vejamos: paga-se por um litro de álcool adicionado a 4 de gasolina, o mesmo valor de um litro de combustível de fóssil orgânico; bolaram e colocaram em prática um rol de produtos com os preços congelados, todavia, os que não figuram na relação esquentaram de uma tal  maneira que orçamento programado para super mercado sempre dá déficit, e daí por diante.
Como já foi dito que a situação está mais para anaeróbio do que para aeróbio, por conseguinte estamos num sufoco desgraçado. E assim, viu-se e ouviu-se manifestações públicas recentes, onde os gritos diziam: “1, 2, 3, 4, 5 mil,  queremos votar para presidente do Brasil”. Aí  conjectura-se com os botões: se isso acontecer agora, vai a vaca, vai o boi e toda a manada para o brejo, pois quem escolhe um incapaz para lhe fazer lei, quem separa como seu representante um candidato que faz galhofa e tripudia em cima do  parco conhecimento de seus eleitores, usando para isto uma emissora radiofônica de grande penetração, e que sequer o direito do representado como ser humano e considerado; quem não discerne que está sendo alvo da atitude zombeteira ao ser comparado como rato ou ao preá, por ter uma prole extensa e, sendo este um legislador, há de se convir que é uma temeridade, pelo menos enquanto persistir a atual mentalidade de escolha e a corrupção de um mesmo eleitor possuir mais de um título, deixar que escolhamos o brasileiro que vai executar as leis geradas por desrespeitadores do elementar principio de: gente ser, pelo menos gente.
Enquanto os interesses próprios preterirem aos do povo, enquanto elegermos “Justo Veríssimo” para nos representarem, ficaremos cada vez mais pobres, pagando cada vez mais caro, ao passo que uma minoria de ungidos terá de graça: casa, luz, telefone, correio, carro, gasolina e, mais uma gama de funcionários lhes telefonando, telegrafando implorando que voltem ao seu local de trabalho, para cumprirem com o dever e a obrigação que lhes foi delegada nas urnas e que corresponde a um salário e mordomias para Nero nenhum botar defeito.
Lúcio Reis



Belém, Pa, 02/11/1983.

Criminalidade

Publicada no Jornal O Liberal edição de 09/11/1983 - Cartas

Creio que todos os leitores desse Matutino sabem de quem se trata quando leem os nomes Chico Preto, Naísca, Nego Teo, Macacheira, Quemadinho e etc... Pois estes, a exemplo de tantos outros são figuras protagonistas de atos que constantemente figuram às páginas desse Jornal, e que os relacionam com os Órgãos de Segurança e do Judiciário, pois sistematicamente  vem à público suas prisões, sem seguida suas liberações e mais alguns dias nova traquinagem e o conseqüente retorno ao cárcere e assim de tanto freqüentarem as crônicas policiais, que espelham também suas várias entradas nos casarões da Santo Antonio como das Praça Amazonas, seus nome se tornam conhecidos.
Assim como se analisa o tema pelo prisma da assiduidade com que certos indivíduos figuram às noticiais da delinqüência, forma-se um raciocínio paralelo e interpelativo: “partindo-se da premissa que o desemprego, a falta de oportunidade e de dinheiro levam o sujeito à marginalidade e à prática da violência – hipótese esta ou assertiva, a que faço minhas restrições, pois se tal verdadeira, como se explica, por exemplo, estar hoje por detrás das grades o Sr. Hosmani Ramos (o médico)? E os casos: mandioca, Coroa-Brastel, CAPEMI, Delfin? Ou por outro lado: só produziriam marginais as camadas da base da pirâmide socioeconômica, ou melhor ainda: não haveria tanta violência no futebol, pois sabe-se que de um modo geral, os jogadores são todos bem remunerados – o que implica que o mesmo não detém pecúnia para seu sustento e de seus familiares, e assim o mesmo se vê forçado ao furto ou ao roubo e, sendo flagrado é preso. Poucos dias depois os jornais estampam que por força de um hábeas-corpus o delituoso retornou à liberdade. Nesse momento surge o espanto e a interrogação? Quem não possui quantia para sobreviver, falta esta que o levou ao crime, como arranjou, ou quem conseguiu, de vez que ele se encontrava encarcerado,a verba para custear os honorários do impetrante do hábeas-corpus liberatório, o que vem criar o ciclo: cadeia, liberdade, prisão”?
A ciência nos ensina, nos primeiros anos de escola, que os animais se classificam também, entre outras em: úteis e nocivos, em relação ao homem e, que os últimos tal qual: os ratos, as baratas, as moscas, os mosquitos, os vermes e mais um grande número de espécies, devem ser eliminadas e se possível erradicados da face da terra, para a proteção, o bem comum e bom viver do ser humano racional.
Não! Não estou chegando ao extremo, por analogia, pois faço-lhes as seguintes perguntas: quem fuzila um bebe de 7 meses; quem estupra mocinhas em assalto; quem abusa de senhoras e anciãs; quem desgraça toda uma família, inconsequente e sadicamente, no sacrossanto recesso do lar; quem esquarteja uma indefesa vida em seus primeiros dias, este ser não é mais repulsivo e nocivo do que todos aqueles que citei anteriormente, será que ele possue uma razão, será que ele é realmente um racional, será que tem sangue correndo em suas veias?
Entendo que para o bem estar da sociedade, a ausência de certos elementos é dispensável e muito mais útil e, com certeza gerará bastante alivio e tranquilidade.
 Assim como entendo, que quem poluiu rios, a atmosfera, as florestas e as cidades, são e devem ser responsabilizados pelos danos que provocam. Portanto, quem contribui requerendo, deferindo ou, facilitando fugas, e assim, poluindo a comunidade, jogando em seu seio via um hábeas-corpus elementos nocivos, desalmados, frios e calculistas, não seriam também, co-responsáveis pelas deteriorações provocadas  pelos irrecuperáveis e manjados fora-da-lei?
Lúcio Reis

Belém, Pa, 24/10/1983.

Era atômica

Publicada no Jornal O Liberal edição de 26/10/1983 - Cartas

O País se prepara para consumir energia oriunda do urânio enriquecido, ou seja: O Brasil está à porta da era nuclear.
Recentemente em São Paulo, coração do progresso desta Nação, em questão de 6 dias foram realizados 4 vazamentos de derivados de petróleo, em operações corriqueiras de desembarque, entornando no litoral grandes porções de litros, ocasionando um vasto desastre ecológico direto e, por conseguinte, prejuízos ao homem que está ligado e vive relacionado com aquele ambiental, sem contudo, graças aos céus, lhe tirar a vida.
O brasileiro ao que os fatos  refletem tem verdadeira ojeriza aos meios e métodos de segurança e higiene, deixando transparecer como característica suas: a displicência, a imperícia e a negligência; pois os acidentes, aliás com a auto-exterminação e a de terceiros, as vezes da própria família, quer pela rejeição aos cintos de segurança, quando despencam de andaimes de construção, quer pela total e irresponsável falta de respeito aos sinais e regras de trânsito, quer pela falta de limite ou data incompreensível para consumo de alimentos perecíveis e etc..., estão aí no cotidiano para comprovar a total e real falta de consideração ao direito de sobrevivência do semelhante (recordam as conseqüências do descarrilhamento em Pojuca?).
Pelos argumentos acima, e sem a pretensão de dar uma de futurologista pessimista ou maldito, me ocorre o receio de uma catástrofe sem precedentes nesta Terra, quando o complexo Angra dos Reis estiver operando a 100% de seu potencial, pois em centros desenvolvidos já houve problemas com escapamento de radioatividade e se sabe que seus danos são imediatos, creio irreversíveis e, bastante maléficos ao homem, ao vegetal, ao plâncton e todo o meio ambiente. Não seria mais previdente, primeiro educar, ensinar o brasileiro para conviver nos tempos atômicos, uma vez que até agora nem todo o alimento de que precisamos, sabemos ou não queremos nos suprir, possuindo este abençoado e fértil  solo?
Lúcio Reis

Belém do Pará, 05/10/1983.

Decoro

Publicada no Jornal O Liberal edição de 09/10/1983 - Cartas

Ao tomar conhecimento dos fatos  que se desenrolam neste Torrão e, que nos são trazidos por esse matutino O Liberal, deparei-me com uma curiosidade que me chamou atenção sobremaneira, assim como a muitos pais, creio eu, que têm filhos em idade escolar, pois que tipo de justificativa daremos aos nossos descendentes, quando nos perguntarem o que milhares de brasileiros querem dizer quando qualificam as autoridades constituídas deste País de: “ladrões”, “corruptos” e “sem caráter”, de vez que o nosso idioma e a nossa gramática é uma só e não me ocorre nenhuma figura de linguagem que usando aquelas expressões queira significar outra concepção, que não o que está inserido em suas sinonímias. Logo, como aceitar que um dos representantes de uma parcela, e por que  não dizer de todo o povo brasileiro, se justifique desculpando-se que não foi de ladrão, de corrupto e sem caráter, que ele adjetivou as mais altas autoridades desta Nação, mesmo tendo usado aquelas palavras.
O que esperar de um país que tem legislador com incapacidade relativa e, que não conhece nossa gramática? Que tipo de lei pode gerar um não aculturado e, que ignora os termos de nossa língua?
É bem verdade, já se sabe historicamente que nossas leis são feitas para inglês ver. Será que nossas autoridades também passarão a figurar somente para inglês ver?
Através dos noticiários já nos foi mostrado desforço físico, ofensas morais e recíprocas entre nossos legisladores, que freqüentam desde os legislativos municipais, passando pelos estaduais, chegando até o nosso congresso e, por fim agora, extravasando aquele poder atingindo o Executivo.
Fala-se em Regimentos Internos e Decoro Parlamentar. Será que a opinião pública poderia ser esclarecida e informada que tipo de atitude vai ferir esse Decoro? Pois pelo que já se viu, só resta interrogar: seria a plantação de uma bananeira em plenário por um legislador? Ou seria a entrada de um, só de cueca? Ou seria a presença de uma ou de um totalmente despidos ou, seria ainda a realização de um ato sexual em pleno plenário? Por que beijoqueiro já existe, bem como transformação da tribuna em cabine telefônica.
Ah! Brasil! Querido Brasil! Só com amor a ti, para tudo isso poder deglutir.
 Lúcio Reis

Belém do Pará, 18/08/1983.

Situação dificílima

As vezes concluo, que assim como eu, muitos que habitam este planeta se arrependem de saber ler, de ver e ouvir noticiários sobre nosso cotidiano. À ratificar o acima, está o dia de ontem 17 de agosto.
Iniciamos o dia com a manchete do aumento dos derivados do petróleo, estampado nesse veículo; a noite pelo vídeo, tomamos  conhecimento das consequências da majoração, nos outros ramos de atividades, tais como: alimentação, transporte e etc...
A sensação que se tem, é de que se esta num cubículo e que o teto começa a nos premer de encontro ao solo e, não se vislumbra nenhum minúsculo ponto de luz, e assim o frio na espinha logo se faz sentir, bem como a consequente descarga de ácido clorídrico no estômago nos predispõe as úlceras gastro-duodenais.
Pela mente desfilam mil e uma resoluções ou se enumeram várias entidades ou administradores que se supõem possam nas socorrer e, aí se chega a desoladora e desesperadora conclusão: “não adianta , todos são ouvidos de mercador, todos podem ser resumidos ao Justo Veríssimo (personagem do Chico Anísio), todos estão preocupados em fazer política (arrancar do erário uma fatia para seus afilhados). E aí enquanto você é agredido pelas mordomias dos chapas brancas, esbanjando gasolina na condução das proles dos homens altamente remunerados, aos colégios, ou então as madames às compras, ou ainda convivendo com os homens  que deveriam prover a segurança, realizando o contrário, e exterminando desta, chefes de família, ou assassinando covardemente por CR$200, ao passo que contumazes fora da lei estão a solta promovendo o pânico dentro e fora dos lares; ou é assalto em seu trocô, tanto em coletivos quanto em carros de aluguel, sem enumerar os reajustes de água, luz, moradia e outros que simplesmente são anunciados e executados; aí você finda a concluir e optar forçadamente em reduzir uma refeição ao dia, deixar o máximo que puder o carro na garagem e se locomover a pé, isto se perceber um pouco mais do que o salário, pois os coitados dos CR$30.600, a esta altura dos fatos devem estar falando com o invisível.
Por fim, só resta escrever se desabafando, a esse órgão, que sempre acata, dando eco e guarida aos reclamos dos menos favorecidos e,  torcer para que Deus arranje um pouquinho de tempo leia as manchetes e assista os noticiários  do Brasil e nos dê uma mãozinha para nos puxar desse buraco evitando que sejamos tragados e afogados pela situação dificílima que ora nos aflige, pois a esperança e o crédito que depositávamos no destino deste querido País, a cada dia que passa a inflação, os desbrios e as conversas fiadas, corroem e eliminam paulatinamente.
 Lúcio Reis

Belém do Pará, 18/01/1983.

Cheques

   
Volto a esse veículo, embarcando agora um fato, que as circunstâncias a mim, refletem ser de quem quer brincar de País.

“Sou obrigado a ter conta corrente em Estabelecimento Bancário para poder receber meu salário. Para eu poder movimentar meu ordenado, tenho que comprar um livro de cheques. Se eu deixar saldo em minha conta corrente o banco aplica-o em Over Night, Open Marken, Letra de cambio, empresta-o e, com isso usufrui juros, dividendos, correção monetária e etc... Até aí, em termos, tudo bem! Contudo, quando se resolve efetuar pagamentos com cheque, como foi meu caso, junto a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – Agência de São Braz, o funcionário simplesmente me disse na cara: “não recebemos cheques comuns, só “especial” ou “ouro”. Entendo que segurança hoje em dia não estimula ninguém a andar com valores em espécie, me conhecendo, e, compreendendo que meu direito foi invadido, procurei o Banco Central nesta Capital, a fim de formular a denuncia. Naquela Casa de Crédito, o funcionário Sr. Dourado, desestimulou-me  a tomar qualquer iniciativa, mesmo declarando-me que há empenho do Banco Central, em fazer campanha de moralização do cheque e que, ainda, que registrasse minha queixa, a mesma não iria surtir efeito algum. Pô! Que campanha é esta? E como está feita,  pois quando ocorre um caso concreto e que poderia o Banco mostrar o efeito de sua campanha, a parte que se acha prejudicada fica parece excremento ao sabor das ondas, pois não encontra eco por quem de direito? E depois, ainda dizem que brasileiro não reclama e nem sabe fazê-lo! E agora, a quem chorar?

Continuando o Sr Dourado me disse que em face do mau uso do cheque qualquer pessoa se reserva o direito de aceitá-lo ou não. Quer dizer, temos um legislativo, onde todos são muito bem remunerados, foram escolhidos pela vontade e para representar o povo,  são que pagos para ocuparem aquelas cadeiras com estofamento de mordomia, e o povo? E as leis para os maus brasileiros, salafrários, corruptos, que dentre outras coisas usam indevidamente e para fins escusos um talão de cheques? Não caberia agora, também, esta pergunta: E se todos os correntistas, principalmente pessoa física , resolvesse guardar seus numerários dentro do colchão ou debaixo do travesseiro? Que seria da rede bancária?

Em função dos fatos e exemplificando com um outro caso, deveria se tratar campanha, caviar e etc... o marginal que invade o sacrossanto recesso de um lar, estupra, mata, rouba, desgraça com toda uma família e depois quer tratamento humano, o qual ele não deu e ficou insensível, diante dos apelos e choros de uma criancinha, de velhos e mães desesperados. Não Sr redator! Lei foi feita para ser cumprida e não discutida.

O Correio me diz que só aceita cheque “ouro” ou “especial”. Pergunto eu: dentre os correntistas desta categoria, não há usuários que fazem malandramente? Ou os cheques com aquelas classificações são pagos em dólar? Não EBCT, honestidade e atitudes corretas no modo de ser, não estão condicionados a status, posse de riqueza ou a um cartão de crédito. Ou será que realmente vamos ter que nos envergonharmos de sermos honestos, como escreveu Rui Barbosa?

Como acho que sou povo e estou do lado que tem mais força, se depender de mim a EBCT, vai ficar a zero em sua receita do Serviço de Reembolso. E para concluir: sabem o que o Banco Central me disse, que eles só tomariam providencias se me fosse dito que não aceitavam meu dinheiro. Parece ou não parece brincadeira de País?.
Lúcio Reis



"Nota do autor: Prezado(a) leitor(a), há que ser feito agora em 31/12/2013, quando estou tornando público a missiva abaixo que são decorridos mais de 30 (trinta) anos que a escrevi e com a mesma atesto minha confiança à época no e na politico e politica nacional e foram as decepções advindas que me fizeram a descrer dos dois, o político e a política brasileira e por isso há décadas voto nulo. Portanto eis a face da moeda e o termo comparativo entre o ontem e o hoje de já há alguns anos.”

Belém, Pa, 05/01/1983.

Ilustríssimo Senhor Jader Barbalho.

15 de Novembro de 1982, foi, ao meu ver, mais um degrau da ascenção que se iniciou à década de 60, nos debates estudantis naquele prédio da Gov. José Malcher, àquela época Av. são Jerônimo, que, mo meu entender, o alicerçou à Câmara Municipal, isto, sem olvidar, que de berço lhe corre nas veias o sangue da luta e do grito pelos menos favorecidos.
 No Legislativo Municipal, acredito, deve ter havido u’a melhor burilação de seu desempenho, visando, como já citei, ser o porta-voz dos oprimidos, fato verídico e comprovado pela sua condução à Brasília, como nosso representante.
Em função do seu proceder, povo paraense não titubeou, em agora tê-lo bem mais perto fisicamente e no dia a dia, para viver conosco os problemas e dificuldades desta Terra. Contudo, com o ilustre irmão no Executivo deste Estado, todos os obstáculos serão mais amenos e,  quem sabe após a experiência que dentro em breve se iniciará, tenha sido o principio da caminhada em direção ao timão que norteia os destinos de todos nós deste País Verde e Amarelo.
 Permita o ilustre colega de Grêmio Estudantil, o mestre de Educação Física, o amigo que se empenhou por nós junto aos Órgãos Verde Oliva do Distrito Federal, que este cidadão, sem nenhuma pretensão disfarçada, o parabenize pela vitória arrebatada do interior das urnas do Estado do Pará.
Com todo o respeito, receba meus votos de pleno êxito e sucesso na administração que logo mais Vossa Excelência colocará em execução, como legitimo Governador do Estado do Pará.

Atenciosamente.

Lúcio Reis

Belém do Pará, 25/09/1982.


Ontem e hoje

Há  algum tempo, não muito distante, sempre que se tecia comentários sobre padre, bispo, cardeal, e por fim Igreja, normalmente o assunto se desenrolava e subentendia consequentemente em trezena, novena, missa, festa do(a) padroeiro(a), reza de terços , procissões, catecismo, atividades desportivas à juventude, cruzada eucarística, em fim: preces  e orações que obviamente proviam e sustentavam o espírito de energias positivas e saudáveis e assim uma grande parcela, talvez bem maior que a atual, possuía mente sã e logicamente um corpo sadio e Deus era o objetivo, pois matéria era segundo plano, pois todos sabem retornaremos ao pó – única certeza desta transição aqui no planeta terra. Esta era a regra geral e opções de crença podia-se contar usando os dedos de u’a mão.
Hoje em dia, ocupando sistematicamente assentos nos veículos de comunicação de massa e, assim a exceção virou regra geral, as matérias que se relacionam ao clero e por via consecutiva à Igreja, estão quase que intimamente ligadas a ideias que não visam a paz perene e nem tampouco o essencial, que é o abstrato e sim o concreto e bem estar da matéria, que permanecerá no solo e a este adubando e com isso as greves, as emboscadas, o ódio, a massificação, o posicionamento contrário ao regime, o vermelho no chão e nos cérebros, a política partidária, e até como escola para ensinar a votar, os atritos internos e, por fim um caso bem próximo de nós, onde o contrato de locação de um imóvel, chega ao custo de pouco mais de CR$53.000,00 por dia, espelhando categoricamente a opção preferencial pelos pobres, que será evidentemente quem terá que proporcionar o retorno, em apenas 15 dias (noite), deste capital empregado e mais lucro, agredindo violentamente seu bolso e seu organismo, com o alto custo do preço da bebida alcoólica, do fumo e outros, justificado pela exiguidade dos dias, pois os mais aquinhoados pela sorte, pagarão suas despesas com cheques e ao garçon, sob o teto da barraca da santa, são os temas correlacionados com os ditos: pastores e pregadores do Evangelho.
Outro aspecto que se nota, é que naqueles dias de outrora, Igreja, já dizia tudo, porém, atualmente o cristão, o fiel se defronta com um punhado de siglas, como CNBB, MPLA, CIMI, CPT e sabe lá quantas mais? Será, sem a pretensão de ser Papa e nem querer orientar, se fosse feito a Pastoral da responsabilidade, da seriedade e do interesse em trabalhar honestamente e ter a preocupação de fazer deste País e o mundo um imenso celeiro de paz e do nosso Brasil a maior potencia internacional, aproveitando as terras férteis que dispomos, as riquezas minerais e naturais com que fomos privilegiados e para tal contando com brasileiros que depois de terem passado por aquela pastoral, objetivassem a ordem, o progresso e o desfrutar depois, de todos os benefícios advindos paulatinamente, não estaria a Igreja dando uma séria e profícua cooperação, e quem sabe, colocando algum de seus membros no rol dos possíveis premio Nobel da Paz? Pois quando se atingisse este estágio, todos por certo seriam homens felizes e com a consciência tranquila do  dever cumprido  estariam bem mais próximos do Pai, de vez que não haveria razão para disputas e o rancor e o ódio não teriam vez.
Portanto, creio que quando o Senhor, fez o seu segundo pacto com o homem, tendo dado seu próprio filho para nos redimir naquele madeiro, ele não quis e não quer em troca nenhum CAN, nenhum banco, nada de ouro e nem de prata. Ele até escolheu uma estrebaria para maternidade de seu Filho. Pois todas as coisas raras e pomposas foi Ele quem as colocou na terra, para que soubéssemos escolher e se Ele gostasse disso as guardaria para Si. O que sua misericórdia quer mesmo, é ver toda sua família em eterna graça e a sua Direita, cantando aleluia e Aleluia para todo o sempre, depois de ter pago a pena pela primeira desobediência.

Lúcio Reis

Belém, Pa, 02/11/1982.

Brincando de Estado
Publicado na edição do Jornal O Liberal de 09/11/1982

 As noticiais que esse matutino nos traz e que são, por certo, a realidade do cotidiano desta Cidade Morena, deixam-nos num mixto  de espanto e cômico ou até melhor, tragicomédia. Elas conseguem espelhar, que alguns homens se reuniram e resolveram, infantilmente, brincar de estado, de uma federação. Para esse estado membro, escolheram a Capital, a qual denominaram Belém e assim foram montando a brincadeira. Tem governo estadual e municipal, tem as secretarias, tem o povo que paga impostos, tem legislativo, tem judiciário, em fim todos os requisitos necessários, para um estado, tem até constituição e também um Código de Postura.
Todavia, com o decorrer do s tempos, o povo daquela Cidade, percebeu que já estava em pleno século XX, no qual matar não era como nos filmes de mocinho e bandido, que a cena podia ser rodada quantas vezes fossem necessárias, para que se aproximasse da realidade. Presenciaram e até foram vítimas estupefatas, que nos assaltos a mão armada não havia repetição de ação, pois os tiros disparados eram de revólveres e metralhadoras e balas reais e, não de festim e que os alvejados ficavam feridos ou então morriam mesmo. Não tinha contra-regra e o sangue era realmente de hemácias. Nesta condição parece que houve um despertar e folgança terminou (?). Contudo, não se estava preparado para a verdade e a realidade de uma metrópole que se ornamenta para o futuro que já se iniciou agora, pois quando precisaram sair em perseguição dos malfeitores, a energia havia sido dissipada em conduzir babás, madames, e prole, à feira ao cabeleireiro e ao colégio, ou então foi usada em passeios nada inerentes a devida destinação que o contribuinte proporciona com seus impostos e taxas.
No caso específico, pasmem, foi dado a cada homem da lei, apenas 3 projéteis, para com mais violência e dureza, combater os facínoras. E aí relembro quanta munição já foi, irresponsavelmente, desperdiçada com trabalhadores que ganhavam o seu pão de cada dia honestamente e até perderam a visão; com inocentes que nem sabem por que estão no mundo e com mendigos que só estão ainda neste planeta, por gratuidade Divina. Sabendo usar não vai faltar. Com aquela quantidade de balázio não se constrangerá nenhum bandido, pois muito antes, nossa lei estará como tábua de pirulito.
Neste folguedo, luz, água, saneamento básico, meio de transporte deficiente, lixo nas ruas, vias esburacadas e etc... são apontados e criticados, sujando os próprios particulares e causando uma tremenda poluição visual, onde as somas gastas tomam proporção de fábulas apesar dos arrochos reclamados e advindos do escasseamento do ouro orgânico.
Portanto, acho que já é tempo de que haja um amadurecimento e se tenha em mente que gente é gente e não marionete e que família, comunidade, povo, em fim todo ser humano, merece e tem direito a todo respeito e seriedade, pois é a obra do Senhor. E assim, tanto o salário de um quanto de outro estará a salvo nos Estabelecimentos Bancários e a integridade moral e física de cada um estarão resguardadas.

Lúcio Reis

Belém, Pa,12/09/1982.

Ilmo Sr Diretor de Redação, VEJA.

Sendo assinante dessa importante revista semanal, gostaria de emitir opinião, quanto a reportagem “Um Gesto Inútil”, publicada à página 27 do nº 731, de 08 do corrente. Tenho a tal pretensão, por ter acompanhado o desenrolar dos fatos, de certa forma bem próximo a eles, pois sou domiciliado nesta Capital há bastante tempo.
Declaro que fundamentei meus argumentos e cheguei ao presente prisma ótico através dos veículos noticiosos e mui especialmente por ter visto e ouvido de corpo presente, as acareações entre os padres Camio e Gouriou e os posseiros.
No meu entender não foi o Procurador Militar, Demócrito Noronha, que consegui a condenação dos franceses e sim eles mesmos, com suas ideologias, as quais não usam de nenhuma tergiversação quando se trata de derramar o sangue dos outros, principalmente por não serem seus irmãos pátrios. Será que atitudes dessas natureza encontram guarida no Direito Canônico?
Será que um profissional que já galgou os degraus de altura relevante, em sua carreira, tal qual o procurador, Dr. Noronha e que também, por 8 anos foi um dos responsáveis pelo sucesso de uma das maiores, se não a maior do Brasil, concentração para manifestação de fé cristã e grandiosidade de comemoração religiosa, que é o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, com repercussão até, internacional, não seria capaz suficiente para discernir entre sua vida religiosa e seu profissionalismo., atendendo a ambas com honestidade, decoro e justiça? Ou será que ele teria que ser desbriado e negligente para com a sociedade que indiretamente lhe prouver o sustento, para atender conveniências do clero sem tonsura, sem batina, escravo do tabagismo e que usam o evangelho de Cristo, para levarem a bom termo a sua doutrina, a qual não se coaduna com o mistério da Santíssima Trindade?
Estamos esperando que o Arcebispo Dom Alberto Ramos, escreva e publique novo artigo, invocando o direito canônico, para defender a saída do restante da Diretoria da Festa de Nazaré, em face dela publicamente ter manifestado solidariedade ao Dr. Noronha (nota no 1º caderno, à página 2, do matutino O Liberal, de 03 deste mês, com o epígrafe “Diretoria do Círio Lança Nota no Caso Demócrito). Portanto, eles apoiam o gesto do profissional da Justiça Militar.
Muito obrigado pela atenção.
Lúcio Reis

Belém, Pa, 21/08/1982.

Fumo
Saúde Pública

Sou ex tabagista, desde 27.02.1977, portanto há 36 anos e, já perdi ou fui privado do convivo de pessoas queridas que partiram prematuramente em função do fumo, meu pai, meu amigo Dario Cardoso da Silva, são apenas dois desses entes queridos e que, até aqui lamento profundamente....  
Se você gosta de si mesmo, adora seus filhos e esposa e, é realmente amigo de seus amigos, porquê fuma? Porquê se destroe e encurta o seu tempo de permanência entre eles, tomando e tragando na estrada da vida o atalho pela BR-Super King Size ou então a 90 ou a 100 mm, com acostamento de filtro ativado com carvão mas, somente pela margem que delimita o abismo do câncer, do enfisema pulmonar, do infarto, da hipertensão arterial, e de tantos outros males que só trazem e produzem prejuízos e complicações de toda ordem?
Por certo você já deve ter perdido, ou então este pequeno e mero cilindro de tabaco, envolto por um pedaço de papel já deve ter roubado de seu convívio a presença de alguém muito querido e até muito amado, ou alguém a quem você devotou extrema consideração e estima, quer levando-o precocemente desta para a outra, deixando apenas a saudade, ou então mantendo-o em um leito de hospital com a constante companhia de uma bala de oxigênio, isto quando consegue sair de uma UTI à uma enfermaria ou apartamento hospitalar. Você com certeza já sentiu e viu quanto é doloroso, quanta tristeza e lamentação, provoca, a perda daquilo que lhe causa apego. E sendo assim, porquê planejar e desde agora por em execução essa situação para todos os que lhe são caros e que aqui ficarão?
Muitos dizem e dirão que é o veneno que mata lentamente, e que não tem pressa para morrer. Isto é balela e auto-justificação esfarrapada, por que cigarro é veneno e como tal perturba e destrói as funções vitais, portanto nocivo, pois já sabe que cientistas conseguiram detectar 1.200 tóxicos diferentes no tabaco. Será que os tabagistas teriam coragem de tomar de hora em hora pequenas gotas de soda caustica, ácido sulfúrico, ou de 8 em 8 horas cápsulas de cianureto e etc...?
Se eu soubesse, vem depois, assim diz o sambista; ah! Meu amigo eu daria tudo para retornar no tempo; pocha! Porque eu não ouvi o conselho do médico, talvez porque ele também fuma? Estas são as queixas que se ouve, quando o estado deplorável e irreversível é sentido pela vitima desse “vírus maligno e peçonhento” que ataca qualquer um, independentemente de posição, status, cor, raça, credo, pobre ou rico, governante e governado, pois a qualquer um ele consegue dominar, condicionar e exterminar inapelavelmente.
Hoje em dia se fala muito no machão dominador e outras “vantagens” mais. Todavia, quando vejo um desses machões e ele já sem perceber e como se fora um robô, cujo controle remoto é um maço de cigarro e um isqueiro, leva aos lábios mais uma dose de venenífero, eu cá com meus botões fico a sorrir e ter compaixão do demolidor e super herói que não governa nada, nem sua próprio vontade e sim é dominado por um objeto inanimado, que vai extinguir a sua vitalidade e existência. Quando vejo psiquiatras em entrevistas diante das câmaras de televisão, sendo qualificados como que fazedores da cabeça dos outros e nestas aparições em nossos vídeos ostentam soberba e garbosamente entre os dedos um desses rolinhos, passo a me inquirir: como pode um profissional destes fazer a cabeça de seus pacientes, se a dele foi feita pelos comerciais do consumo e o mesmo não consegue construir a sua própria se livrando dos grilhões do vício?
Portanto, somente depois que o homem sobrepujar esses ditadores dos seus aniquilamentos é que poderemos começar a pensar em um mundo melhor e de homens felizes, livres e alegres, pois a satisfação, o prazer tão propalados nos anúncios, oculta unicamente um vale de lágrimas e de sofrimento.
Ainda há tempo. Tente!.
Lúcio Reis

Belém, Pa,15/08/1982.

E no futuro, como será?

Depois de ter procurado uma atualização dos fatos que desfilam nos noticiários e reportagens, quer de âmbito nacional, quanto internacional e, que nos são trazidos pelos veículos desse conglomerado, onde O Liberal nos trazo retrato em letras, dos acontecimentos, temos diante de nossas mentes um rosário de inquietações, que acredito só possa – se é que tem resposta – ser respondido por QI de gênio.
Absurdidades é como essas atitudes podem ser adjetivadas, crê-se não estar estar cometendo ato de injustiça, pois mesmo que se rebusque uma resposta dentro de tudo aquilo que é fruto da razão, não se encontra nada compatível e comparável com tamanhas monstruosidades.
As vezes tenho a nítida impressão que fotos e reportagens de realidades nossas, são parte de uma era de ficção e em hipótese alguma originárias de cérebros humanos chamados, portanto de racionais.
Fico a me perguntar e, bastante preocupado como estaremos, mui especialmente por nossos filhos, caro leitor, daqui há mais uns 15 à 20 anos?  Pois o rol de absurdos se desenrola supersonicamente:  pois se hoje em dia se mata e se morre sem que haja ódio no coração e sem que pelo menos se conheça o antagonista a quem exterminamos; O que se pode fazer pata tentar minorar o futuro sombrio que se avizinha, se um gesto de cortezia lhe pode valer a vida? Como agir e atuar, para que os homens que foram levados à responsabilidade de dirigir o destino da humanidade consigam enxergar nem que seja por uma fresta, que nada é de ninguém e que tudo é de todos nós, o mar, a terra, o verde, o sol a chuva e, que tudo isso, simplesmente, é um presente que nos foi dado pela “Bondade Eterna e Divina”, tão logo o milagre maior se operou no ventre materno de nossas mães? Porquê será que a humanidade não entende ou não quer entender que é muito melhor se fazer um amigo do que cultuar uma inimizade, estas muitas das vezes até gratuitas? Porquê atemorizar e inquietar mentes, infantis com o troar de canhões, de artefatos bélicos altamente nocivos, que originarão em suas cabeças a inolvidável infernalidade da fome, da sede, das noites horríveis em claro, isto quando uma daquelas criações para destruições, não lhe caia sobre o prédio e lhe transfira desta para junto Dele, que deliberou dispor de Sua vida em nosso benefício e para que não se chegasse a esta triste e chorosa situação de auto-exterminação que o homem houve por bem escolher para si e que por certo deve causar profunda tristeza no coração Daquele que nos ofertou a plena liberdade de escolha e que para tal nos deu também o espinho e a rosa para que usufruíssemos daquela dádiva, que teimosamente não sabemos ou não queremos usar com coerência, para a paz, para o amor, para a união, para a igualdade e para a justiça?
Portanto, só nos sobra como opção, é realmente alimentar os nossos espíritos, ter confiança e fé, que Ele sabe perfeitamente até que ponto vai permitir esses desmandos, essas brutalidades, essas estupidificações em sua obra rara, no meu entender o homem e, também que os Leopoldos, as Margareth, os Yasser, os Menahem, os Castro, os Ruhollah e outros dos dias atuais, que pelo produto de seus crânios em muito se assemelham aos Hittler na década de 40, como se fossem resultado da clonificação do líder nazista, quando serão chamados à prestação de contas de suas belas obras de devastação deste planeta, como se fosse um brinquedo.
Lúcio Reis




Belém, Pa, em 10 de Agosto de 1982.

O que abaixo será transcrito, foi da lavra de meu saudoso pai que me pediu a encaminhar a redação do Jornal O Liberal e que, ele intitulou:

Viver

De todas as aventuras, viver é a mais fascinante.
Como muitas críticas se tem lido e tomado conhecimento, por via deste matutino, solicitaria que esse veículo de grande alcance e penetração torna-se público o relato abaixo e se for atendido desde já muito grato:
“Na noite do dia 15 de julho p.p., fui acometido por um mal súbito, em horário noturno adiantado e em minha residência. Como o problema prolongou em agravar-se, recorri ao INPS – SPA, onde, mesmo já alta madrugada, recebi atendimento emergencial satisfatório, carinhoso e com bastante presteza. Já no domingo, porém, dia 18 daquele mesmo mês, piorou por demais meu estado de saúde, ocasião na qual procurei o Hospital Guadalupe, conveniado com o nosso INPS, onde também o atendimento foi todo pontilhado de sorrisos, de eficiência e dedicação, por todos os servidores daquele Estabelecimento Hospitalar, que me atenderam e que, hoje deram-me condições vitais de estar lhes dirigindo estas palavras, que são fruto de um reconhecimento e determinação de uma obrigação, que de público me obriga fazer este agradecimento, pois quase que diariamente são tantas as reclamações e as críticas.
Fiquei internado durante 10 dias, sendo que 5 dias no CTI. Acredito que muitas das reclamações são injustas, ou eu, sou um elemento muito feliz e de muita sorte, pois adotou a seguinte filosofia de vida: “Na areia escrevo as ofensas nas pedras gravo os favores”.
Obrigado, muito obrigado mesmo, as equipes, mui especialmente a de cardiologia, pois alguém os ama. 
Lúcio de Melo Reis


PS: Meu pai há muito não está mais entre nós aqui na terra, fisicamente. 

Belém, Pa, 13/10/1982.

Desemprego

Tomou-se conhecimento por intermédio desse relevante veículo de informação, que um dos principais itens que influenciarão sobre as decisões à 15 de novembro próximo, será o alto índice do desemprego. Em função desse dado, fico a me inquirir, se realmente em um País de dimensões continentais, privilegiado pela natureza com as mais diversas riquezas minerais e um solo abençoado, estaria verdadeiramente faltando serviço ou, quem quisesse, de verdade, trabalhar? Ou se a preferência, de fato, é por emprego?
Acredito, que o que há de concreto é uma maioria, que após poucos anos já retirou a 3ª via da CTPS, por falta de página para novos registros de Contrato de Trabalho. Sim, pois o que se constata é que o aspirante ao pleitear uma vaga em qualquer empresa, declara ao empregador: “qualquer parada eu topo; horário? Não tem problema; o salário, está muito bom; sabe chefe, tenho família, sou de responsabilidade, preciso sustentar meus filhos e por isso quero trabalhar”. Estas são as credenciais que ele apresenta. Uma semana depois de ter sido admitido, começa a preguiça, os atrasos, o salário já é uma miséria, ficar 15 minutos após o expediente, o patrão já está explorando, é como que se o auxiliar estivesse fazendo um enorme favor ao empregador. Em fim, o maior defeito que o chefe possui, é o de sê-lo e por conseguinte o superior hierarquicamente ao subordinado. A partir daí, se o ajudante sofre uma repreensão, o empregador que tome cuidado, pois do contrario vai ser agredido moral e se titubear, fisicamente, e então só resta a demissão, e assim mais um registro de Contrato de Trabalho.
Caro leitor, experimente acertar uma pequena obra em seu lar, e verá que o custo que lhe será cobrado, pode até provocar um  colapso cardíaco, pois o que se sente na regra geral, é que não há uma preocupação em trabalhar para melhorar de vida, para progredir, e sim, para em poucos dias conseguir o custeio de outras tantas semanas seguintes em bares e botecos em rodadas de cerveja. O prezado acompanhante desta coluna, já observou – só para exemplificar – um determinado tipo de venda que nas ruas desta cidade: aquela, em que um grita anunciando o produto, um outro carrega a cesta ou empurra um carro mão e um terceiro recebe e depois os 3 juntos vão exterminar a feria em garrafas de água ardente no botequim mais próximo, deixando esposa e prole entregues a própria sorte. Por estes e outros exemplos é que se tem que reconhecer, que se estamos ainda, na fila que nos levará ao pódio das grandes potenciais é por nossa própria culpa.
Outro aspecto que se nota, infelizmente, é que o balconista tem ódio pelo comprador, o caixa vê um inimigo no pagador; para o trocador de ônibus, cada usuário é uma presa fácil, o motorista de praça se acha sempre o mais esperto em relação ao passageiro; o funcionário só falta dar um chute naquele que interrompe a leitura do jornal em pleno expediente ou atrapalha o papo sobre o futebol de fim de semana, a piscina, a festa, o namoro ao telefone e outras futilidades, nada inerentes a sua função ou ao setor que se ache lotado.
Lamentavelmente, o que se consegue captar, é que o servidor gostaria somente de esperar o fim do mês para receber. É bem verdade, a exceção é um fato. E para ele não há necessidade de uma legislação para estabilidade, pois por seus próprios dotes de capacitação e responsabilidade, já o conseguiu. Por tudo isso fico  intrigado quando ouço certos currículos, onde o prefixo “ex” é uma constante, bem como o relato de desempenho de cargos de chefia e tantos outros abundam, e no momento há aspiração em fazer parte de uma categoria que não possui sindicato.
Portanto, será que há alguém que labutou de verdade, com honestidade e vontade de vencer, que não o tenha conseguido?

Lúcio Reis

Belém, Pa, 11/08/1982

Exmo. Sr. Presidente João B. Figueiredo.

Apesar de já ter me dirigido à S. Excia., via programa Povo e o Presidente, através de 05 perguntas, as quais até agora não foram respondidas, não sei se porque não chegaram ao destino, ou se não continham tema relevante ou ainda se por ser eu domiciliado nesta Região, mas precisamente nesta Capital, de onde até o último programa, domingo dia 8 do corrente, nenhum residente teve uma questão relacionada nos programas já levados ao ar, pois acredito que além de mim muitos outros daqui estão interessados no futuro de nosso querido Brasil e também dispostos a cooperar na construção desse destino, por intermédio dessa sua iniciativa, bem como de sua boa vontade, honestidade e acima de tudo no seu intuito de sempre acertar construtiva e positivamente, pois esta é a imagem que suas palavras e suas realizações têm traduzido, pelo menos para mim e creio para a grande maioria dos brasileiros.
Todavia, vamos agora passar ao objetivo da presente. Antes de mais nada, permita que me apresente: meu nome é F Lúcio Nunes Reis, assino-me Lúcio Reis, sou casado, tenho um casal de filhos, sou natural de Caeté-MG e resido aqui no Pará, há mais de três décadas e, no momento à Av 1º de Dezembro 579 – Vila Chagas casa 75 – Marco.
Todos sentimos a cada dia que se passa o peso da situação que atravessamos, refletida em nossos salários, principalmente quando somos obrigados a ir às compras quer nos super-mercados ou aos CEASAS e etc..., para adquirir o sustento físico de nossas famílias, o que nos é ratificado pelas declarações dos seus assessores do Ministério do Planejamento, da  Agricultura, do Comércio e da Indústria e outros relacionados com inflação, custo de vida, importação e exportação. E todos empenhados em nos proporcionar melhores dias, mesmo que as vezes declinem que o fundo do poço esta longe.
Se o preço da carne verde, do arroz, do feijão, do café, do açúcar, do pão, das bebidas, em fim de todos os produtos de primeira necessidade está liberado, pois como disse anteriormente a cada dia que se retorna aos centros de comércio, se tem novo preço e até se constata que a maioria deles não tem nem o escrúpulo de pelo menos tirar a etiqueta do  antigo preço, pois as vezes se encontra um gênero com mais de 5 selos sobrepostos. Pergunto:  “PORQUÊ, AINDA DA EXISTÊNCIA DA SUNAB?”, pois eu mesmo por três vezes já recorri aquele órgão, e se não o tivesse feito, ter-me-ia poupado mais indignação e aborrecimento.
Eis os três fatos: 1º) Fui ao super-mercado Jumbo, localizado à Av. Almt Barroso com a travessa Antonio Baena, para adquirir 2 kg de carne bovina, peça chã. Quando fui atendido pelo funcionário, este acrescentou à pesada de apenas 1 ½ kg de chã e ½ kg de músculo. Nisto reclamei ao mesmo que músculo não era chã, pois conheço as peças de um quarto bovino e disse-lhe ainda que só estava reclamando por que iria pagar 2 kg da peça que solicitei, conforme o que estipulava uma tabela afixada naquele setor, na qual os preços entre as peças era diferente e evidenciava perfeitamente, ser a chã mais cara que o músculo. Foi quando aquele vendedor declarou que se assim procedia era por que estava seguindo orientação emanada da gerência. Nestas circunstâncias         interroguei se ele repetiria depois o que acabava de me dizer, tendo o mesmo afirmado positivamente. Incontinente me dirigir a sede da SUNAB local. Fui pessoalmente e não pelo fone 198. Lá me foi dito que o órgão não poderia tomar nenhuma providência, pois o produto estava liberado e não havia Portaria em  vigor, que desse apoio para a autuação; 2º) caso: fui ao mercado de peixe, localizado no bairro de São Braz, para comprar pescado. Ao conferir, na  balança do Setor de Fiscalização, verifiquei que ao invés de 1.000 g só tinha 800 g, apesar de ter solicitado 1 kg. Tornei ao  peixeiro, e depois de ser agredido moralmente pelo mesmo, que entendeu tê-lo chamado de ladrão, pois lhe pedi que completasse o quilograma ou então que aumentasse meu trôco. Novamente, pessoalmente fui à SUNAB, e, como se fosse um replay a mesma resposta: PRODUTO LIBERADO; 3º caso: entrei em uma  panificadora, estabelecida à Av Duque de Caxias com Travessa Humaitá e tentei comercializar um pacote de biscoito mabel, aqueles que vem com o preço impresso no envólucro. Nesta questão o proprietário houve por bem acrescer o valor saído da fábrica, grosseiramente, colando sobre aquele a importância que lhe satisfazia naqueles dias, manuscrita em um pedaço de papel almaço pautado. Sendo sabedor que o preço que sai do produtor, no envoltório é o que deve ser pago pelo consumidor, dirigir-me mais uma vez à SUNAB, desta vez pelo 198 e mais desta vez a decepção pela resposta recebida: PREÇO DO BISCOITO NÃO É CONTROLADO PELA SUNAB. Que fazer?
Se for respondido desde já muito obrigado e que Deus lhe ilumine, lhe oriente e dê paciência nesta missão árdua e por demais problemática.
Lúcio Reis

Belém, Pa, 11/08/1982.

Olhos de serpente

É muito comum hoje em dia e até parece que está se tornando moda, por sinal muito salutar, deste modo pode-se, com benevolência, entender, lamentando todavia, por sabê-la de curta temporada, mesmo compreendendo que de considerável maioria não ser sincera, mas entendo que ser recebido ou encontrado com sorriso de orelha a orelha por pessoas desconhecidas e não constantes do nosso rol de amizades, é bem melhor do que ser olhado por olhos que disparam ódio, que derramam vingança e que constituem um semblante que evidencia ou que oculta um bote venenoso e até mesmo mortífero, de vez que todos já entendemos que os sorrisos, as amabilidades, camuflam unicamente o desejo interno de conseguir uma cadeira representativa em qualquer escalão. Portanto aqueles tratamentos afáveis não encobrem nenhum inimigo em potencial, pelo menos até o término da primeira quinzena de novembro.
Depois da vindouro data, a mais expressiva e relevante para o consumidor brasileiro, é que ele saber se consumiu corretamente seu direito máximo nos andaimes da construção democrática, o voto, pois daí em diante ele começará a sentir o desaparecimento das faces a prazenteira aparência, restando somente esta situação naqueles que realmente desde já, têm em mente o destino de nossos irmãos de Pátria e que pensam em construí-lo com material de excelente qualidade e realizar o acabamento de primeira, o que irá nos proporcionar um viver com razoável conforto e bem estar, enquanto que os outros, com o seu aval-sufrágio, caro leitor, assinaram o contrato ou a renovação do anterior e então já não saberão lhe olhar com simpatia e bondade implorante, mas, apenas como sorrelfos, pois a amnésia do poder, da mordomia, do salário compensador e etc... tiraram-no de suas lembranças e assim só lhes restará esperá-los no cruzar dos degraus da escada do subir e descer na vida.
Enquanto eles estiverem no estado de esquecimento de que foi você quem os tornou profissionais sem sindicato, não tente e nem adianta reviver em suas memórias as promessas feitas antes, por que agora só serão nada mais e nada menos de que promessas ao vento, via satélite,  em horário nobre, onde não houve assinaturas nem de quem as fez e nem de testemunhas, logo, dispensadas de serem  cumpridas. Não adianta ligar para o 198, ele não livrará de mais esta enganada. Só lhe resta esperar por mais quatro anos e nesse interstício aprender a saber escolher seu verdadeiro e legítimo representante, o qual sempre terá um sorriso franco e leal, independente de época e que com sua produção, não precisará prometer empregos, baixo custo de vida e tantas outras e o faça também ser governo de si, para si, e por si e com isso, todos sorriremos satisfeitos, realmente contentes e altamente produtivos.
Do contrário só sobrará a interrogação. Quem mandou votar no homem?
 Lúcio Reis






Belém, Pa, 11/07/1982

Aborto
Publicado no Jornal O Liberal edição de 13/06/1982 - Coluna Cartas

Como o tema da epígrafe, tem sido muito comentado ultimamente, gostaria, prezado redator, de contar com sua condescendência, levar aos milhares de leitores desse matutino minha posição, como leigo, inerente a questão:
Todos sabemos que a célula é a unidade fundamental dos seres vivos, que ela respira ou obtem energia via mitocôndrios, que se alimenta (fagocitose e pinocitose), que digere (lisossomo), que excreta (exocitose) e que tem dentre estas, outras funções idênticas as de um ser humano, logicamente guardando-se as proporções. Sabemos ainda, que se torna necessário apenas o encontro (geração) de duas unidades (óvulo e espermatozóide), para que se opere o milagre e a força da vida, até então inexplicados cientificamente e atribuídos à uma ação e ato Divino.
Em face dos subsídios citados é que não encontro explicações justificáveis e plausíveis para as posições favoráveis ao aborto. As partidárias desta ala se desculpam ou alegam que têm o direito sobre seus corpos. Evidentemente ninguém lhes nega essa faculdade, pois elas o bem exerceram quando consentidamente e por que não dizer irresponsável e inconseqüentemente o entregaram ao parceiro em busca do  prazer carnal e fecharam completamente os olhos para as conseqüências fetais, desse encontro, que naturalmente só pode ser o advento de um rebento, que não exigiu nada e nem escolheu para ser produto daquele relacionamento e portanto, já que ele aconteceu, por certo, também, na qualidade de um ser, somente Deus e ele podem dispor de sua vida e de seu corpo.
Acredito que quem é pro aborto, não são aquelas que, se ligaram como o gesto extremo de um amor puro e legal, e sim, as que normalmente contribuem ao enriquecimento da indústria moteleira, que cada dia se agiganta, pois tenho quease que certeza que as pobrezinhas não praticam a interrupção da gestação, de vez que suas proles são invariavelmente numerosas. Opto para que a concepção seja evitada, sabendo-se que a mulher é a única fêmea que só ovula uma vez por mês e pode também contar com os anti-conceptivos, e assim os homicídios fetais não aconteceriam; voto para que se propicie meios e condições de sobrevivência a todos que vêm partilhar conosco o sol e a chuva.
Em estupro no momento não se comenta, pois se trata de outro tipo de violência, oriunda de atitudes bestiais e irracionais de verdadeiras feras.
Mas recentemente se tem argumentado que a existência de um deficiente intra-uterino, comprovada pela ultra-sonografia e exame das células do líquido amniótico, seria justa causa para o extermínio daquele ente. Fico a me inquirir, por que esses pais não se lembram, que se houve má formação, foi por culpa suas e não daquele ser?
Por conseguinte, meditando em cima da máxima que diz: “o direito de um termina, onde começa o do outro”, surge a interrogação: “Será que com tantas penas de morte sobre fetos, já não se tirou o direito da humanidade ter tido o cérebro que curaria o câncer ou quem sabe o engenheiro genético capaz de reparar as possíveis deformações cromossômicas?
Lúcio Reis



Belém, Pa, 01/06/1982.

Exmo. Sr. Presidente
João Batista Figueiredo

Sou casado, possuo um casal de filhos, ele com 09 anos de idade e ela com 08 anos, nasci em Caeté-MG, em 1948 e resido aqui no Pará, há mais de três décadas.
Venho acompanhando seu governo e sempre que possível o de alguns outros Estados, nos quais já estive por diversas vezes, como por exemplo: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e outros.
Através desse seu diálogo com o povo desta Nação, via Rede Globo de Televisão, cuja iniciativa eu reputo como uma das mais democráticas e também benéficas para nós e este nosso querido Brasil, o Sr., e alguns, ou quem sabe todos os seus assessores, já puderam sentir, contudo temo, tenha sido só superficialmente, os problemas e as dificuldades que nos assolam.
Em função do parágrafo anterior, será que não seria mais proveitoso e muito mais útil às Unidades da Federação, obviamente sem exclusão desse  programa semanal, que o Executivo Federal se instalasse temporariamente em cada uma delas, ocasião na qual o Sr  e seus auxiliares sentiriam bem de perto, praticamente “in loco”, todos os anseios e as reivindicações daquele povo, independente do matiz da agremiação partidária. E por conseguinte, os impasses e os obstáculos que fossem inerentes à área federal, poderiam ser avaliados, aferidos e quem sabe de imediato serem solucionados.
Isto seria viável, Sr. Presidente?
Atenciosamente
Lúcio Reis

Manifesto

Em junho de 1982, redigi o manifesto abaixo, como sempre pensando em promover ações que dessem um ponta-pé inicial à uma tomada de posição, por parte da sociedade e fossem iniciados procedimentos que reduzissem um progressivo estado de deteriorização dos poderes republicanos.
Numa face da folha estava escrito em letras garrafais:

ELEITOR, COM SEU VOTO NÃO TRANSFORME CANDIDATO EM ARMA CORRUPTA. A VITIMA, COM CERTEZA SERÁ VOCE.

Na outra face o que segue abaixo:

CORRENTE DE MOBILIZAÇÃO NACIONAL PARA MORALIZAÇÃO E TTRANSFORMAÇÃO DO BRASIL

1.Prezado amigo, amiga, por favor leia, não rasgue – pelo menos agora – pois não se trata de propaganda eleitoral em prol de “A” , “B” ou “C”, mas sim de uma iniciativa cívica e democrática com o intuito de cooperar com a construção de um País melhor para nossos filhos, netos, bisnetos e etc...

2. Você verá, garanto, que serei impessoal, não serei anônimo, Isto infringe a Lei Maior. Não sou candidato a nenhum cargo eletivo. Meu objetivo é o melhor para nosso Município, nosso estado e nossa Nação.

3.Se depois de ler, você não concordar com o que penso e aqui registrei, não tem problema, é um direito seu e eu o respeito, aí sim, simplesmente rasgue.

4.Todavia, se concordar que pelo menos em alguns pontos tenho razão, faça umas 10 (dez) xerox e entregue ou remeta cada uma a um amigo. Nas cópias enviadas, risque os itens com os quais você discorda. O que? Você não pode fazer 10 cópias? Então faça só duas. Tudo bem, faça só uma, mas, dê prosseguimento. É uma corrente.

5.Temos convicção que em uma sociedade, a única força capaz de ditar seu destino, sem traumas e nem retrocessos, é a força do voto de cada cidadão, que livres, juntos e com as bênçãos  de Deus, constroem a Nação em que querem viver.

6.Entendemos que nossos políticos, pelo menos em sua grande e esmagadora maioria, não merecem o povo que representam, caso contrário não teriam um índice de rejeição, de descrédito e insatisfação tão grande, em torno de mais de 70%.

7. Eu, como você, somo nesses 70%, pois entendo que:
 -7.1 Cargo político não é meio de enriquecimento lícito e muito menos ilícito, pois não é profissão e sim uma representação temporária, para fazer governo do povo, pelo povo e para o povo.Basta votar para ser votado.

-7.2 Politico “camaleão”, aquele que transmuda de coloração partidária, como quem troca uma roupa, ele só pensa em se manter no poder. Para ele o cargo é meio de uso fruto pessoal, acompanhado de seus cupinchas e familiares.

-7.3 Politico não deveria, nem poderia majorar seus vencimentos, pois faz parte de um poder que não faz receita. Portanto, quando ele se atribui um rendimento salarial mensal de mais de 300 salários mínimos, obriga que o outro poder imponha mais impostos ao cidadão, através da indústria, do comércio, além daquele que vem descontado diretamente em seu contra-cheque. Por isso a maioria dos brasileiros ganha apenas um salário mínimo “per capita”, pois uma minoria privilegiada recebe “per capitã” mais de 300 salários mínimos;

-7.4 Ao político corrupto não deveria ser aplicado a imunidade e por conseguinte a impunidade, pois quando ele desvia o dinheiro do erário, torna-se um bandido e delinqüente como outro qualquer, pois passa a ser o responsável pela morte de crianças em conseqüência de desnutrição, pela falta de assistência médica satisfatória; pela morte de pobres miseráveis que se acabam nas filhas de atendimento em órgão público de saúde. Logo, esse político é homicida;

-7.5 Aos candidatos a cargo proporcional, não deveria ser facultado a reeleição, pois vejamos: passam o ano inteiro gazetando, tem férias escolares e à época de campanha, como agora, não comparecem ao parlamento, mas seus contra-cheques não sofrem os devidos descontos em função das ausências em seus locais de trabalho. Você já sabe quem paga por isso?

-7.6 Quando o professor, o médico, o enfermeiro, o policial civil e militar são mau remunerados e os meios para que desempenhem suas atividades são precários, quem sofre com isso é você, que passa a receber um tratamento péssimo,  você vê crescer a violência, se vê sem proteção e seus filhos sem educação. A vítima é você – vide o texto acima – A origem é o mau político, que não faz leis sérias, ou quando as faz é em benefício e proveito próprio. Você ainda não esqueceu do líder da bancada do eu sozinho?

-7.7 Você quando, com apenas um salário mínimo sustenta seu transporte coletivo e o de seus familiares, em ônibus, cujo serviço é de péssima qualidade, e ainda tem que arcar com o ônus do custo da mordomia que o homem público desfruta, desperdiça em carrões de chapa branca ou de bronze, transportando-o para lá e para cá, conduzindo os filhos aos colégios, seus cônjuges às compras, às cabelereiras, inclusive para o lazer e até mesmo à gandaia. Mesmo percebendo um alto salário. Você não acha que isso é uma grande covardia e uma tremenda violência contra todos nós trabalhadores?

8. Como disse no inicio não concorro a nada. Aspiro unicamente um outro Brasil. Aquele que todos nós de boa índole merecemos.

9, A propósito. Conforme o título indica, a presente pode e deve ser encaminhada a amigos de outros Estados da Federação, pois o vírus de destruição da Nação está dessiminado por todos os rincões do Brasil.

10. Por fim, para finalizar, se você é e está satisfeito, com a onde de  imoralidade pública, de corrupção e malversação dos impostos e com a presença no poder de maus brasileiros, me desculpe, é uma opção sua, então você age conforme o item 3 acima. As soluções estão implícitas nas entre-linhas acima;

11. Vamos meus amigos plantar a partir de agora a semente quer transformará esta Pátria, para que nela cresçam nossos filhos, nossos netos, entendendo que os valores morais são: a honestidade, a justiça, a ordem, a liberdade, o trabalho, e por conseguinte o progresso.
Lúcio Reis

Belém, Pa, 20/05/ 1982.


OPINIÃO

Estou retornando com mais uma opinião, sobre fatos desta nossa querida Cidade Morena, e, em sendo possível gostaria que a tornasse público.
“O carro teve um de seus pneus furados, e depois de ter trafegado com ele assim mesmo, o condutor parou diante de um hospício, onde o motorista constatou que se encontrava à porta um paciente do mesmo. Ao trocar o pneu danificado verificou que os 04 parafusos de fixação estavam “cuspidos”, aí o profissional ficou em apuros e foi quando o doente dele se aproximou e opinou: “que ele tirasse um parafuso de cada uma das outras jansens e aparafusasse o “socorro”, ficando cada um dos quatro com 3 parafusos cada, o que lhe permitiria alcançar a oficina mais próxima”. Ao sair dali o condutor que possuía diploma de direito, de administração e outros mais, ficou tão intrigado que retornou aquele local e interrogou o interno como ele havia chegado aquela solução? No que incontinente ele retrucou: “é doutor, eu sou louco  mas não sou burro”.
Não se consegue compreender, porque o Clube que congrega os Lojistas da Terra, tenha que pressionar nossas autoridades para que elas encontrem a resolução capaz de solucionar a questão do comércio de marreteiros na Presidente Vargas, Santo Antonio, João Alfredo, Largo de Nazaré e Generalíssimo Deodoro. A interpelação é feita, tendo em visto a existência do Código de Postura do Município, que acredito ser o dispositivo que disciplina e tenha em seu bojo artigos sobre o problema, bem como outras matérias.
Este matutino noticiou que a diretoria do Clube, em Assembléia Geral, onde as divergências abundaram, aventou por opinião de alguns que se cruzassem os braços, pois até 15 de novembro a tendência é piorar a situação. Pela sensatez, a pressão em cima do Executivo Municipal, mesmo reconhecendo que as dificuldades dele, neste ano, são muitas, foi a ala que prevaleceu.
 Dois pontos passivos no impasse: ele existe e requer solução. Agora, não querer aplicar o “remédio”, por se estar as vésperas do 15 de novembro, torna a emenda pior que o soneto, pois quem deixou esta Cidade ficar toda esburacada, sem segurança, com irregular fornecimento de água e luz, com uma coleta de lixo precária, com ônibus que desservem mais do que servem, que poluem, que consentiram a transformação de logradouros públicos (Praça do Pescador e Felipe Patroni), em estacionamento pago ou em propriedade privada (Praça Justo Chermont), na qual Deus não queira e N. Senhora de Nazaré interceda para que aquela grade não esmague ninguém no dia da Festa Máxima do paraense; que tem uma rede de esgoto que não funciona, e que tudo ao longo de todos esses meses não atentaram e nem atenderam aos cotidianos apelos e reclamos da população, não iria querer agora, tapar o sol com peneira. Pois qualquer transeunte que passa por aquelas artérias e vê aquelas tábuas rústicas e grosseiras, sem forramento nenhum, em cima de caixas sujas, com pretensão de construir prateleiras, porém, com aspecto de monstrengos, ocupando mais de 1/3 do calçamento, e, que realmente possua um resquício de higiene e urbanidade, com certeza concluirá que aquilo não pode continuar como está.
O que ninguém aprova e aplaude é a violência e a brutalidade com que se quis resolver o embaraço, pois jamais se pode ignorar que aqueles vendedores não são delinqüentes e se as coisas chegaram a onde estão, foi em função de uma deficiente ação fiscalizadora e preventiva, de vez que, quando os primeiros iniciaram seu comércio e o povo alertou, as providências tivessem sido tomadas, não se estaria agora a procura de um “curativo”.
Um dos membros do Clube concluiu ser a pior situação enfrentada nos últimos 40 anos, em que ele vive na área comercial. Concordo que sob hipótese alguma a existência daquele “comércio persa” deva ser mantido ali, pois não é justo que alguém que contribua com o Estado através de taxas, impostos e etc..., seja igualado em condições com quem não dispende aqueles ônus. Portanto, não seriam problemas dessa natureza, que teriam suas origens desde as épocas estudantis, quando os futuros responsáveis pelos destinos de um povo, preferem que os mestres rebaxem o nível de ensino à conveniência de quem não quer realmente aprender e só almeja ter em mãos o diploma, nem que para isso tenham que afastar o professor mais exigente; não seria também isso a origem da preterição com a anteposição de técnicos e graduados de outras plagas?. Pois sabemos que há alunos que as vezes não sabem qual a matéria eles se submeteram à avaliação e por conseguinte estaremos contando depois com profissionais que não medem conseqüências, no afã de lucrarem mais e mais, até obscurecendo critérios de segurança, que provocarão o risco de extermínio de famílias inteiras, abrigadas sob tetos construídos sem a acuidade pericial, que os torna em trabalhadores ou em servidores por estipêndio.
 Será que se fosse escolhido um local e o destinasse aquele tipo de comércio, e a secretaria a que está afeta a questão, cadastrasse aqueles ambulantes, construísse barracas condicentes com os requisitos de urbanismo e asseio e, se observasse seriamente aqueles vendedores que determinados locais são expressamente proibidos a eles; informasse a opinião pública das medidas coerentes e racionais usadas, assim como foi feito com as tendas da feira da 25 e com os trailers de “hot dog”, acredito que ninguém iria condenar, como não reprovará nenhuma atitude digna de uma autoridade sensata e legal, que almejará eliminar um problema e não criar dois. Após essas medidas, sabe-se que eles não  ficam 24 horas em ação e aí então seria providenciado o aparato policial preventivo para que no início de mais um dia de venda, que acredito ocorra ao raiar do sol, se evitasse a instalação de mais um dia de venda.
São ações imparciais, inteligentes, de bom senso, pacíficas e justas que o povo quer e que traduzam a responsabilidade de quem nos administram e em quem depositamos nossas confianças e créditos, e, que esperamos pelo menos tenham a competência para ganhar sua pecúnia, como bem falou o Sr. Lúcio Flávio Pinto. Ou  será que só iremos melhorar quando um louco for escolhido para nos governar e administrar.
 Lúcio Nunes Reis

Belém, Pa, 18/05/1982.

Ao Exmo Sr. Presidente da República:

João Batista Figueiredo

 (1)    – O Sr. que quase foi uma das vitimas fatais, onde o fator de risco, FUMO, em muito contribuiu, não seria uma boa idéia de ser encetada uma Campanha de âmbito Nacional contra o tabagismo? Por exemplo: fazer constar nos pacotes e maços de cigarro a inscrição em vermelho “veneno”, nocivo à saúde, bem como a impressão do crânio e os dois fêmures?

(2)    – Presidente Vossa Excelência, em sua mensagem à Nação pelo Dia do Trabalho, diz que a crise econômica, entre outras de amplitude universal, tem causas que escapam a jurisdição do Executivo. Diz ainda que todos querem segurança econômica e reclama que todos entendem ser apenas de responsabilidade dos governantes. Depois o Sr. exemplifica  dizendo que são responsáveis, também, os governados, por meio da explosão demográfica e ainda parte da sociedade, pela incontinência dos que, quebram princípios morais não refreando sua fome de lucro. Portanto, em função desta última parte, não seria uma temeridade ao consumidor brasileiro a liberação de preços, para produtos básicos, como medida de controle para a alta do custo de vida, pois aí mesmo é que eles não controlam sua ganâncias em sempre ganhar mais, o que se agrava com a existência do atravessador?

(3)    – Eu não sei que meios ou amparo legal, foram usados para que o Brasil, na qualidade de consumidor, não pagasse a vacina anti-pólio que nos foram vendidas já estragadas. Estas declarações, do não pagamento, são do Exmo. Ministro Waldir Arco Verde, da Saúde. Por analogia, não seria interessante a existência de uma só Norma ou Orientação, que protegessem e amparassem o consumidor brasileiro, em todas as circunstancias. Pois se sabe que consumidor é todo aquele que compra para gastar em uso  próprio?


F. Lúcio N. Reis.

Belém, Pa, 05/05/1982

A carta a seguir foi remetida a um Senador da República e do qual recebi um telegrama, que a final reproduzo sua cópia e que teve o desfecho que adiante relato aos prezados amigos:

  Belém, Pa,11/05/1982.
Exmo. Sr. Senador
Jarbas G. Passarinho.
  
Desde há algum tempo atrás, questão de uns poucos meses, ocasião na qual V. Excia, ao dialogar com um repórter local e do efetivo de uma das Emissoras de Televisão desta Terra, ao tecer comentário pertinente a argüição daquele profissional, o fez com a refutação, que se sintetiza no seguinte: “a mordomia existe com o intuito, também, de atrair os homens aos cargos públicos”; pois a inquirição do seu interlocutor versou sobre o mordomado
  
Sei perfeitamente ser esse Senador, desprovido de tempo para temas do parágrafo anterior, pois acredito, até, que se seu dia fosse acrescido de mais umas 12 horas, isso por certo lhe seria útil. Todavia, desde já aceite meu pedido de desculpas e se for possível me redimir de qualquer contra-tempo, que venha causar, também lhe faço essa solicitação. Contudo, como até hoje tenho em mente uma série de interrogações, entendi ser o Representante deste Estado a pessoa mais abalizada para eliminá-las através de esclarecimentos, se assim deliberar e lhe convir, tendo em visto ter sido V. Excia., quem gerou as dúvidas em minhas conclusões e para que eu não as propale deturpadas, achei por bem me dirigir a esse Coronel.

 Antes de iniciar esta epístola consultei o dicionário e constatei que mordomia não tem nada a ver com o que destinou a pergunta do noticiarista, apesar de que consegui observar seu intuito, pois se trata de assunto muito em voga.
 Outrossim, gostaria de declarar ao nosso ex-ministro que sou interessado nas materiais que são abordadas por V. Excia., e que, as que se relacionaram com a Igreja, com Constituição (Cai a Máscara), e outras, compreendi perfeitamente e não me restou nenhum resquício de hesitação, principalmente a que se referiu ao Clero Brasileiro.
 Bem! Retornando ao que me propus nesta missiva me sinto, obviamente, na obrigação de expor minhas desordens interpretativas, através das considerações que passo a enumerar:
  
1.      Avalio que seja por demais desgastante e até mesmo inquietante desempenhar cargo de chefia, de direção, de secretariado e etc..., pois, por mais que haja um esmero, jamais há o contentamento de gregos e troianos e além do que, ainda tenha que receber correspondência, tal qual a presente;

2.      Para as funções citadas anteriormente, seus titulares são frutos de escolha do chefe do executivo ou de alguém influente junto aquele poder ou junto aos outros dois: Legislativo e Judiciário, ou então ali chegaram como mérito de um concurso;

3.      Os que compõem o Legislativo são escolhidos pelo povo;

4.      Os veículos de comunicação difundem entre o povo, que são funções muitas bem remuneradas e alguns cronistas chegam mesmo a classificar como dos melhores empregos atualmente e quando possível não se furtam em refletir para o leitor o ouvinte e ao telespectador a intimidade e a privacidade dos homens em evidência, a exemplo do que noticiaram quanto à cobertura e taxa condominial do Sr. Miro Teixeira e a reportagem com o antecessor do Sr. Carlos Átila, entre outras; fazem espelhar para nós as pompas e o enriquecimento econômico e financeiro de nossos representantes;

5.      Sabe-se que a Previdência atravessa seríssima crise, assim como o orçamento educacional, o de higiene e saúde e também o do aparelhamento de material, tanto humano quanto bélico do setor de segurança, estão defasados tornando-se insuficientes para suprir os anseios e as necessidades daqueles órgãos;

6.      Refiro-me nas observações acima e nas que se seguem a União, ao Estado e ao Município;

7.      Acredito que para ser um Setorista, quer na área de saúde, da educação e etc..., requer uma capacitação e até quando possível uma diferenciação;

8.      Concordo, é lógica, que o merecimento salarial seja diretamente proporcional a responsabilidade inerente ao desempenho funcional.
Em conseqüência das colocações supra mencionadas, faço-lhe as interpelações abaixo:

1.      O fato do brasileiro ser escolhido, ser chamado para servir a sua Nação, já não seria por si só e para si, um grande orgulho, um grande ganho em termos patrióticos?

2.      A remuneração que é proporcionada pela sua atuação, realmente condiz e a satisfação é plena?

3.      Não seria interessante que cada qual sustentasse seu bem estar, a exemplo do que acontece com a maioria do assalariado brasileiro e como fez um parlamentar recentemente, declarando ter condições para usar e sustentar seu carro?

4.      Será que o desembolso com combustível, com manutenção de veículos e seus condutores e outras regalias, bem como a abertura de mão por quem delas pode dispor, fosse destinado a um outro setor mais carente, não seria um paliativo que muito ajudaria?

5.      Será que o patriotismo não existe mais em muitos compatriotas ou está condicionado a privilégios?

6.      Será que se tornasse real o que consta no 4° quesito anterior, não seria algo até positivo para a situação?

Por outro lado, Cel Passarinho, posso declarar e afirmar, quase sem nenhuma margem de erro e mesmo não tendo procuração de ninguém, que assim como eu, muitos brasileiros se sentem agredidos quando em trânsito urbano testemunham os carros oficiais sendo usados, não para seus fins, mas sim em passeios, em compras, conduzindo a prole aos colégios e etc..., ocasião em que nos lembramos que sistematicamente nós é solicitado e cobrado para que economizemos energia, cuja crise tem abalado consideravelmente a economia mundial e principalmente a nossa, que somos um País a passos largos, e está evidenciado que temos atendido os apelos que nos têm sido feitos.
  
Entenda, estou pleiteando subsídios para minha informação e esclarecimento. Sei perfeitamente que certas categorias têm que ter suas seguranças. Digo-lhe também que não almejo nenhum outro objetivo, senão o confessado anteriormente, pois não quero desservir nossa Pátria, passando e comentando assuntos e contorcidos e deturpados, pois pelo lado prático e concreto já dei minha parcela ao nosso Brasil, por intermédio do nosso querido e glorioso Exército, não por tanto tempo como o importante e ilustre superior, mas, por pouco mais de uma década, quando por motivos supremos e alheios a minha vontade, o meu coração me tornou incapaz fisicamente e me invalidou para a maravilhosa escola de civismo e patriotismo que é a vida da caserna, de onde fui afastado de minhas funções, no comportamento excepcional, no que não fiz nenhum favor, pois tão somente procurei cumprir com minhas obrigações de graduado perante os Artigos do R.D.E (Regulamento Disciplinar do Exército).

Por fim, gostaria que o Sr. tivesse para comigo, o mesmo entendimento que lhe seria dispensado pelo seu talentoso, sábio e generoso amigo Dr. Orlando Bitar, que já não é de entre nós.
Atenciosamente

F. Lúcio Nunes Reis.
  

Em atenção as colocações acima, o Destinatário me remeteu o seguinte telegrama:





Considerações do autor: “Em relação a correspondência acima e o seu conseqüente telegrama, tivemos a oportunidade de observar pessoalmente o quão, as pessoas que se acham encasteladas no poder e seus seguidores, colaboradores e até mesmo as que a procuram atuam e se comportam como que as primeiras fossem dotadas de algo bastante incomum e que as tornam   seres diferenciados em relação aos demais e, principalmente em referência aqueles que aguardam em longas filas para pedir algum favor e que, foram em resumo os responsáveis por tornarem alguém em homem público e detentor de um mandato político”.

Portando o telegrama a mim enviado, dirigi-me ao Edifício Palácio do Radio, ao tomar ciência pela imprensa local da visita a Belém do Senador Passarinho, o qual atendia os que aqui lhe procuravam no Escritório do Deputado Ronaldo Passarinho. Em lá chegando, deparei-me com uma fila de pessoas que ali foram para falar com o político e que, pelo o que a mim ocorreu deduzi que foram pedir favores. O primeiro contato foi com uma atendente, que me perguntou o que eu queria com o Senador? Respondi que eu não queria nada e sim, que ele é quem gostaria de falar comigo, o que foi motivo de grande espanto aquela senhora e que, só se convenceu quando lhe mostrei o telegrama, o qual, ela passando a um outro ambiente me conduziu a triagem e ao crivo do Deputado, que também me fez o mesmo questionamento: o que eu queria falar com o Senador? E, da mesma maneira anterior respondi: eu não quero nada, ele é quem quer falar comigo, o que foi razão de espanto por parte do Deputado, o qual só se convenceu quando lhe mostrei o telegrama. Para evitar que eu falasse com o Senador, disse-me que ele estaria viajando à Macapá e que, por ocasião de seu retorno eu o procurasse novamente. Logicamente que não voltei, pois não iria me expor aos caprichos e a triagem de quem, em nosso entender estava mais facilitar a bajulação e colocar o cidadão eleitor em situação de fragilidade, pois é fato que quem estar a pedir, em condição de fraqueza fica em referência a quem pode atender o pedido e, não era o meu caso.

Lúcio Reis




Belém, Pa, 06 de maio de 1982.


  

Em função de recente programação, levada ao ar pela Rede Globo de Televisão, aqui representada pela Televisão Liberal Canal 7, em  04 do corrente, gostaria, se possível tornar público o que se segue:

“BRASIL – PRIMEIRA POTÊNCIA MUNDIAL”


Vou acabar com as crateras das ruas de Belém, terminarei com o sub e o desempregado, exterminarei a marginalidade, a corrupção, a mortalidade infantil, o alto custo de vida, a falta de ensino para o menor até 14 anos de idade, todos estes problemas erradicarei da face deste País.


Você, caro leitor, deve estar confidenciando aos seus botões, este sujeito é maluco, ou se você for um pouco camarada, pode arriscar a interpelação: de que maneira ele fará isso? Pois é, exatamente o que esta passando pelo seu raciocínio, aconteceu-me quando fui telespectador, assim como uma maioria considerável de brasileiros, no horário nobre, quarta-feira dia 04 do presente, do programa levado ao ar pela cadeia brasileira de radio e televisão.


Ouviu-se e foi-nos mostrado os componentes da cúpula do PDT, em âmbito nacional, apontando-nos os desacertos praticados pelo poder desta Nação e nos prometendo saná-los, de vez que essa atitude faz parte do plano de ação daquele Partido. Como exemplificação, lembramos que o ex-ministro da Educação declarou que quando ele era o titular daquela Pasta, o mesmo pode usar até 11,2 de 12% do orçamento, que se destinou à uma população escolar bem menor, talvez até pela metade da atual. Se hoje as taxas estão inversamente proporcionais, poxa é evidente que se ele com mais verba e menos estudantes não arrumou a casa, como o fará agora? O Senador que se pronunciou quanto ao capital das multinacionais nas Industriais Automobilística, Petroquímica e outras, reprovando “o consumismo arrebatado de poucos em prejuízo de 90% de brasileiros, que sustentam os 10% consumidor”, ele a mim deu a entender que o pedaço maior no capital deve ser de nossa gente e, por conseguinte o poder de decisão ficará com nossos conterrâneos. Tudo bem! Ele só não declarou como fará a inversão da situação. Por sua vez, o deputado se situou na problemática salarial, porém, que artifícios serão empregados, pois se sabe que hoje em dia, que com o maior salário mínimo nacional, que é de Cr$ 16.608,00, existem mais de 100 mil devedores de recolhimento do FGTS, que industriais como a COFERRAZ, CIFERAL e tantas outras, além de salários atrasados estão falindo, o que sucederá que se esse mínimo máximo, for maior?


 Logo, prometer em ano eleitoral é facílimo, qualquer um pode faze-lo, você viu, eu comecei esta, prometendo. O que queremos, acredito que todo brasileiro pense assim, é que nos seja indicado soluções e quais as habilidades que serão adotadas no escopo de equacionar as incógnitas desta Terra.


O ex-governador gaúcho declinou que o nosso teme o autoritarismo “que só nos leva a impasses e até mesmo à colonização”, contudo, acho que o que realmente nos amedrontas é retornarmos à situação que imperava e que está Nação viveu antes de 1964, quando estivemos a beira do abismo, do caos.


Analisando friamente as promessas que nos foram feitas, deduz-se que elas transformarão este País, na “PRIMEIRA GRANDE POTÊNCIA MUNDIAL”, por conseqüência obvia. Todavia, duvidamos muito que o consigam, pois entendemos que se EUA, França, Alemanha, Japão, URSS, que são considerados os países ricos e poderosos se detém, também, com altas taxas inflacionárias, com o desemprego e outros males, tão comuns na conjuntura econômica do mundo na atualidade, que dirá o Brasil, que é um País em desenvolvimento, apesar de que em 2 meses, fevereiro e março só produziu e foi ativo em 32 dias; que tem um povo assalariado com a coragem de numa semana só assistir dois clássicos futebolístico; que saí para brincar carnaval na sexta-feira e só retorna na quarta-feira de cinza, mesmo que seja zerado seu ponto na firma; que se propõe a modificar o calendário de férias e paralisar as atividades escolares, assim como a do Legislativo e até do comércio, em função de disputas de partidas de futebol; de operários, que têm a ousadia de dissipar toda uma semana de remuneração numa rodada de bebidas, numa sexta-feira; que escolhe seus representantes parlamentares, considerando as paixões clubisticas, radialísticas e sentimentos de amizade; que troca seu voto por favores pessoais; que incendeia carros e motos, que poderiam se tornar suas propriedades, por um atraso de 40 minutos; que possui legisladores, que por uma simples batida de carro, resolve o impasse como se estivesse no velho oeste; que apresenta um silvícola para fazer leis para si; que só pode gastar “x”, gasta “x”+”y”; que joga os resíduos sólidos de seus lares em qualquer lugar, provocando danos a si próprio. Isto é a realidade, infelizmente, deste Patropi.


 Portanto, creio que o assunto é mais de raiz do que propriamente de galho. 




Lúcio Reis. 





 Belém, Pa, 05/05/1982

OBRIGAÇÕES  x  DIREITOS

Publicada no Jornal O Liberal edição de 16/05/1982 - Cartas

Alguém falou e escreveu, que só se pode reclamar Direitos quando cumprimos nossas obrigações.
Em face do supracitado, não caberia a seguinte  interrogação: “será que tanto a classe patronal, quanto a dos condutores e cobradores de veículos coletivos desta Capital, estariam em condições de pleitear, discutir ou impor algum direito”?
Qualquer uma das classes ao tomar conhecimento do anteriormente dito, por certo retrucará opinando que não tenho nada a ver com aquela situação. Todavia, replico declarando que na qualidade de transeunte e usuário como a grande maioria do paraense, que cumpre sua parte, a mais interessante e imprescindível do fato, qual seja: é esta grande massa da população que com enorme sacrifício sempre tem que pagar o preço da passagem que lhe é imposto e com isso promove a condição de sobrevivência de ambos os lados. A partir de sábado já estaremos lá com nossos Cr$32,00. Logo, tenho e temos absoluta relação, e bem de perto com o problema.
Iniciemos por enumerar os deveres dos proprietários, os quais não são obedecidos, e que também são quase que sistematicamente tema de reclamação através da imprensa local: ônibus sujos, cheios de grades, que dificultam um conforto de melhor locomoção dentro do transporte, estofos rasgados, cheios de graxa, escapamentos soltando baforadas de nuvens de fumaça escura na cara das pessoas e o que é pior, poluindo o ambiente e, o mais grave de todos: é o de admitir pseudos profissionais, muitas das vezes reincidentes em faltas sérias e sem o menor resquício de conhecimento de relações humanas.
Agora observemos o lado do empregado, quer os condutores, quer os trocadores: jamais têm o mínimo de consideração com o passageiro, pois muitas das vezes param onde querem, as vezes são “tartarugas”, outras transformam o coletivo em verdadeiro carro de F-1, se apoderam do troco, tratam mal senhoras e idosos e até moças, se apresentam desuniformizados, em desalinho com as camisas abertas, Barbados, sujos, fumam em seus turnos de trabalho, avançam sinais luminosos e as faixas do pedestre, provocam acidentes fatais, acabam com o patrimônio de terceiros, dão cobertura a puxadores, pivetes e etc..., e referente aos veículos de  menor porte (motos, bicicletas e outros), para eles não contam no tráfego diário, arrancam jogando o usuário ao solo e etc...
Pelo que se expôs acima, entendemos que nenhuma das categorias esteja a cavalheiro para impor ou exigir algo, muito menos uma paralisação grevista, como foi ensaiada, pois no contexto final, mais uma vez o maior prejudicado é o povo.
É evidente que as exceções existem. E em hipótese alguma poderia me furtar desta ressalva, pois meu intuito e mostrar os fatos imparcialmente e objetivar uma tomada de consciência pelos dois lados, para que visem  primordialmente estes assalariados tão sofridos.
Não há aqui nenhuma intenção em ser contrario as reivindicações de quem quer que seja, pois somos plenamente conscientes que eles também são assalariados, mas, que vislumbrem no operário CLT a parte mais frágil, porém a mais importante de tudo.
Por outro lado, já que o Executivo Estadual, houve por bem intervir como mediador nas negociações, tendo levado a questão a uma decisão satisfatória a parte, não seria de bom alvitre e benéfico ao povo que ele também, acionasse seu órgão a que estivesse afeto, que fosse fiscalizado e cobrado, seriamente, de ambas as partes o cumprimento de suas obrigações e, por conseguinte propiciaria ao usuário um transporte coletivo de melhor condição.
 Lúcio Reis.


Belém, Pa, 19/04/1982

 A FORÇA DO POVO

“Bem-aventurados vós, pobres, porque vosso é o Reino de Deus”.
“Bem-aventurados os que agora tendes fomes, porque sereis fartos”.
“Bem-aventurados os que agora chorais, porque haveis de rir”. (Lc 6-20-21).
  
Há uma passagem no Livro dos Livros, que diz mais ou menos assim: Um pai chamou seus filhos e deu a um deles um graveto para que fosse quebrado, o que foi feito com a maior facilidade; em seguida juntou dois gravetos e os deu a um outro filho, para que este procedesse como o primeiro, o que aconteceu, contudo com menor facilidade em relação ao anterior: até que chamou um terceiro a quem deu um feixe de gravetos, para que este último o partisse, a exemplo dos anteriores, objetivo esse que não foi conseguido por ele só, em face de sua incapacidade diante da resistência do feixe, o que só concretizado foi com a ajuda dos demais irmãos.

Bem! Tem-se acompanhado pelos veículos de imprensa, quer televisada, escrita ou falada, um farto material que demonstra e traduz o descontentamento, a insatisfação generalizada e até mesmo uma revolta dos menos aquinhoados pela sorte, que somam, temos certeza, muito mais de uma terça parte da população deste Estado.
Os reclamos que se tem tomado conhecimento, inerem praticamente a todos os setores necessários ao bom desempenho e situação do indivíduo dentro de uma sociedade racional e civilizada, como por exemplo:

SEGURANÇA: Tanto a individual, como a coletiva, quanto à do recesso do lar, bem como nossos bens móveis, todos os dias e instantes a instantes é abalada e abusada tanto por marginais, quanto por policiais, o que é pior;

- LOCOMOÇÃO: Os meios de transporte não podem ser mais inúteis do que o são, quer em relação ao preço exorbitante, quer nas precárias condições, sem contar com seus abusivos condutores, que não respeitam as determinações do Trânsito e nem a dignidade humana dos usuários e também dos maus educados, grossos e surrupiadores dos trocos das passagens, os trocadores e também os condutores dos táxis;

SAÚDE: O menos caso da classe médica para o atendimento dos contribuintes da Previdência,     que até morrem nas filas de espera, isto sem mencionar os maltrato e deselegâncias dos funcionários burocráticos;

- ALIMENTAÇÃO: Assaltos escandalosos por parte dos varejistas, quer no preço da carne verde, bem como das frutas e dos hortifrutigranjeiros. Lembra-se que um limão custa Cr$ 30,00, uma banana Cr$ 6,00 e daí por diante;
 - LUZ: Aumentos constantes e proporcionais as constantes faltas e interrupções, que só depois do fato estar consumado é que se toma conhecimento dos comunicados oficiais;

- ÁGUA: Além da qualidade inferior, pela grande concentração de ferrugem, o valor cobrado por uma metragem cúbica estipulada (35 m3), jamais consumida, quando não cobrança por fornecimento inexistente;

- TELEFONE: O funcionário mais relapso da Companhia se chama computador, pois põe na sua conta um interurbano que jamais houve e às vezes lhe cobra uma conta sem que você tenha um terminal; Isto sem citar os números de dias que você fica com o telefone mudo, porque estão trabalhando no armário;

 - MORADIA: Já viu o percentual para majoração em dezembro (96,56%) e taxação do Imposto Predial para o próximo exercício? Que acham?

 - LIMPEZA: O aspecto urbano é a prova mais contundente da situação (vide a bronca livre do Jornal O Liberal). Se você não der gorjeta para o gari, seu lixo não pega carona naqueles caminhões azuis;

- DIVERSÃO: As fraudes de bilheteria, o cambista, estão aí mesmo para lhe tapear e surrupiar. Os preços dos ingressos para o futebol, para o teatro e para os cinemas, só para os altos salários. Entenda se quiser: indo ao cinema antes das 16:00 h, você tem um abatimento de 50% e até o momento não se teve noticia de que algum tenha fechado por isso. Deduz-se logicamente que depois das 16:00 h, tudo é lucro e que o preço reduzido à metade satisfaz;

 - PEDÁGIO: Dizem que isto é progresso e que se destina a manutenção e conservação, tudo bem! Será que haveria necessidade do aumento do tamanho que foi, pois quem usa as rodovias não percebe grandes conservações que justificasse tamanha diferença;

- TRÃNSITO: Tadinho do paraense. Local para estacionar só depois de queimar bastante gasolina e contar com uma boa dose de sorte. Guarda do DETRAN só para complicar e multar, a não ser que você dê uma propina;

 - EDUCAÇÃO: Não precisa comentar;

 - JUSTIÇA: O contraventor, o bandido, o marginal e o delinqüente, roubam para conseguir dinheiro, pois não possui emprego e nem serviço. É capturado e trancafiado. Em pouco tempo é para ele impetrado Habeas-corpus. O que intriga e causa espécie é saber de onde saí o dinheiro para custear os honorários advocatícios. Todavia, o que mais espanta é que o Juiz defere o habeas-corpus e o fora da lei é posto em liberdade. Às vezes ele não soma nem 48 horas de liberdade e volta ao erro. Pergunta-se? Será que não seria a hora de se responsabilizar tanto o advogado quanto o magistrado, para que arcassem com os prejuízos do assaltado, em virtude de terem, de certa forma, contribuído para o retorno a prática da delinqüência, tendo colocado o assaltante em liberdade e conseqüentemente provocado danos patrimoniais a terceiros;

 - POLITICA: Srs. Leitores eis aqui o “caranguejo” causador do momento ou da situação na qual nos encontramos. Analisemos juntos: Todos nós sabemos de quanto é a remuneração de nossos representantes; Todos já temos subsídios suficientes (vide os noticiários) para concluir que nenhum candidato político, ou que os homens que fazem nossa política estão preocupados em amenizar em nossa situação. Sim, pelo menos amenizar, pois se ela chegou onde está, foi com o beneplácito deles. Temos conhecimento (rebusque noticiários) de que eles só se preocupam consigo, pois os fatos são por demais visíveis: têm transporte gratuito, têm estacionamento gratuito (usam um logradouro público, que você com os seus impostos mantém), por conseqüência têm combustível que você paga e se derem um pequeno retrocesso no tempo, lembre-se que pleitearam a isenção do pagamento da taxa de pedágio na Ponte Sebastião R. de Oliveira e outras vantagens mais... Podemos concluir, sem que para isso necessite de alto QI, que os melhores negócios para o bolso, atualmente é sem dúvida alguma: ser político (perceba a disputa, a concorrência, as espoliações recíprocas, as      acusações e até mesmo o desforço físico a que chegam nossos representantes, para manter seus cargos e se tornarem simpáticos ao povo, sem citar nas promessas que jamais cumprirão, jogador de futebol, bicheiro e contrabandista, e também traficante.
Meus amigos! Muito se tem reclamado, sem que se tenha obtido nenhum resultado positivo ou que se encontre eco por parte de quem de direito. Todavia, acreditamos que nós mesmos podemos solucionar alguns - pelo menos aqueles itens que por nós são sustentados e mantidos -, note bem, eu disse: “POR NÓS SÃO MANTIDOS”. Não precisa passeata, nem greve, muito menos violência, nada disso. Só é imprescindível que o povo saiba usar sua força e a sua importância. Contudo, para se alcançar algo de positivo e concreto é necessário também, um pouco de sacrifício, mas entendemos que a mais ou menos não pesará tanto e partindo do pressuposto de que este com certeza motivará em êxito e benefício, vale a pena tentar. Vejamos os comportamentos a serem adotados:

- LOCOMOÇÃO: Una-se com amigos, divida o combustível e cada dia use o carro de um: ou então reúna um grupo de vizinhos amigos de seu bairro, de conjunto habitacional, levante um pouco mais cedo e se dirija a pé para seu local de trabalho (não faça o percurso sozinho, se não estará habilitando-se a uma temporada no Pronto Socorro e a ficar sem seu dinheiro, relógio ou cordão). É bem verdade, existem longas distâncias, pois é aí que entra o sacrifício a mais, que acima foi citado; 

-  ALIMENTAÇÃO: Não compre carne verde. Bem! Mas o preço do peixe também é alto, mas não tem importância. Atentem: as proteínas essências ao homem, não são sintetizadas e nem estão contidas no alimento animal e sim nos vegetais Alguém dirá: mas os legumes e hortaliças estão custando o “olho da cara”, não tem problema: faça sua horta particular, no seu quintal. Outro retrucará: e quem mora em edifício? Há duas soluções: 1°) Estes são em menor número. Se os primeiros já se abstiveram de comprar, automaticamente caiu a procura e aumentou a oferta; 2°) Em seguida façam cooperativa e comprem diretamente do produtor;

- DIVERSÃO: Falte pelo menos a uns 3 clássicos e você sentirá quão você é importante;  
Entenda que as atitudes supra citadas não requerem um longo período, pois de imediato você verá os preços baixarem, notará que lhe proporcionarão uma qualidade de serviço bem melhor. Quanto aos demais itens, têm uma relação bem de perto com item abaixo:

- POLITICA: Neste item, o mais importante ao meu ver, é que você tem o maior trunfo e poder de resolução. Aqui é que se tem o meio de dizer, principalmente agora que estamos entrando em nova fase, na qual o nosso Presidente, e percebam: foi escolhido indiretamente por você, está nos levando para uma democracia, que a história quem faz somos nós e que, tem que ser como nós queremos e o povo é quem escolhe o melhor para si e que a sua vontade é que deve prevalecer e nós, é quem devemos governar nossos destinos.  Analisemos a atualidade, tomando como base os fatos que aí estão:

1.      O político solicita ingresso num partido, descobre que este não lhe levará poder e se exclui do mesmo.Tenta outro, este mais poderoso, onde é recusado, usa todos os meios para alcançar seu intento, nada alcança, então retorna ao primeiro. Este cidadão não saberá ser útil à sua Pátria, fora da política?

2.      “Há partidos que já cortaram e distribuíram o bolo”: fulano vai ser presidente da república, ciclano será o senador, berclano o governador do estado “x” e aquele outro será o deputado. Perceba leitor amigo, como estamos sendo menos prezados e como pensam que nos tornaram marionetes. “Nós é quem  somos os donos da festa, a nós compete cortar e dividir  o bolo. Não acham que é muita presunção deles? Lembrem-se que a nossa família é numerosa e que para a nossa festa do dia 15 eles é quem são os convidados, eles é que formam a minoria e que na nossa casa nós é quem abrimos as portas para eles penetrarem nos aposentados que nós permitirmos”.

3.      Tomou-se conhecimento que um parlamentar espancou o vigia de seu prédio, um homem que lhe dava segurança, extensiva a sua família, enquanto dormiam sossegadamente. Um outro atirou em um motorista de ônibus em função de um acidente corriqueiro. Ambos estão impunes e livres de serem processados. Existe maior absurdo do que este? Os homens que foram escolhidos para elaborar as leis para a nossa proteção e segurança, são os primeiros a nos incomodar, a inquietar e destruir nossos lares e destruir nossa paz, se é que existe alguma;

4.      No âmbito local, viu-se recentemente a cadeia de acontecimentos que lograram destaque na imprensa da Terra: Um vermelho propenso ao cargo mais importante do Estado, passar ao partido que anteriormente ele tanto combatera e pichará, e que por seus pares foi taxado de verme, de traidor e etc..., condicionou sua transferência partidária a desistência do cargo mais alto pela chefia de um Instituto do Estado, no nosso entender, simples ambição de poder e título; Outro que sempre se disse técnico assinou ficha de filiação de determinado partido, que pelo que se deduz é contrário aos interesses situacionais da união (será que um homem somente pela sua capacidade administrativa e talento não pode dirigir, sem que esteja envolvido com política?); Tomou-se conhecimento que o Gestor Municipal deve ser afastado do posto, pois sua ineficácia está prejudicando e não satisfaz os interesses eleitorais dos candidatos. Quer dizer: que se um outro fizer algo de beneficio à população, o que não será nenhum favor, está provado que se estamos na situação e condição atual é única e exclusivamente pelo menos caso e irresponsabilidade de nossos governantes. Em fim, poderia continuar citando e enumerando consideráveis realidades. Contudo, acredito que já se tem meios para perceber, que nossos candidatos e nossos representantes estão pensando realmente  é em alcançar ou manter as mordomias: Altos salários, carro com motorista e combustível para seus passeios de fim de semana, para as madames irem às feiras aos supermercados, as lojas, ao cabeleireiro e, levarem para depois buscarem os filhos aos colégios, escritórios com ar condicionados, secretária, impunidades para seus crimes e abusos, passagens aéreas para lá e para cá, tudo isso por nossa conta. Em contra partida eles estão se tornando fazendeiros, latifundiários e você cada vez mais pobre.
 Você não acredita que se a verba de toda essa mordomia, ou pelo menos parte dela, fosse aplicada na Educação ou na Previdência as coisas estariam melhor. Você já ouviu alguém do executivo ou legislativo apresentar ou opinar por esta medida para amenizar o problema daqueles dois Ministérios?
 Porém meus amigos a nossa hora de mostrar que tudo depende de nós é agora. Não escolha seu representante levando em consideração as paixões clubísticas, radialísticas, jornalísticas ou porque aquele candidato lhe fez uma bela e convincente promessa. Analise suas atuações, busque o concreto, proveitoso e positivo para sua comunidade e conclua que você não se beneficiou ou foi  beneficiado em nada (já percebeu como está a Mauriti, a Humaitá, os Conjunto Habitacionais e etc...), e eles em tudo. Estude o comportamento dos aspirantes e se você concluir que nenhum merece sua confiança, não escolha aquele é amigo do seu amigo, do seu vizinho ou mesmo seu. Se o escolhido tiver capacidade, condições morais, tudo bem, senão anule seu sufrágio, pois é a única maneira de dizer que nenhum serve e que você quer um brasileiro de verdade, autentico, patriota. Acreditamos que nem tudo está perdido e que seres daquele quilate ainda existem. Somos 120 milhões, não é possível que no seu Estado, no seu Município, não exista um cidadão que realmente esteja pensando no melhor para sua gente, para o seu torrão e que o seu bolso será interesse secundário e conseqüente de sua atuação e de serviço. Ainda há homens de boa vontade, com certeza.
  
Amigo leitor tenha em mente que a união de gravetos, o feixe, é inquebrável, que muitos são os gravetos e que poucas são as mãos para quebrá-lo. A união faz a força e, contra força não há resistência, você faz parte da maioria, você é povo e são uns poucos que estão lhe esmagando. Lembre-se ainda, que são poucos com muito e muitos com pouco, portanto se você deixar de usar o transporte coletivo, se você se abster de certos produtos, aquela minoria que você sustenta, alimenta, enriquece, e enche de conforto, vai perceber em poucos dias, penso não ser necessário nem uma semana, que você é quem é o mais importante o imprescindível e indispensável e não eles, e que em seus ramos de negocio você é quem diz de quanto tem que ser o preço do produto e que só existe comércio porque você existe, vive e é gente. Experimente!
                                                                                                                     Lúcio Reis.   


Nota do Autor: A carta a seguir tem o evidente teor do protesto aos homens públicos, que através de suas assessorias conseguem endereços e, com verbas do próprio cidadão disparam correspondências a esse próprio cidadão e eleitor com o único objetivo de arrebanhar simpatizantes que os mantenha e garantam a mamata nos poderes constituídos da República. E sequer se importam com a relevância da data que tentam dar de entender serem importantes para eles.

Belém, Pa, em 05 de abril de 1982.

Sr. Brabo de Carvalho.

Por um gesto de educação, esta tem o objetivo de se reportar a sua correspondência, postada em 29 de março p.p.
De inicio gostaria de lhe dizer: entendo que quando o CRISTO renasce no coração do homem, este resplandece: fraternidade, união, justiça, amor, doação, humildade, honestidade, desinteresse, trabalho e acima de tudo muita FÉ, pois tudo isso é a tônica de seu Testamento, o Evangelho.
Depois, faço-lhe as seguintes perguntas:
·  O ilustre deputado sabia que a PASCOA  existe há mais de 1982 anos e que eu moro aqui no Pará há mais de 25 anos?
·   Sabe V. Sa. o  verdadeiro significado do acontecimento?
·   Sabe que eu não o conheço, assim como através de noticiários conheço outros homens da política nacional e que não me lembro jamais em tempo algum ter recebido qualquer correspondência desse parlamentar?
 Declaro-lhe que seu cartão de FELIZ PASCOA causou-me surpresa, até certo ponto, pois logo depois verifiquei que estamos em 1982. Pelo fato se pode ter a resposta da segunda pergunta acima. É obvio que esse legislador não avalia o real valor da passagem, pois nem o custo físico ou material da remessa da correspondência lhe onerou em um níquel sequer, pois temos conhecimento que a taxação postal, serviços de impressão, secretariado, tudo lhes é dado grátis, portanto quem arca com essas despesas é o contribuinte brasileiro, onde me incluo eu. Logo não me acho induzido a uma retribuição do que foi escrito, apesar de que ela teria muito mais valor, pois posso lhe garantir que esta taxação postal, o envelope, o papel e a datilografia foram pagos pelo meu salário.
Nesta oportunidade, e para evitar outras correspondências, pois antes de novembro, ainda teremos Corpus Chritis, Círio e outras, devo lhe informar que sou eu mesmo quem faz minhas escolhas e tenha certeza saberei fazê-la muito bem. Não será por simples cartões que formarei a minha opção.
E para finalizar leia os dois conselhos abaixo:
·         1° - Mostre ao povo o que realmente de benéfico foi feito em prol dele. Indique os atos e os fatos que o deputado fez, durante sua legislatura em retribuição a confiança que o povo lhe dedicou e por certo não será necessário fazer campanha e nem remeter cartões, basta dizer ao povo que é candidato a reeleição ou a outro cargo e sem dúvida alguma se sairá muito bem;
·         2° - Não use as coisas de DEUS e de CRISTO, seu filho, tentando conquistar os seres, para disso usufruir
 Atenciosamente

F. Lucio Reis. 

PS: Salvo engano o politico acima, já foi a óbito.  


Belém, Pa em 01/11/2013

Gerente


Para não sair das manchetes ou deixar cair no esquecimento do inconsciente social, gente do PT apronta mais uma alopração, apesar de que nos era dado o entendimento que, com a condenação dos bandidos do mensalão o repertório estava esgotado. Ledo engano, ainda havia e por certo ainda há na manga um baralho e, mais cartas como a do gerente e sabe-se lá quantas mais nesse baralho de desmandos e ações contrarias ao bem senso, a ordem e ao respeito. 

A sociedade brasileira nessa última semana teve como prato esquisito, estranho e difícil de ser saboreado, mesmo que pelas bordas, pois de alta temperatura na culinária hoteleira e sem dúvida de sabor pior do que jiló, ante a contratação do mensaleiro petista, ex ministro de confiança especial do ex presidente Lula, o doutor e consultor, ex guerrilheiro, quadrilheiro e mensaleiro condenado na AP 470 sua excelência José Dirceu.

Em dialogo cordial com amigo que atua na área do direito e dizendo a ele achar estranho e muito esquisito a contratação de José Dirceu como gerente de hotel, cargo de confiança, com salário mensal de R$20 mil reais e assim, ter motivo para não ficar na cadeia durante o dia e, disse-me ele que o hotel é particular – e agora já sabemos a ligação de seus titulares com a política e com a situação governamental – e pode contratar quem quiser e sob as condições que lhe aprouver.

Obviamente que concordei e respeitei a opinião do meu amigo. Porém, contra argumentei com a seguinte consideração espelhando uma possível situação: mesmo sem estares necessitando, recebes em seu lar e domicílio, uma senhora solicitando emprego de doméstica com habilidade para cozinhar, lavar e passar roupa ou até mesmo ser babá de filhos ou netos e, ao apresentar suas referencias documentais, apresenta também licença judicial para esse labor durante o dia, pois está no estágio de presidiária no cumprimento de pena no regime semi aberto, em função de condenação por sequestro, latrocínio, corrupção ativa, formação de quadrilha e alguns outros art mais de códigos judiciais e então, você a colocaria tranquilamente dentro de seu lar e domicilio para, por exemplo, ser babá de um filho ou até mesmo neto? A resposta foi o silêncio. Ou concordou comigo ou me achou estúpido.
Ora, só não sabe quem não quer, que o brasileiro tem dó, peninha exarcebada de bandido, quando apanhado e que recebe lição da turba, desde que ele não mexa com o próprio ou alguém da família, pois aí ele se puder lincha e faz justiça com as próprias mãos, como vem ocorrendo sistematicamente em nosso País e, os casos de execução sumaria se reiteram toda semana e, nesta  que ora finda, vi aqui na trv Curuzú, bairro da Pedreira, a curiosidade da massa à ir olhar o corpo de mais um meliante com maravilhoso curriculum de criminalidade e gozando há uma semana de licença do presídio e assim, alguém o executou fazendo justiça com as próprias mãos.
As nossas autoridades a cada dia que passa empurram para  situações de extremas ações como reações de indignação da sociedade ante decisões tomadas sempre em beneficio do bandido e em prejuízo ou descaso com os direitos do cidadão de bem.
Há muito é pedido a redução da maioridade penal como ocorre em países desenvolvidos mas, o legislativo teima em não atender o anseio popular, pois para eles há seguranças, carros blindados e etc... custeados por todo o povo e, enquanto isso famílias seguem perdendo seus chefes ou algum membro para violência, sequestros relâmpagos sem controle algum, pois reiterados todos os dias.
Não há nação sem povo e nenhum hotel sobrexiste sem hospede. Os cidadãos de vergonha na cara que deliberarem em não mais se hospedarem no hotel em Brasília no qual o gerente é José Dirceu estarão dando significativa parcela de colaboração com o futuro desta Nação.

Lúcio Reis 


Nota do Autor:
DECEPÇÃO

Decepção, frustração, traição são os adjetivos que me conduziram há décadas a decisão baixo.
 
A seguir mostro aos que me derem o prazer da leitura os meus argumentos e que, com base neles decidi, pois lá atrás, década de 70, confiei na política e no político nacional e que, através das ações de interesse social e do bem comum, não seria utópico, acreditar numa construção de uma sociedade igualitária e na qual as desigualdades poderiam ter a diferença de um degrau na escada da ascensão social e o alcançar o patamar no qual a maioria olharia o mesmo horizonte do bem comum e, dentro desse panorama, votei, dei meu voto de credibilidade e a procuração a ser meu representante via mandado pela urna e, como mostra a história a diligência capotou, os cavalos os burros a jogaram no lamaçal da corrupção, da malversação do enriquecimento ilícito e, a miséria se ampliou e drasticamente em todos os sentidos do viver e, desta maneira apenas aumentou o fosso entre a base e o pico da pirâmide social.

Para não ser conivente e portanto cúmplice da bandidagem que tomou conta de nossos poderes republicanos, não delego procuração a mau caracter, pois se antes pousavam de anjos, hoje sabemos os capetas que o são e tarados por verbas do erário.

Por tudo isso: PREGO E VOTO NULO!
Belém, Pa, em 24 de Outubro de 1978.

Ilustre Deputado Jader Barbalho

Cordiais saudações,

Em primeiro plano quero apresentar-lhe minha gratidão pelo desejo de que os resultados dos exames, aos quais fui me submeter na Capital Paulista, fossem bons, conforme expressões suas em seu último telegrama a mim dirigido. Devo lhe comunicar que os mesmos não poderiam ser melhores, graças a Deus.

Bem, hoje culminei a leitura do seu livro “Guerras a Vencer”. A conclusão final que cheguei é a de que ratifica plenamente a minha escolha para o emprego do meu voto, o de meu cônjuge, de meus pais, outros parentes e até mesmo de alguns amigos, sobre os quais de certa forma se exerce pequena influência. Porém, quero nesta ocasião lhe confessar que o seu compêndio, foi a gota d’água que transbordou a confiança que depositamos em V. Sa., desde a época de sua candidatura à Câmara de Vereadores desta Capital, pois nossa escolha já estava feita, tendo em vista os seguintes os  fatores: 1° a crendice de que seremos e de que sempre fomos muito bem  representados pelo ilustre deputado, o qual conhecemos desde os idos tempos dos congressos da UESP, quando na qualidade de estudante era presidente do Grêmio do CEPC; 2° o eterno preito de gratidão, pelo desempenho e deferência do jovem parlamentar, junto aos órgãos do Exército, no que concerne a minha reforma; 3° a amizade do tempo de estudante e que foi consolidada ainda mais, quando V. Sa., se tornou nosso professor ou instrutor de Educação Física na antiga Escola Industrial de Belém, a atual Escola Técnica Federal do Pará.

Se me permiti gostaria de tomar mais um pouquinho de seu precioso tempo, para tecer, na qualidade de leigo, porém de cidadão, um pequeno comentário ou melhor expressar a ideia que tenho em relação aos ex-governantes: estadual e municipal deste Estado e desta Capital respectivamente:  

  • Achamos ou entendemos, que ambos ao se candidatarem ou ao aceitarem a atual concorrência ao Senado e a Câmara Federal, estão subestimando sobre maneira a boa fé do povo desta terra paraense. Baseamos nossa conclusão nos seguintes aspectos:

-          1° - No decorrer dos últimos quatro anos se verificou e se constatou o aumento assustador  dos índices de: marginalidade, criminalidade, de roubo, de acidentes de trânsito, de aumento de custo de vida, que se sente todos os meses quando se vai aos supermercados e as feiras; de falta de luz, de deficiência no fornecimento de água, de sujeira na cidade, em fim o povo e a Cidade, de certo modo ficaram “entregues a sua própria sorte”;

-          2° - Que infelizmente a camada menos esclarecida esta iludida com pretensos benefícios apresentados pelos ex-governadores, tais como: a avalanche de títulos de terras distribuídos, aumento dos proventos dos aposentados do estado, asfaltamento de determinadas artérias, inauguração da Rodovia Augusto Montenegro, construção e inauguração de Praças;

Nossas fontes de informação se baseiam nos órgãos de imprensa: escrita, principalmente jornal (O LIBERAL), falada e televisada.

Dias atrás assistindo pela TV uma entrevista dada pelo governador do Estado do Rio de Janeiro, ele se justificou de uma deficiência em um determinado setor governamental, o qual no momento me foge a memória, que a culpa era exclusiva do Secretário, que ocupava aquela pasta. Talvez os nossos ex-dirigentes façam o mesmo: atribuam os senões que citei no item 1° acima, aos seus mandatários, o que para nós não explica e nem justifica, de vez que eles foram escolhidos por aqueles governantes a quem em minha opinião, salvo melhor juízo, cabe a fiscalização de seus funcionamentos a contento ou não, pois o que não falta é alerta dado tanto pela imprensa como pelos deputados e vereadores desta Capital.

Por outro lado, o ex-detentor do poder executivo desta Unidade da Federação em entrevista dada a imprensa desta Metrópole, no afã de justificar uma distribuição de terras, feita a uma filha sua, declarou que o mérito era único e exclusivo do Secretário de Agricultura ou do dirigente do ITERPA, qualquer coisa assim. Como já lhe disse, ignoro certos fatores e não sei exatamente a quem compete tal procedimento. No entanto veja bem: quando foi para beneficio eleitoral os louros foram atribuídos ao candidato ao Senado, porém quando foi usado como arma para uma possível impugnação de candidatura, as "honrarias revertem em prol do Secretário".

Temos procurado até o momento uma explicação satisfatória para a inoperância dos órgãos ou setores essenciais de uma comunidade, tais como por exemplo: Luz, Água e Segurança, quer no trânsito de veículos, como no  de pedestres e, a do cidadão e não encontramos uma sequer, pois nem mesmo os diretores daqueles departamentos ou setores foram substituídos.

O que nos causa admiração é que se queira chamar Belém, de Grande Centro, ou de Grande Cidade, pois com a constante falta de luz, falta de água, sinais luminosos (semáforos) que não cumprem sua finalidade e que muitas das vezes são causadores de acidentes, por vezes fatais, inexistência de guardas de trânsito para orientar e não somente para multar, que é quando eles aparecem, só dá mesmo para cognominá-la de Cidade das Mangueiras, pois Grande Centro ela só possui mesmo o enorme número de assaltos, arrombamentos e roubos.

Lamentamos profundamente é que o povo não veja que se aqueles governantes não tivessem feito pelo menos o que eles apresentam como sendo um grande bem a sociedade, isto aqui seria uma calamidade um caos total. E o que é ainda mais de se lastimar é que este mesmo povo não compreenda que eles não fizeram nenhum favor, de vez que não se tratou de obras particulares, quero dizer não foram custeadas com verbas pessoais e sim, com numerário de origens diversas entre outras de impostos pagos pelo próprio povo.
Sabemos perfeitamente que V. Sa. Como ferrenho defensor dos interesses e bem estar deste povo tem pleno conhecimento de todos os fatos que citei na presente, os quais por si sós são um constante alerta. Todavia, pretendemos torna-lhe claro os argumentos que nos levam a confiar em V. Sa.  e no candidato que nos foi indicado. Não temos a pretensão de ensinar e nem tampouco de mostrar “Padre Nosso” a vigário.

Aproveitando o ensejo queremos nos redimir por ter-lhe tomado minutos valioso, com assuntos, que se nos permiti tratar-lhe assim: o amigo é profundo conhecedor, mas que há muito tempo sentimos o desejo de extravasar ou desabafar,  pois os mesmos nos provoca asco e ver tais disparates nos incomoda.

Nesta ocasião queremos lhe desejar um brilhante mandato que se avizinha e que o mesmo seja repleto de realizações e de felicidades.

Recomendações a digníssima família e aceite nossos votos de prosperidade, paz e muito sucesso.

 Um abraço.
Atenciosamente
F. Lúcio N Reis



Corruptos e condenados





Vestiu uma camisa listrada mas, não saiu por ai

Ao invés de caviar com torrada

Só pão dormido com chá

Pão de ló com creme nem pensar

Mordomias com erário nem imaginar

Se pensavas ir lá fora a grana gozar

No poder ficar, ficar e se perpetuar

A grana do pobre brasileiro pegar

Trouxe para ti o azar

O mensalão derrubou tua empáfia

E se tornou uma autofagia

Então veio a toga e derrubou tua máfia

Hoje o Brasil exulta e chora de alegria

A cidadania do bem festeja este dia

Joaquim Barbosa vimos, lutou sem esmorecer

Foi macho apoiado no seu direito saber

E disso tudo, quem quis pode ver

Colaborou para do Brasil mudar

A pecha de País da impunidade

Das leis e sua nulidade no aplicar

Com o achincalhe de nossa nacionalidade

Na celebração da República a maioridade

Desta Nação o inicio da responsabilidade

E no amanhã o raiar da esperança

Do poder estudar para cada criança

O reconstruir de outra era com forte crença

De que o Brasil é forte, grande e protegido

Por Deus imaginado e por Ele abençoado

E por isso sabemos ser Deus fraterno brasileiro

E assim nosso povo não será mais magoado

E viverá o amanhã com liberdade e por todos amado.

Lúcio Reis
Belém-Pará

15/11/13

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